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Redação

ANO XXXIX                   www.jornaldosmunicipios.go.to       •  HOME
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       O Dr. Ali Shariati nasceu em Marzinan,, um subúrbio, Irã. Completou seus estudos intermediários em Mashad. Durante a sua estada no Colégio de Instrução de Professor, fez contato com a juventude, da camada mais baixa da sociedade e experimentou a pobreza e a miséria que existia.
Com 18 anos de idade, principiou como professor. Após graduar-se no colégio em 1.960, graduou estudos na França, através de uma bolsa de estudos. O Dr. Shariati, recebeu doutorado em sociologia em l.964.
Quando retornou ao Irã, foi detido na fronteira e aprisionado sob o pretexto de ter participado em atividades políticas, na França. Libertado em 1965, ensinou novamente na Universidade de Mashad. Como sociólogo muçulmano, procurou explicar os problemas das sociedades Muçulmanas sob a luz dos princípios Islâmicos - explicando-os e discutindo-os com seus alunos. Ganhou popularidade entre os estudantes e as diferentes classes sociais do Irã. Pôr esta razão, o regime da época, acabou com os seus cursos na Universidade.

Foi transferido para Teerã, onde continuou sua brilhante e ativa carreira. Suas conferências no Instituto Religioso Houssein-e-Ershad atraíssem 6.000 alunos, que registraram-se nas suas aulas de verão, como também milhares de pessoas de diferentes níveis. A primeira edição do seu livro superou 60.000 cópias,as quais foram rapidamente vendidas - apesar das interferências destrutivas.
Pela segunda vez suportou a prisão pôr 18 meses, sob condições duras, importas pelo Império do Xá Pavlevi.

A pressão popular e os protestos internacionais obrigaram o regime a libertar o Dr. Ali Shariati em 20 de março de 1975. Contudo permaneceu sob estreita vigilância. Não podia publicar seus pensamentos, nem contatar os seus alunos. Sob tais condições repressoras, e de acordo com os ensinamentos do Alcorão Sagrado, e do Sunnah do Profeta Maomé ( a paz esteja com ele), compreendeu que deveria migrar para a Inglaterra. Em Londres, foi martirizado, três semanas mais tarde, em 19 de julho de l977.

O Dr. Shariati, estudou e conheceu muitas escolas de pensamentos filosóficos, teológicos e sociais com pontos com pontos de vista islâmicos. Poder-se-ia que foi um muçulmano Muhajir que levantou-se das profundezas do oceano do misticismo oriental, ascendeu às alturas das montanhas enormes das ciências sociais ocidentais, mas não foi subjugado, e retornou ao seu meio com todas as jóias de sua fantástica viagem.

Não foi um fanático reacionário que opôs-se a qualquer coisa nova sem nenhum conhecimento, nem foi um dos chamados intelectuais ocidentalizados que imitavam o Ocidente - sem julgamento independente. Consciente sobre as condições e as forças do seu tempo, iniciou sua revificação Islâmica com o esclarecimento das massas. Acreditava que se as sociedades tivessem fé verdadeira, se dedicaria totalmente e tornaria ativos os elementos Muhajid, os quais dariam - inclusive suas vidas - pêlos seus ideais. O Dr. Shariati lutou constantemente para criar valores humanitários na geração jovem, uma geração cujos valores tinham sido deformados com ajuda de diversos métodos; científicos e técnicos. Vigorosamente reintroduziu o Alcorão e a história Islâmica para a juventude, de maneira que pudessem encontrar suas próprias verdades em todas as suas dimensões humanas e lutarem contra todas as forças decadentes da sociedade.

O Dr. Shariati escreveu muitos livros. Em todos tentou apresentar uma pintura clara e genuína do Islamismo. Acreditava fortemente que se a geração nova e intelectual compreendesse a verdade desta fé, as tentativas para uma mudança social teriam sucesso.

Hipertexto de: DON ANTONIO MARAGNO LACERDA (Prêmio UNICEF 2001). Planejador do Estatuto da FAMBRAS, ( Federação das Ass. Muçulmanas no Brasil).

 

REFLEXÕES  SOBRE  OS  OPRIMIDOS
Dr. Ali SHARIATI*


Se eu confio em você, é porque desejo partilhar uma experiência pessoal. Isto interessa-me porque se relaciona com minha classe, comunidade, país e história.
Estou familiarizado com os pensamentos de povos instruídos. Meus predecessores, do passado remoto e que reapareceram na torrente da história, eram pessoas extremamente pobres. Eu, pessoalmente, estou relacionado co nobres, mas não àqueles cuja nobreza é produto de prata e ouro.

