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Redação

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Pêssankas,
Símbolo da união ucrâniana no Brasil
Barvinok -
A flôr que sobreviveu no Brasil
Vilson José Kotviski

 

       Por volta do ano 1900, os ucranianos que viviam na região da Galícia e Bucovina estavam sobre domínio Austro-húngaro, vivendo sobre profunda opressão e miséria. Já não viam como se livrar dos fardos dos opressores, as tentativas da soberania ucraniana não obtiveram êxito, e a Ucrânia era uma terra cobiçada, sendo logo anteriormente dominada por poloneses e russos, e o povo ruteno*, cada vez mais martirizado.
Surge então a possibilidade da imigração, sendo espalhados cartazes dizendo que o Brasil era uma terra de fartura e felicidade. Para aquele povo judiado, foi como uma benção poder sair daquela situação deplorável e tentar nova sorte em uma "terra de fartura", como foi dito.

Saíam com dor no coração por deixar a amada e sofrida Ucrânia, terra de seus ancestrais, era certo que não poderiam mais retornar, essa era uma viagem somente de ida. Mas ao mesmo tempo vinham com esperanças de poderem ver seus filhos viverem em lugar melhor, onde a liberdade não seria apenas um sonho distante, mas sim realidade.
Chegando ao Brasil, depararam com uma terra estranha, com plantas diferentes, língua, gente, costumes... nada se parecia com a Ucrânia. E este seria o lugar onde iriam passar o resto de suas vidas... Como exemplo da situação enfrentada, citamos a situação de Petró Jaskiu, que chegou com a família para morar no Brasil. O mesmo foi conduzido ao que seria sua terra, conforme o governo brasileiro havia prometido.
Tinha pouca bagagem, um baú com poucas roupas, alguns livros religiosos e ainda algumas ferramentas para o trabalho no campo, o qual era sua fonte de subsistência na Ucrânia e que também seria no Brasil. Ao chegarem ao lugar onde seria a sua morada dali para a frente, um simples capão de mato fechado, sem benfeitoria nenhuma, se emocionaram, pois ali poderiam ser livres e dar um futuro melhor para os seus filhos.

Para se ter noção real da precariedade da situação que enfrentaram, para poderem entrar no terreno, tinham que iniciar a desmatar, e para poderem passar a noite, montaram uma rústica cabana, encostada à um barranco, mas mesmo assim agradeciam a Deus por poderem estar livres da opressão dos inimigos e ainda rezavam pelos irmãos que ainda sofriam na Ucrânia.

O governo brasileiro que havia prometido "mundos e fundos" aos imigrantes, os deixou com um pedaço de chão num lugar inóspito, e dois sacos, um contendo milho e no outro feijão. Sendo que o saco de feijão foi jogado fora pela maioria, já que esses imigrantes não conheciam o mesmo, e não sabiam como prepará-lo. Para se alimentarem, moíam o milho em pedras e o transformavam numa quirera, para cozinhar. Esta foi a alimentação que tinham nos primeiros tempos. Posteriormente, iniciaram a cultivar o solo, além de utilizarem animais e peixes.

Assim iniciou-se a dura vida desses pioneiros, sonhadores, que deixavam com dor no coração a amada Ucrânia. E logo que conseguiram se estabelecer materialmente, sentiram impulso de construir uma igreja como as que conheciam

na Ucrânia, e também trazer padres que falassem a sua língua. Com a formação de grupos voluntários, foram sendo erigidas as igrejas em madeira, verdadeiras obras de arte para os dias atuais.
Tudo de acordo com o que eles conheciam na Ucrânia: com cúpulas, com iconostás, de quatro lados, com o altar voltado para o leste, enfim, tinham todas as características das igrejas ucranianas da região da Galícia Oriental. A partir destes templos começou-se novamente a vida da cultura ucraniana, essas pessoas agora se sentiam felizes, pois viviam uma vida semelhante à que tinham na Ucrânia, conseguiram construir suas casas, e a sua Igreja, e também falavam a língua de sua terra natal.

A motivação que a liberdade lhes causava era tanta, que acabavam superando e esquecendo das dificuldades pela falta de recursos. Eram segundo suas concepções, abençoados por ser livres, e poderem viver segundo seus costumes e suas tradições, trazidos da saudosa Ucrânia.

O que entristecia esses sonhadores, era o fato de seus irmãos ucranianos continuarem sofrendo nas mãos dos invasores inimigos, rezavam para que os que ficaram tivessem melhor sorte do que até então.
Depois dos tempos difíceis do início da colonização, iniciou-se um processo de resgate espontâneo dos costumes, da culinária, do artesanato, enfim, de toda a cultura ucraniana. A língua, sempre se manteve, até os dias atuais, passando-se quatro gerações de ucranianos no Brasil, as pessoas mais antigas têm maior facilidade em falar ucraniano, do que o português.

