Brasileiros!!!
Descendo da raça
italiana.
Do sal da terra,
de luta incessante,
semem de guerra.

Sou nobre, sou bravo
vencedor e forte.
Pôr obra da sorte
brasileiro,nasci.

Meu avô deitou ao mar
o filho primeiro.
Quando chegou fez
prole de doze herdeiros.

Pior que a terra,
áspera, era o desprezo
da Patria madrasta,
que o enxotava.
E da terra postiça
que o escravizava

Descendo da estirpe
de Roma e fratricídio,
Bebi do leite da Loba,
comi polenta e radicchio.

Meu dente leitoso,
da nó em pingo dágua.
Sou origem e raiz
do imigrante , magua.
Como pão e purê
sirvo de reclame
do maquedonalde.

Cidadão ao quinto,
ao olhos do país,
me sinto distinto,
na muralha infeliz.

Da herança que tive,
sobrou a carrocinha.
Carrego lixo biscateiro.
Papelão e sobras,
arames e rebotalho,
neste atalho,
do imenso Brasil.

Nesta política,
neo-lesbianista,
estou sem igreja,
sem partidarismo.
Minha casa de papelão.
durante o apagão,
é iluminada de azul
pelo Cruzeiro do Sul

Minha heróica caminhada
de puxador de carrocim,
é marcha emprestada
de Garibaldi, isto sim.

Versejador menor,
corrupto e dissoluto,
um frade virou monumento.
Ninguém sabe porque.
Continua em pedra.
Ao lusco fusco,
longo tempo espera,
a teologia da libertação,
ou próximo comboio à Paris.

Serve a estatua
para turista tirar fotografia
em tu cá tu la.
(olha o passarinho!)
Enquanto ele chora,
diarréia de pombo.

De manhã estivadores.
-'Bom dia e passe bem.'
De noite é cercado
pelas marafonas.
Ponto de encontro,
pares em trânsito.
Parece que acorda,
pôr pouco gente vira.
Pronuncia vida que viveu,
a doce lira,encanto seu.

Da pedra à carne,
já não ha longe.
Prostitutas e frade. Quem?
Fundem-se na pedra.
Afinidades de lugares suspeitos, daquelas vidas, que outras não tem.

La Main de Dieu
Musee Rodin - Paris

Escultura em Madeira de Erwin Teichmann - Pomerode / SC

Flor de Lótus

1964 - Antônio Maragno Lacerda
A penultima vez que morei em Paris -
Clichy

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