Estou profundamente interessado na herança humana e na civilização. Meu interesse principal tem recaído sempre nos trabalhos dos povos que habitaram a Terra, antes de nós.
Na Grécia, vi o templo de Delfo o qual emocionou-me pôr causa de sua beleza artística e perfeição. Em Roma, visitei o Museu de Artes, a arquitetura de templos e grandes palácios. No Extremo Oriente, na China e no Vietnã, existem montanhas que foram modeladas pôr mãos e cérebros humanos, em templos para deuses e seus representantes na terra ( os clérigos religiosos). Estes legados humanos são preciosos para mim !

No último verão, durante a minha visita à África, decidi ver as três Pirâmides do Egito. Pôr causa dos seus vastos arredores, este grande monumento da civilização ocupou meus pensamentos. Apressei-me para ver uma das sete maravilhas do mundo - as Pirâmides.

Sinceramente, comecei a ouvir as explicações do guia sobre a estrutura. Nós aprendemos que os escravos tinham, que trazer 800 milhões de blocos de pedras de Aswan para o Cairo, para construir seis Pirâmides e três Pirâmides pequenas. Oitocentos milhões de blocos de pedras foram trazidos para o Cairo de um lugar que distava 980 milhas, para construir um edifício onde os corpos mumificados dos Faraós seriam preservados.
Do lado de dentro, os túmulos são feitos de cinco blocos de mármore. Quatro dos blocos são usados para as paredes e um só é usado para o teto do túmulo. Para imaginar o diâmetro do peso dos blocos de mármore usados para o teto do túmulo, é suficiente visualizar que neste bloco, milhões de blocos de pedras foram empilhados um sobre o outro até que o topo da Pirâmide estivesse completo. Desde 5.000 anos atrás, o teto tem suportado esta carga.

Fiquei pasmado com este trabalho maravilhoso. Numa distância de trezentas a quatrocentas jardas, eu vi alguns blocos de pedras espalhados.. "O que são ? "- Perguntei ao guia.Ele disse: "Nada. Somente alguns blocos de pedras". Dos 30.000 escravos que trouxeram os pesados blocos de pedras de centenas de milhas, numa base diária, centenas deles foram esmagados sob as pesadas cargas.

O lugar sobre o que eu perguntei é onde eles foram enterrados. Eles eram tão insignificantes no sistema de escravidão, que centenas deles foram enterrados coletivamente numa vala. Aqueles que sobreviveram tinham de carregar as pesadas cargas. Eu disse ao guia que gostaria de ver os escravos que foram esmagados. O guia exclamou, "Não há nada para ver !" Ele apontou para os túmulos dos escravos que foram enterrados perto das Pirâmides pôr ordem dos Faraós; isto foi feito de maneira que suas almas pudessem ser tratadas como escravas assim como eram seus corpos.

Pedi ao guia para deixar-me sozinho. Então fui àqueles túmulos e sentei-me, sentindo-me muito ligado àquelas pessoas enterradas nas valas. Era como se fôssemos da mesma raça. E' verdade que cada um de nós vem de diferentes áreas geográficas, mas estas diferenças são incoerentes quando vistas como uma base para dividir a humanidade. Pôr causa deste fenômeno levantaram-se os fenômenos de estranhos e parentes.

Eu não estava envolvido neste sistema de classificação e divisão racial; consequentemente, eu nada tinha senão sentimentos calorosos e simpatia pôr estas almas oprimidas. Olhei de volta para as Pirâmides e compreendi que apesar de serem magníficas, eram estranhas e distantes de mim ! Em outras palavras, senti ódio pêlos grandes monumentos da civilização que através da história foram erguidos sobre os ossos dos meus predecessores! Meus predecessores também construíram as grandes muralhas da China ! Aqueles que não puderam carregar as cargas, foram esmagados sob as pesadas pedras e colocados nas paredes junto com as pedras. Assim foi como os grandes monumentos da civilização foram construídos - ao custo da carne e do sangue dos meus predecessores !

