Agora que já verificamos que o deslocamento precede a deformação e que é
a partir dos deslocamentos que se obtêm as deformações, podemos estabelecer
uma associação entre deslocamentos e deformações.
Dependendo de como a estrutura se desloque, podemos calcular uma deformação associada
a esse tipo de deslocamento e a associação mais simples que se pode fazer entre deslocamento
e deformação é a medida da deformação linear, obtida a partir de uma relação entre a
força aplicada a uma barra reta e o deslocamento axial relativo que se verifica entre
as extremidades da mesma.
Analisando o desenho esquemático apresentado na Figura 4, percebemos que
não é possível medir diretamente nenhuma deformação. O que o ensaio nos fornece diretamente
e que podem ser medidos são: a força aplicada a barra e o comprimento da barra para cada
situação de carregamento. Medindo-se a seção transversal da barra para cada situação de
carregamento pode-se facilmente calcular a tensão na barra, como:
Onde
é a força transmitida pela prensa e
é a área da seção transversal da barra.
Medindo-se o comprimento da barra para cada situação de carregamento e subtraindo-se do
comprimento original que a barra possuía antes do ensaio, tem-se a medida do deslocamento
relativo da barra, que nesse caso iremos chamar de alongamento da barra, que é calculado
como sendo:
Onde
é o comprimento final da barra, medido para cada situação de carregamento e
é o comprimento inicial da barra, medido antes do início do ensaio, quando nenhum
carregamento estava aplicado a barra.
Agora, DEPOIS QUE TODAS AS MEDIDAS FORAM REALIZADAS, podes-se CALCULAR A DEFORMAÇÃO ASSOCIADA
através da seguinte equação:
Onde
é a deformação linear. Uma deformação associada ao deslocamento axial de
uma barra submetida apenas a forças normais.
É assim, medindo-se a força
, a área da seção transversal
, e o alongamento
para vários carregamentos consecutivos e incrementais que se obtém uma relação entre tensão
e deformação, que no caso do regime elático é dada por:
Onde
é o módulo de elasticidade longitudinal e a Equação (1.4) é
conhecida como Lei de Hooke.
A deformação linear não é a única que pode ser calculada quando um sólido se desloca
devido a ação de forças que o solicitam. Existem outras situaçãoes de carregamento e
deslocamento que nos permitem calcular deformações específicas e associadas para cada
situação. Podemos por exemplo, calcular a distorção que é uma deformação angular
associada a deslocamentos angulares que surgem no sólido. A situação esquemática ilustrada
na Figura 5 mostra um caso onde uma barra é solicitada a torção e pode-se
calcular a deformação associada a essa solicitação.
Existe todo um estudo realizado pela Mecânica dos Sólidos que busca relacionar
e calcular as deformações que surgem em um sólido quando o mesmo é solicitado
por ações externas, e assumiremos daqui por diante que o leitor esteja familiarizado
com as relações entre deformações e carregamentos estabelecidas pela teoria da elasticidade.
Esperamos ainda que antes de prosseguir o leitor tenha compreendido duas idéias
principais: a primeira é que os deslocamentos surgem primeiro, e que é a partir
da medida deles é que se calculam as deformações. A segunda idéia é a de que
existem deformações associadas para cada tipo de configuração e correlação entre
os deslocamentos e as ações que os provocaram.