Outro ponto que ajudou a se intensificar os movimentos de preservação da cultura, foi a formação de clubes, associações e bibliotecas, e até escolas ucranianas. Na verdade, esse imigrantes eram visionários, um povo muito culto, pois sabiam muito bem que era através da educação que poderiam dar um futuro melhor aos seus filhos, em discursos antigos (escritos em ucraniano), percebe-se a consciência perante à educação, quando falavam: "deixamos nossa amada Ucrânia, para darmos um futuro melhor aos nosso filhos, não podemos deixar que eles vivam na ignorância".

Toda essa imensa bagagem cultural floresceu, impulsionada pela liberdade que existia no Brasil, todas as colônias onde se estabeleceram os imigrantes rutenos construíram igrejas, trouxeram padres, e viviam de acordo com a cosmovisão ucraniana. Isso pode ser demostrado pelas distâncias que separam cada uma das comunidades e o tempo que levaram para construir suas igrejas. Este foi o primeiro impulso que cada colônia teve: construir uma igreja ucraniana.

Falando agora na vida das famílias, as crianças aprendiam a falar o ucraniano quando pequenas, o português, somente depois quando freqüentavam as escolas. As famílias eram numerosas, moravam em casas de madeira. Todas as casas dispunham de um jardim, cultivado pelas mulheres, que trouxeram muitas sementes de flores da Ucrânia, além das nativas brasileiras.

Alguns imigrantes também trouxeram algumas sementes de plantas que cultivavam para alimentação, como a papoula, o trigo, retchka, hrip, hrin, e as mesmas eram multiplicadas e distribuídas entre os colonos. Assim iniciaram a produzir os pratos típicos da Ucrânia, como o varêneke, holoupsti, cutiá, borch, e muitos outros. Os homens trabalhavam duro, no cultivo da terra, no beneficiamento das madeiras, e até na criação de animais, enquanto que as mulheres ocupavam seu tempo com as tarefas caseiras, além de iniciarem à recuperar tradições ucranianas, como os bordados típicos, e as pêssankas.

Assim a história da imigração ucraniana no Brasil evoluiu até os dias de hoje. Sempre mantendo a consciência de que somos ucranianos, mesmo que já pertençamos à quarta geração no Brasil. As colônias continuaram se desenvolvendo, criaram e mantiveram clubes, associações, grupos folclóricos, corais, bibliotecas, museus, enfim, demostraram que são descendentes de uma história milenar, de um país que tem uma flor que caracteriza a índole desse povo, a flor Barvinok, que mesmo na pior adversidade, soterrada pela neve, resiste e volta sempre. Assim é o povo ucraniano, que sempre ergueu novamente a cabeça, quando o inimigo achava tê-lo destruído.

Os imigrantes ucranianos demostraram muito bem isso, se mantendo firme como povo em países distantes, como o Brasil, Argentina, Austrália, Canadá, Estados Unidos. O que une essas pessoas é a semelhança como agiram em prol da cultura. Alguns, como o caso do Canadá e dos Estados Unidos, deixaram afrouxar mais os laços culturais, pois encontraram menos dificuldades para se estabelecerem. Já no Brasil, a grande falta de recursos fez com que esses sonhadores se "abraçassem" em prol da melhoria das condições para todos.

Um caso interessante é em questão da língua ucraniana na comunidade ucraniana no Brasil, ela é idêntica à que fala no sul da Ucrânia, conforme relatos de ucranianos que nos visitam regularmente. Isso demonstra que mesmo estando longe, a língua se manteve conforme na Ucrânia.

O ruteno é um povo que tem uma série de simbolismos, como no fato de manter as pêssankas, arte milenar ucraniana. Este foi um dos legados deixados pelos pioneiros, mas que hoje significa muito mais, é um símbolo de longevidade para a comunidade ucraniana no Brasil e também para uma Ucrânia livre e independente.

União da Vitória - PR

           Colônia fundada pelos pioneiros imigrantes ucranianos, vindos da província da Galícia Oriental, hoje pertencente ao município de Porto União-SC. Após se estabelecerem, desbravando os matagáis que seriam seus lares a partir da chegada ao Brasil, devido à grande religiosidade e consciência de manter sua cultura, esses pioneiros trataram logo de construir a sua igreja.

           Esta Igreja foi fundada pelos imigrantes ucranianos que se estabeleceram em União da Vitória-PR e Porto União-SC. É um núcleo de preservação e difusão da cultura e tradição ucraniana, representada através do rito, língua, canto, culinária, enfim, são diversos fatores que reunidos, fizeram com que até hoje o povo se mantivesse unido em torno da preservação de sua identidade ucraniana.

• Nota do "Jornal dos Municípios" (Antonio Maragno Lacerda-Diretor):

O povo ucraniano, ou ruteno, de Rush-de-Kiev, possui língua e costumes distintos de todos os países vizinhos.
Hoje, a Ucrânia, com 50 milhões de habitantes, possui uma indústria e agropecuária em franco desenvolvimento.
Pelas suas saídas aos mares, e geopolítica voltada ao progresso, é um país expressivo e atuante.
Pôr pertencer às nações eslavas a Ucrânia tem recebido propostas da Federação Russa e de inúmeras nações, de avultados investimentos financeiros e científicos.*


www.pessanka.hpg.com.br

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"Rozmova"
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