Vi a civilização como uma maldição ! Senti um ódio incandescente pêlos milhares de anos de opressão contra meus predecessores. Compreendi que os sentimentos de todas aquelas pessoas enterradas juntas nas valas foram uma vez, iguais aos meus. Retornei de minha visita e escrevi uma carta a um deles, descrevendo o que tinha transpirado nos cinco mil anos passados. Ele não viveu naqueles milhares de anos, mas a escravidão existia de uma forma ou de outra.

 

ESCREVI A ELE:


Eles nos empurraram para lutar com pessoas que nós não conhecíamos e nem elas nos conheciam. Nós fomos compelidos a matar pessoas que nós não desprezávamos. Algumas eram de nossa própria classe, raça e destino. Pôr muito tempo, nossos velhos e desesperados pais mantiveram-se na procura de um modo para contar-nos, mas seus olhos examinadores nunca obtiveram uma resposta.
De acordo com um pensador, estas lutas eram como guerras entre dois partidos que não se conheciam mas estavam lutando em nome daqueles que se conheciam bem !! Eles nos forçaram a lutar, a massacrar e ser massacrados. nossos pais e mães assim como nossas propriedades arruinadas, sofreram a perda. Se a vitória fosse conquistada, eram outros que desfrutavam seus prêmios - não nós.

Meu amigo, depois que você morreu, uma grande mudança ocorreu. Os Faraós e os grandes poderes da história alteraram suas opiniões. Isto fez-nos felizes. Anteriormente, eles acreditavam que suas almas eram eternas; consequentemente, eles acreditavam que se o corpo fosse preservado, a alma manteria um relacionamento com o corpo. Pôr causa disto, eles nos fizeram construir aqueles enormes, ainda que cruéis, edifícios.
Contudo, agora eles tornaram-se mais sábios. Eles não pensam mais na morte. Nós temos uma grande notícia ! Eles desistiram daquelas velhas crenças. Nós estamos desobrigados de transportar 800 milhões de blocos de pedras de uma distância de centenas de milhas para construir túmulos.

Meu amigo, infelizmente, esta "boa notícia"provou ter vida curta ! Depois que você morreu, eles novamente entraram em nossos campos para capturar-nos como operários. Novamente, temos de carregar cargas, mas não para os túmulos deles; eles não mais se importam com eles. Agora, é para seus palácios - grandes palácios ao lado dos quais nossa geração está enterrada!

Nós vivíamos em desespero, mas, mais uma vez uma centelha de esperança pela sobrevivência apareceu. Grandes profetas surgiram: Zoroastro, Buda o grande, e Confúcio o filósofo. Um portão para a salvação foi aberto. Os "deuses" enviaram suas mensagens para salvar-nos da desgraça e da escravidão; a adoração tomou o lugar da crueldade. Infelizmente, tivemos má sorte. Os profetas, que deixaram suas casas proféticas para trás, e negligenciaram-nos - provinham dos palácios.

Nós tínhamos uma forte fé em Confúcio, o filósofo., porque ele se dirigia à questão do homem e da comunidade.. Contudo, ele também tornou-se um amigo dos príncipes. Buda, que era príncipe, também nos deserdou. Ele voltou-se para si mesmo, para encontrar o estado de "Nirvana", mas não sabemos onde é este estado. Buda desenvolveu muitas regras grandes e ascéticas. Quanto a Zoroastro, ele iniciou sua missão em Azerbaijão, Irã.

Desdenhando nossos lamentos e cicatrizes pelas chicotadas impostas nos nossos corpos pêlos nossos patrões, ele continuou até Balkh e então foi para a corte de Kashtasib, que era rei naquele tempo.
Meu amigo, você foi sacrificado pêlos túmulos, enquanto que nós fomos sacrificados pêlos palácios !
Repentinamente, além dos Faraós e de outros que nos usavam como seus escravos, apareceram aqueles que alegaram ser os sucessores dos profetas e professores espirituais profissionais.

Da Palestina ao Egito, do Egito à China e através de todas as partes da terra onde havia civilizações, nós tivemos de carregar as cargas de pedras para construir templos, palácios e túmulos. Mais uma vez em nome da da caridade, os representantes dos "deuses" e os sucessores dos profetas começaram a saquear-nos. Mais uma vez, em nome da guerra santa, nós fomos empurrados para os campos de batalha. Nós tivemos que sacrificar nossas crianças inocentes pêlos "deuses", templos e ídolos.

