Eterno optimista

Com o envenenamento nuclear quando alguém percebe os danos é já demasiado tarde e está practicamente a morrer. É como não estamos mortos, não estamos mortos, não estamos mortos, e então subitamente há muita gente morta! Os que ainda estão vivos sabem que agora não importa o que pensem ou digam. É demasiado tarde.

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Com acidentes atómicos o que é sorte para alguns é desastre para outros. O vento marítimo nas primeiras semanas da fusão nuclear de Fukushima levou enormes quantidades de partículas radioactivas para a costa norte americana. Podemos dizer que a Tepco teve sorte porque caso todas essas nuvens radioactivas fossem para terra a Tepco teria passado um tempo difícil a subir os limites de radiação mais umas centenas de vezes para tornar o povo Japonês seguro mais uma vez.

Silentium livoris (Silêncio malicioso)

Na luta de grupos pró-nuclear e anti-nuclear nunca tomei qualquer lado porque sempre pensei que era demasiada política e dinheiro de um lado e demasiada histeria tipo "desgraça e melancolia" do outro. Logo após os reactores de Fukushima irem pelos ares deve ser claro para todos que isto já não é um assunto apenas de grupos pró e anti nuclear, tem de ser um assunto de todos. Em jogo está nada mais nada menos que a sobrevivência da nossa espécie. Todo o paradigma das pessoas do pró e anti nuclear em debate é passado. Talvez a razão porque temos este blackout dos media sobre Fukushima seja que não há nada que os profissionais do pró nuclear possam dizer sem fazer as pessoas rirem-se ou sem fazer as pessoas zangarem-se.

P.S. Silentium livoris é um tipo especial de silêncio descrito por Séneca em que algo é ignorado e a verdade suprimida por elitistas com comando ou influência.

Roleta russa

Os hospitais oncológicos em Kiev estão tão sobrelotados que não consigo evitar pensar que é roleta russa o que estamos a jogar. Quanto mais perto vives do reactor mais balas tens na tua pistola.

Sonhar acordado

Talvez esta vergonhosa cobertura de Fukushima seja apenas uma actuação elaborada dos media correntes para nos preparar para o que já aconteceu? Eles são como aquele médico que não se atreveu a dizer ao recém acordado paciente sobre o membro perdido e nós somos como aquele paciente que pouco depois da amputação ainda consegue sentir o seu membro.

Para ilustrar o que quero dizer deixem-me contar-lhes uma história. Há alguns anos fui com uma amiga a uma das vilas fantasma de Chernobyl para levar alguma ajuda a meia dúzia de locais que ainda lá viviam. Um antigo carpinteiro em casa do qual ficámos quis levar-nos numa volta à sua vila e portanto fomos numa visita de carro. Apontando para estruturas meio decompostas o velhote diz - aquela é a repartição do Registo Civil onde casei com a minha mulher... olhem, à direita é o restaurante onde fizemos a festa do casamento. À esquerda é o hospital em que fiz todas as portas e janelas... o velhote continua a contar-nos acerca dumas fontes e a minha amiga murmura-me ao ouvido- não vejo nenhumas fontes ou restaurantes, tudo o que vejo são ruinas. Esta cidade está tão morta como o Faraó Ramsés II. O local conta-nos sobre fábricas e padaria e que acredita que as pessoas vão voltar a esta terra e vão reconstruí-la. A ele o passado parece radioso e o futuro parece radioso e o presente é apenas um embaraço temporário.

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Hoje tenho estado a ler nas notícias que o presidente da Tepco disse aos jornalistas que Fukushima foi um aviso ao mundo.... o resto da entrevista foi apenas verbosidade inútil não valendo o tempo empregue. Eu pessoalmente não penso que Fukushima é o aviso. A nossa lição devia ter sido aprendida em Abril de 1986. A cadência das falhas em centrais atómicas é clara e vai de mal a pior. Se nenhuma acção for tomada então de futuro esta cadência de falhas vai apenas piorar por muitas diferentes razões. Se não conseguirem resolver isto à altura do progresso científico e industrial então nalgumas décadas ou séculos haverão núcleos fundidos a torto e a direito espalhados por esse planeta... não haverão recursos suficientes e também não restarão muitos humanos fisicamente capazes de se preocupar com tratar deles.. ainda chamarão aos acidentes nucleares um aviso ao mundo?

