Paulo Coelho
O vendedor de sonhos e esperanças
Génio, sábio ou apenas um aproveitador da falta de espiritualidade
que reina hoje em dia? Um guru não assumido ou um vendedor de
sonhos e esperanças? Vivemos num mundo materialista em que há
certos valores em decadência e em que a fé, a espiritualidade,
a religião e o misticismo ocupam um lugar cada vez mais secundário
na nossa hierarquia de preocupações. No entanto, e directamente
proporcional a esta decadência, há também a necessidade
urgente de ter algo em que acreditar. Algo de transcendental que nos
devolva o sentido da existência e que, ao mesmo tempo, não
exija demasiado de nós próprios. Se atentarmos na obra
de Paulo Coelho, poderemos constatar isso mesmo. O autor utiliza uma
linguagem simples e directa. Atrever-me-ia a caracterizá-la também
de mística, já que apela para o invisível e para
uma outra noção da realidade mais perto do fantástico
e da imaginação. Mas o elo fundamental de toda a sua obra:
é o sonho e a esperança. A perseguição e
concretização dele, sem nunca perder de vista a esperança
ou a fé. Quer no caso de “Brida”, em que a jovem
queria ser bruxa e ao mesmo tempo encontrar a sua alma gémea
(aqui denominado pela “Outra Parte”), ou no caso do “Diário
de um Mago”, em que uma das mais famosas peregrinações
desde da Idade Média, é pano de fundo utilizado para a
concretização de um sonho pessoal, com constantes provações
à fé. Paulo Coelho, através dos seus livros “fáceis”,
diz-nos que é possível. Indica-nos um hipotético
Caminho e uma necessária viagem espiritual, para realizarmos
os nossos desejos e sonhos. Uma espécie de auto-ajuda que balança
entre a religião e a magia sem fronteiras definidas. Afinal vale
tudo para quem, como ele, encontrou a fórmula de converter palavras
em moedas. Este talvez seja o grande exemplo a reter da sua obra: É
possível viver das esperanças dos outros...
Rute Coelho