Meu amigo, pôr milhares de anos, nosso destino tornou-se pior que o seu. Três quintos da riqueza do Irã foi para os Mobedans ( velhos clérigos persas) em nome dos deuses. Nós nos tornamos seus servos e escravos. Quatro quintos das riquezas da França foi-nos tirada pelo clérigos de Deus. Os clérigos do Faraó e os professores espirituais das religiões sempre tiveram sucesso.

Meu amigo, eu estou vivendo milhares de anos depois de você. Testemunhando todos os sofrimentos dos meus amigos, eu comecei a sentir que os "deuses" odiavam os escravos. A religião parecia reforçar o sistema de escravidão. Mesmo pessoas mais inteligentes que nós, como Aristóteles, teorizavam que,pôr natureza, algumas pessoas nasciam para serem escravas e outras para serem administradoras. Eu comecei as acreditar que eu nasci e fui destinado à escravidão.

No meio de toda esta desesperança, eu aprendi que um homem havia descido das montanhas dizendo: "Eu fui autorizado pôr Deus". Eu tremi ao pensar que isso provavelmente envolveria uma nova decepção ou um novo método de crueldade. Ele disse, "Eu fui autorizado pôr Deus, o qual prometeu ter compaixão pêlos escravos e pôr aqueles que são fracos na terra." Surpresa ! Eu não podia acreditar nisso. Como poderia ser verdade? Deus estava falando com os escravos, dando-lhes boas notícias de serem salvos, prósperos e herdeiros da Terra.

Eu tinha dúvidas, achando que ele era também como aqueles profetas da China, da Índia, etc. Seu nome era Maomé, e foi-me dito que ele era órfão, que era um pastor, atrás daquelas montanhas. Fiquei muito surpreso. Pôr que Deus escolheu seu profeta dentre pastores? Fui também informado que seus predecessores foram profetas; todos foram escolhidos dentre pastores. Ele foi o último da série. Com alegria e espanto, fiquei sem fala e trêmulo. Escolheu Deus Seu profeta dentre a nossa classe ?

Eu comecei a segui-lo porque vi meus amigos ao redor dele. Alguns daqueles que tornaram-se líderes dos seus seguidores foram: Bilal, um escravo e filho de um escravo cujos pais eram da Abissínia; Salman, uma pessoa sem casa,da Pérsia, tido como escravo; Abu-Zar, o companheiro pobre e anônimo do deserto, e finalmente Salim, o escravo da esposa Khudaifa e um insignificante forasteiro negro.

Eu acreditei no profeta Maomé, uma vez que seu palácio nada mais era senão algumas salas construídas de barro. Ele estava entre os trabalhadores que carregaram as cargas e construíram as salas. Sua corte era feita de madeira e de folhas de palmeira. Isto era tudo o que ele tinha. Este era seu palácio.

Eu fugi da Pérsia e do sistema do governo dos Mobedans que nos empurraram como escravos para a guerra, para proteger o poder e o governo deles, dos inimigos.. Eu fugi e vim para o país do Profeta para viver com os escravos, os desabrigados, os desesperados, e com ele. Mas quando ele morreu, "suas pálpebras sob o peso da morte, encobriram o nosso sol brilhante". Uma vez mais a situação começou a deteriorar.

Meu amigo, novamente em nome dele, templos magníficos levantaram-se em direção ao céu. Espadas gravadas com os versos do do Alcorão sobre a guerra santa foram apontadas para nós. Seus representantes entraram em nossas casas e tomaram nossos jovens como escravos para os comandantes de suas tribos. Venderam nossas mães em mercados distantes. Mataram nossos homens em nome da luta para o caminho de Deus, e saquearam nossos pertences em nome da caridade.

Desesperado, eu não podia fazer nada ! Um poder tomou posse o qual, com uma aparência de monoteísmo, escondia realmente seus ídolos nos palácios de adoração de Deus ! Chamas traiçoeiras ( uma chama ficou sagrada na Pérsia pré-islâmica) estavam incandescentes. Em nome da você-gerência de Deus e do direito de sucessão dos profetas, as faces dos Faraós e daqueles falsos santos juntaram-se. Eles começaram a afligir-nos em nome da lei. Mais uma vez, era o jugo da escravidão ao redor do nosso pescoços - o que promoveu a construção da Grande Mesquita de Damasco. E a ratificação das mil e uma noites de Bagdá, foram todos feitos ao custo de nosso sangue e vidas; mas, desta vez era exercido em nome de Deus ! Achamos que não havia jeito para a salvação. A escravidão e o sacrifício eram nossos destinos imutáveis !

