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2.3- TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS PARA O EXTERIOR: A CONSTITUIÇÃO DE POUPANÇA PÚBLICA E O AGRAVAMENTO DO ENDIVIDAMENTO INTERNO.

Existem dois conceitos que são utilizados por Paulo Nogueira Batistae por Octávio de Barros para definir as transferências de recursos para o exterior:

1°)do ponto de vista das contas externas: o conceito refere-se à remessa de divisas associadas à diferença entre a renda líquida enviada ao exterior e a entrada líquida de capitais, ou à diferença entre a transferência de recursos reais e a variação das reservas internacionais. Este conceito é conhecido como transferência de recursos financeiros (trf).

2°)Do ponto de vista macroeconômico: o conceito refere-se à diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) e a absorção doméstica agregada,ou seja, a diferença entre as exportações e as importações. Este conceito é conhecido como transferência de recursos reais (trr).

De acordo com Paulo Nogueira Batista a seguinte expressão é obtida da identidade básica do Balanço de Pagamento:

J - K = X - M - D X

onde:

J = Renda líquida enviada ao exterior sob forma de pagamentos líquidos de juros, lucros, dividendos e outros serviços fatores;

K = ingresso líquido de capitais estrangeiros sob forma de empréstimos e investimentos diretos;

X = exportações de bens e serviços não-fatores;

Y = importações de bens e serviços não-fatores;

R = reservas internacionais.

Por causa disto, a transferência de recursos financeiros se traduz na diferença entre a transferência de recursos reais e a variação das reservas (trf = trr - D R). Portanto, quando ocorre acumulação de reservas, a trr é superior a trf, e quando há perda de reservas, a trf é superior a trr.

TABELA 18

Transferências reais e renda líquida enviada ao exterior (em % do PIB) 1978-1989

Ano

Transf. De recursos financeiros

Transf. de recursos reais

1978

-3,5

-1,2

1979

-1,1

-2,0

1980

-1,0

-2,2

1981

-0,6

-0,4

1982

0,6

-0,7

1983

2,1

2,4

1984

2,1

5,6

1985

5,2

5,1

1986

4,2

2,4

1987

3,3

3,6

1988

5,5

6,1

1989

4,6

4,4*

Fonte: IBGE, Contas Nacionais,Boletins BACEN.

Extraído: BARROS, Octávio de. O ajustamento externo dos anos 80 diante das principais transformações em curso no cenário mundial: do ajustamento passivo aos limites de um "catching-up" da indústria brasileira. IN SANTOS FILHO, Milton (Org.) Instabilidade econômica: moeda e finanças. São Paulo, 1993. Ed. HUCITEC.PP.144.

* dados preliminares.

 

No Brasil observa-se que a transferência de recursos reais ao exterior foi negativa de 1978 até 1982 (ano em que se deu a crise da dívida externa), mas a partir de 1983, tanto a trr quanto a trf foram positivas. Em 1980 a trr era de -2,2% do PIB, em 1982 passou para -0,7%, em 1983 subiu para 2,4%, chegando a atingir 5,6% em 1984 (ver tabela 18).

A transferência de recursos para o exterior se comportou dessa maneira, (passando de negativa na década de setenta, para positiva na década de oitenta), justamente por causa da elevação do serviço da dívida externa adicionada à ruptura dos recursos provenientes do exterior, significando que o país, que antes conseguia um montante de recursos externos bem superior ao montante de renda enviada ao exterior, passa a enviar ao exterior mais do que ele recebe por meio de empréstimos e investimentos diretos.

 





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CAPÍTULO 2 - A CRISE DOS ANOS 80

2.1 - Introdução

2.2 - A Crise do Endividamento Externo

2.3 - Transferência de Recursos para o Exterior: A Contituição de Poupança Pública e o Agravamento do Endividamento Externo

2.3.1 - A Constituição de Poupança Pública e o Agravamento do Endividamento Interno

2.4 - Conclusão




| CAPA |
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| CAPÍTULO 2 | | CAPÍTULO 3 | | CONCLUSÃO GERAL | | BIBLIOGRAFIA |