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Já disse que em ucrâniano "Cherno" significa preto e "byl" significa dor (descrição do cancro) O surto de cancro que temos por estes dias é similar à pestilência da Idade Média. No século XIV quando a Morte Negra varreu a Europa matou uma ou duas centenas de milhões de pessoas. O povo culpava bruxas, prostitutas, heréticos mesmo gatos pretos. Às vezes queimavam-nos vivos em fogueiras. Nesse tempo brindavam, "Come, bebe, e diverte-te pois amanhã morremos." Hoje sabemos que não é culpa de bruxas ou prostitutas ou gatos. É a ganância e a estupidez dos homens em lugares altos que tornam este velho brinde apropriado de novo.

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Vi hoje nas notícias que algo muito estranho está a acontecer no Pacífico; As criaturas marinhas estão a comportar-se estranhamente, espécies aparecem onde raramente são vistas. Concentração sem precedentes de criaturas marinhas junto da costa da California.. etc, etc. Bem, parece que a vida marinha se afasta ou foge de algo que potencialmente lhes ameaça a vida enquanto as pessoas irão habitar cidades contaminadas até morrerem. Nesta situação nós humanos parecemos ser mais parvos que os peixes.. É porque as criaturas marinhas seguem o seu natural instinto de auto preservação e nós humanos escolhemos seguir os nossos líderes...

Síndroma do celibato

O Guardian publicou um artigo "Porque é que os jovens no Japão deixaram de ter sexo". Estatísticas interessantes. Diz que hoje 45% das mulheres japonesas com idades entre 16 e 24 "não estão interessadas em ou desprezam o contacto sexual". Eu acredito que se houvessem tais estatísticas para cada prefeitura, aprenderíamos então como a precipitação nuclear mata o apetite sexual. Quando as partículas radioactivas estão no ar aqueles que acolhem o contacto sexual vão pagar severamente. Naquele ano a maioria das crianças nascidas em Kiev morreram ou eram muito doentes Foi uma geração de desaparecidos.

Frequentemente comparam Chernobyl com guerra, mas na guerra houveram tantas histórias de amor. Com a vida em perigo os soldados tentaram passar os seus genes ao futuro enquanto Chernobyl não produziu uma única história romântica ou de amor de que tenha conhecimento e duvido que Fukushima alguma vez produza uma.

Devido à propaganda pró-nuclear as pessoas não podem saber qual o perigo que enfrentam quando engravidam em tempo de precipitação mas o corpo humano sabe-o. Sabe quando há o perigo de passar um genoma desarranjado e com vista a proteger a raça humana da degeneração a natureza equipou os humanos com um tipo de receptores que detectam a radiação e se os níveis apresentam perigo então os instintos sexuais são bloqueados, as capacidades replicativas restringidas e se for feito dano ao genoma esterilização total então. Penso que é assombroso o quão desapiedado é o nosso criador em relação a todas as falhas evolucionárias.

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Click here para ver o mapa que representa as zonas de nível de radiação para evacuação obrigatória e voluntária de Chernobyl, aplicado à precipitação no Japão por Fukushima. A roxo estão os níveis obrigatórios, a verde os voluntários. Encontrei este mapa na web. Comparei-o com muitos outros mapas; é muito preciso.

Olhem para este mapa e olhem para as fotos no meu website e não precisarão de nenhuma bola de cristal para ver o futuro das áreas marcadas a roxo e verde. O que o torna ainda mais complicado que Chernobyl é que a central atómica de Fukushima emite biliões de curies dia e noite que caem em terra e oceano, os níveis de radiação continuam a crescer paulatinamente. Tóquio vai receber as Olimpíadas em 2020 mas temo que se as coisas continuarem desta maneira as dezenas de milhões de residentes que vivem na área de 200 kms ao redor de Fukushima não serão mais que cobaias para a comunidade científica examinar e ver se sobrevivem até 2020. Não sei se vão haver Olimpíadas ou não, só sei que as Olimpíadas não vão ser felizes e alegres. Serão como um casamento numa capela de velórIos.

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O Japão invoca a lei dos segredos de estado pelo que agora denunciantes e jornalistas podem deparar-se com longas temporadas na prisão por providenciarem informação verdadeira ao público acerca do acidente nuclear de Fukushima. Eles definem isso como imposição da opinião de um sobre os outros... eles chamam-lhe terrorismo.

Àqueles que seguiram isto desde o início quero dizer, têm tido um lugar na fila da frente para o espectáculo mais trágico na terra, os colapsos democrático, demográfico e ambiental dum país outrora poderoso. Levou menos de 3 anos para as fundações democráticas japonesas caírem ao nível dos países do terceiro mundo.. e isto é apenas o princípio dum conto no qual as pessoas poderão apenas dizer, hoje é um dia mau e amanhã será pior até ao pior que tudo.