Quem foi aquele homem chamado Maomé? Sua missão foi fraudulenta ? Ou estamos nós e ele (o Profeta) sendo sacrificados no sistema - um sistema no qual estamos decaindo para prisões; testemunhando o saqueamento e a destruição de nossas possessões e famílias,e sendo massacrados?

Não sei para onde ir ! Para onde deveria ir? Deveria ir aos Mobedans (clérigos da Pérsia)? Como poderia retornar daqueles templos que foram construídos para escravizar-me? Deveria juntar-me àqueles que clamam serem exemplos de nossa liberdade nacional, mas na essência, estão tentando obter seus privilégios desumanos do passado? As mesquitas não são melhores que aqueles templos !

Eu vi as espadas que foram gravadas com os versos sobre a guerra santa. Vi os lugares para adoração. Vi aqueles que oraram. Vi as faces santificadas que falaram em nome da liderança espiritual, dos Califas, e da preservação das tradições do Profeta. Contudo, coletivamente, eles nos conduziram a ESCRAVIDÃO ! Eles, muito antes do meu tempo, passaram alguém no fio da espada em uma mesquita. Era Ali, o genro daquele homem de Deus ( o Profeta Maomé). Ali foi morto em um lugar onde Deus era adorado. Ele antes de mim, e sua família, muito antes da minha, foram, como escravos sofridos da história; todos destruídos. Em nome da "caridade", sua casa sua casa foi saqueada , antes das nossas. O Alcorão, antes que fosse usado como um instrumento para roubar e explorar-nos, foi levantado sobre as espadas para derrotar Ali.

Que estranho ! Cinco mil anos mais tarde, eu encontrei um homem que falava de Deus, não para os patrões, mas para os escravos. Ele não orava para alcançar o "Nirvana", nem para enganar o povo, nem para unir-se com Deus ( como os persas). Ele orava pela felicidade e prosperidade da humanidade. Eu encontrei um homem para o mundo inteiro. Ele era um homem de justiça, que era suficientemente forte e disciplinado para fazer do seu irmão mais velho, seu assunto principal. Encontrei um homem cujos filhos foram os herdeiros da bandeira a qual através da história pertenceu à nossa classe.

Meu amigo, procurei refúgio nesta casa que é construída de barro, devido aos meus receios dos templos, palácios pomposos, que você conhece e que foi sacrificado pêlos poderes terríveis. Os companheiros do Profeta estão ocupados. A casa está vazia.. Sua esposa está morrendo enquanto ele está no jardim de Bani Najjar, trabalhando e dizendo a Deus tudo sobre a nossa miséria, Temendo os terríveis templos, palácios e tesouros que foram acumulados através do nosso trabalho e nosso sangue, me refugiei nesta casa para lamentar os sacrifícios que foram feitos !

Meu amigo,todos aqueles que permaneceram leais a Ali, pertencem `a nossa classe sofredora. Ele não principiou seus sermões bonitos ( gravados em Nadjul-Balagha) para pedir desculpas pôr nossa privação, nem pêlos excessos daqueles que procuram o poder. Eles foram preparados para nos educar e nos salvar. Ele não desembainhou sua espada para defender-se a si, sua família,sua raça,nem para defender-se a si, sua família, sua raça, nem para defender os grandes poderes. Isto foi feito para resgatar-nos de todos os dramas.

. Ele pensa melhor do que Sócrates, não como este pôr demonstrar virtudes morais das classes nobres, nas quais os escravos, não compartilham, mas pôr causa dos valores que nos possuímos. Ele não foi herdeiro dos Faraós, nem de nenhuma classe similar. Simbolizou pensamentos e considerações, não em bibliotecas, escolas e centros acadêmicos fechados - como aqueles que adquirem conhecimentos, para viver no mundo da teoria - enquanto permanecem indiferentes às classes sofredoras. Seus pensamentos voam alto e longe. Simultaneamente, seus pensamentos abstratos e seu coração são transformados em simpatia pela tristeza na face de um órfão. Concorrentemente, porque ele percebe a grandeza de Deus, enquanto reza ele não presta atenção a qualquer sofrimento infringido em seu corpo pôr um punhal.