Tudo isto faz do Japão a base de lançamento para a indústria nuclear na sua guerra contra todas as formas de vida na terra.

Nenhuma menção a isto nos media correntes. Falam apenas da morte de Nelson Mandela que ocorreu recentemente. Mandela é um grande homem sem dúvida mas deviam pelo menos mencionar a morte da democracia no Japão.

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Há semelhanças entre os recolectores de ferro velho em Chernobyl e os mineiros da corrida ao ouro do Klondike no Alaska do século XIX. Eram o mesmo tipo de homens. Da literatura, sabemos que os mineiros de ouro do Alaska eram frequentemente bêbados brutais, orientados por uma meta. A única diferença é que no Alaska eles matavam-se uns aos outros por ouro, mas em Chernobyl é o "ouro" que os mata. Ouro dos tolos!

Excerto do relatório regular sobre a presente situação na Ucrânia de 14 de Novembro de 2014

Para explicar quão corrupta é a Ucrânia deixem-me trazer-lhes um exemplo da minha própria vida. Foi há alguns anos, eu, a minha amiga da Suiça e o namorado dela fomos à àrea de Chernobyl. É claro que não tínhamos permissão pelo que tivemos que evitar os pontos de controlo. Íamos no carro e então de repente a polícia parou-nos. Eu disse que tratava da conversa e pedi aos amigos para se manterem silenciosos ou a polícia iria cobrar braço e perna, especialmente se vissem gente da Suiça num carro a atravessar Chernobyl ilegalmente. Estávamos prontos para nos separar duma nota de $100 quando aconteceu um milagre, o polícia veio ter connosco e disse - vão, vão, vão, vão. Eu e os meus amigos pensamos que devia haver peixe mais graúdo por perto para a polícia nos deixar ir embora sem sequer tentar ficar com o nosso dinheiro. Na Ucrânia se a polícia não fica com o nosso dinheiro é apenas porque está ocupada nesse momento a receber algum suborno maior.... É essa a regra, não é exagero nem nada disso. Mal o agente disse vão, vão, vão vimos um grande camião a passar. A polícia estava obviamente a protegê-los e a indicar o caminho. Provavelmente estariam envolvidos na queima ilegal de materiais de refugo nuclear. Esse é um negócio de milhões de dólares... Quem precisa da tua nota de cem?

Mais um aniversário de Fukushima

Acabou de passar mais um aniversário despercebido como se nada alguma vez tivesse acontecido no Japão. As únicas notícias vindas de Fuku foram sobre fugas de água radioactiva. Estas notícias parecem aprovadas pelos media controlados pelo governo. Fazem-no soar como tendo falhado na filtragem de alguma água levando à ocorrência de fugas. Querem que acreditemos que filtrar uns poucos elementos torna a água filtrada segura. A verdade é que provavelmente filtram apenas menos de 1% da água que jorra, por cima, ou por baixo do mortífero complexo. Mais de 99% da água chega ao porto oceânico ... dia após dia. Milhões de toneladas. Uma torrente mortífera que nunca pára. Duvido que alguma vez seja parada por humanos.

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Hoje pela primeira vez a Tepco admitiu que o combustível já não está no reactor. Levou-lhes 4 anos a libertar este importante pedaço de informação. A questão agora, Se o combustível não está no reactor onde está? Suponho que para termos isto respondido preparemo-nos para esperar por mais outros 4 anos.

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No final de 2015 teve lugar em Paris um grande encontro. As potências mundiais acordaram agir acerca do problema do aquecimento global.. isso levará a dezenas de novos reactores nucleares construídos todos os anos durante os próximos anos.... É incrível como muita gente apoia agora as tecnologias atómicas por acreditarem que a energia nuclear se tornou um mal menor. Todos os que o fizerem não devem esquecer estas palavras ditas alguns séculos atrás por Baltasar Gracian 'Nunca abram a porta a um mal menor, pois outros ainda maiores se esgueirarão invariavelmente atrás dele.

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Estatisticamente, os maiores acidentes nucleares devem estar a acontecer o mais tardar a cada sete anos. Se não houveram acidentes por 25 anos, (o intervalo entre Chernobyl e Fukushima) então pelo menos mais alguns desastres nucleares estão agora em falta. Esperem que eles comecem a cair como uma chuva má. Há um provérbio espanhol "O que não acontece num ano pode acontecer num momento."Quando será o vosso momento nuclear?

próximo volume