Contudo, pôr causa da opressão, de uma mulher judia, ele grita,: "se uma pessoa morre pôr causa dessa desgraça, ela não deveria ser culpada". Tem excelente habilidade para expressar-se - mas nunca na maneira de alguém como Shahnama (poeta que louvou os reis); que não fez nenhuma menção `a nossa classe exeto uma vez, em todos os seus 60.000 versos.

Meu amigo, neste tempo e nesta comunidade, nós precisamos dele desesperadamente. Ele é diferente dos pensadores, dos filósofos e de outros homens sem ação e luta, ou ação sem pensamentos, sabedoria, e piedade. Se imaginamos alguém ao lado dele, tendo todas estas qualidades, ainda assim, não possuirá o mesmo a ternura de sentimento, o amor e espírito puro. Possivelmente até perderá a forte Fé em Deus. Mas Ali, é um homem cuja essência é prolongada através de todas as dimensões humanitárias.
Como você e eu, ele trabalha como um operário. As mesmas mãos que registraram linhas gloriosas da orientação divina desaparecem no solo, cultivando ou fertilizando as terras salgadas. Ele não trabalha para ninguém ! Enquanto faz com que a água jorre do chão, sua família olha para seu trabalho com alegria. Antes que a família descanse, ele declara, ,"boas notícias para meus herdeiros que não terão nem mesmo uma gota desta água para beber". Meu amigo, ele faz disto uma caridade para você e para mim.

Nós precisamos de lideranças com este pensamento. As civilizações, o sistema de globalização, as religiões, os partidos, transformaram seres humanos feitos em série, zumbis, em animais interessados somente no lucro financeiro, ou veneradores egoísta e insensíveis. Homens mutantes para baixo, que perderam os sentimentos, o amor e inspiração. Despidos de Sabedoria, Conhecimento e lógica. Despidos de qualquer respeito aos símbolos pátrios, ou cultos aos heróis do passado.

Mas o pensamento de Ali combina todas estas dimensões. Ali é um Líder porque forma lideres, nos trabalhadores que sofrem, que recolhem os restos da sociedade impiedosa de consumo, vassala da Mídia Louca, e do Império dos Palácios. Que puxam a corrocinha de entulhos da Sociedade Industrializada (Vide poema de DON ANTONIO MARAGNO DE LACERDA " "Carrocinha de Radichio"- http://www.jornaldosmunicipios.jor.br

O seu pensamento é o poder expressivo que luta pela verdadeira preservação da Natureza - sem partidarismo. Sem hipocrisia.A sinceridade, a lealdade, a paciência, a firmeza, e os conceitos de revolução com direitos humanos e Justiça - foram os principais fundamentos de suas mensagens diárias às massas anônimas.

Meu amigo, eu vivo em uma sociedade onde encaro um sistema que controla metade do planeta - talvez todo ele. E a estratosfera, também. A Humanidade está sendo guiada para uma nova fortaleza de escravidão. Embora não tenhamos escravidão física - nós estamos verdadeiramente destinados a uma sorte pior que a sua ! Nossos pensamentos, corações, direito de-ir-e-vir estão escravizados. Em nome da sociologia, educação, arte, liberdade social,liberdade financeira,ecologia,disneylandia, (feminismo, lesbos, liberalismo, igualitarísmo, radicalismo, corporações, finanças), Ongs - fé em objetivos - nossa fé em responsabilidades humanitárias e crença em escola de pensamento de alguém - são completamente tirados de dentro de nossos corações. E' esta a psico- política do mal. O SISTEMA CONVERTEU-NOS EM POTES VAZIOS OS QUAIS SE ACOMODAM COM TUDO QUE É DESPEJADO DENTRO DELE !!

Agora nós suportamos divisões, de sangue, terra, terra de nossa terra, nossa geografia, suportamos estas divisões de maneira que cada um de nós somos facilmente tomados a serviços. E'o embuste de todos os embustes.
Os seguidores da escola de pensamento puro, são empurrados para lutarem um contra os outros.Para fazerem casamentos de misturas raciais esquisitas com o fito de obterem um molde único de escravo. E numera-los. pôr que, sob uma influência GLOBAL eles deveriam considerar-se como inimigos? Como cobaias?

Um deixa suas mãos abertas em oração, enquanto o outro as entrelaça.
Um prostra-se em peça de barro, enquanto outro em um tapete.

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* Doutor ALI SHARIATI, doutorado em Sociologia e história islâmica pela Universidade de Sorbonne, França. Professor da Universidade de Mash-had, Irã.


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