A viga da Figura 23 representa um caso simples de apenas um grau de
indeterminação cinemática, didaticamente válido para ilustrar o método da rigidez, entretanto
ao se analisar uma estrutura mais complexa, com um número maior de indeterminações
cinemáticas é necessário um procedimento mais sistematizado e facilmente generalizável.
Para ilustrar esse procedimento mais sistematizado analisaremos o caso apresentado na
Figura 24.
O primeiro passo da análise da viga apresentada na Figura 24(a) é
o cálculo do grau de indeterminação cinemática e a identificação dos deslocamentos
incógnitos. Desconsiderando os deslocamentos axiais, a viga da Figura 24(a)
pode ter até 6 deslocamento nodais (translação vertical e rotação dos nós A, B e C). Desses
seis deslocamentos possíveis, 4 são conhecidos (dois do nó A, um do nó B e um do nó C), desse
modo, a estrutura é cinematicamente indeterminada do segundo grau e os deslocamentos desconhecidos
são as rotações dos nós B e C, que nominaremos respectivamente de
e
, conforme
o indicado na Figura 24(a).
O segundo passo da análise é obter a estrutura restringida, colocando engastes nos pontos
onde a estrutura apresenta os deslocamentos incógnitos
e
, ou seja, nos pontos
B e C. Desse modo obtém-se a estrutura restringida apresentada na Figura 24(b).
Em seguida da detreminação da estrutura restringida, calcula-se as ações de extrmidade na
estrutura restringida devidas ao carregamento real, para tanto, utilizam-se os valores
pré-tabelados do anexo 1, casos 1 e 4.
Essas ações
de extremidade estão graficamente indicadas na Figura 24(b) e serão
nomidadas por
e
.
Utilizando os valores tabelados no Anexo 1, e lembrando que para o nó B contribuem
2 barras ao mesmo tempo (barra AB e barra BC), teremos que:
Agora que já sabemos os valores das ações de extremidade devidas aos carregamentos reais,
devemos calcular os valores dessas mesmas ações de extremidade agora devidas a ação dos
deslocamentos incógnitos. Para que a solução fique mais genérica e mais matricialmente
tratável calcularemos primeiramente os valores das ações de extrmidade devido a
deslocamentos unitários nos memsmo pontos e sentidos dos deslocamentos
e
,
de modo que as ações de extremidade devida aos deslocamentos serão expressas na forma
.
Utilizando a segunda tabela do anexo 1 e lembrando que concorrem duas barras no
ponto B (barras AB e BC), teremos:
Agora que já obtivemos os valores das ações de extremidade devido a deslocamentos unitários podemos
expressar essas mesmas ações em função dos deslocamentos incónitos na forma matricial
, e
logo em seguida escrevermos a equação de equilíbrio, também conhecida como equeção de superposição
para os nós B e C, da seguinte forma:
Onde:
Também costuma-se nominar
,
e
por vetores.
Para o caso da viga da Figura 24(b) a Equação (2.26) é expressa como:
Substituindo os valores já obtidos nas Equações (2.24) e (2.25) na Equação (2.27),
teremos:
Isolando a matriz do termos independentes (
) da Equação (2.28), teremos que:
Neste ponto da análise chega-se a um sistema de equações onde a matriz (ou vetor)
é
o vetor das incógnitas a serem determinadas. Reescrevendo a Equação (2.29)
de outra forma, fica mais fácil visualizar a expressão matricial de um sistema de equações,
conforme mostrado na Equação (2.30):
Existem várias formas de se resolver a Equação (2.30), que em termos práticos
resolvida numericamente, através de um método numérico específico para a solução de sistemas
de euqações lineares. No caso específico do método da rigidez, onde a matriz de rigidez
é sempre uma matriz quadrada e simétrica, a decomposição de Cholesky
é um método numericamente veloz e eficiente.
Em capítulos posteriores aprofundaremos os estudos em alguns métodos numéricos necessários
para a montagem e a solução de sistemas de equações como os da Equação (2.30).
Por ora, continuemos a solução imaginando que ela será realizada sem a ajuda de um computador
digital. Para isso será necessário obter a inversa da matriz de rigidez
. Uma das
formas de se inverter uma matriz quadrada é apresentada por boldrini, e
seguindo esta metodologia obteremos a inversa da matriz de rigidez apresentada na Equação
(2.30) como sendo a matriz
(2.31):
Uma vez que se tem a inversa da matriz de rigidez
, pode-se resolver a
Equação (2.30), chegando-se a expressão da Equação (2.32):
O vetor
da Equação (2.32) contém os deslocamentos que solucionam
o problema, expressos por:
Agora que os deslocamentos foram encontrados, é possível calcular as reações de apoio
e esforços internos nas extremidades dos membros. Existem basicamente dois caminhos
para se proceder os cálculos restantes: um deles visa a otimização para solução
via método numérico e computador digital, outra possibilita a solução analítica do
problema.
Em termos práticos, é óbvio que para os problemas mais complexos adota-se a solução
via computador digital, e nos próximos capítulos veremos essa abordagem de maneira
mais aprofundada. Entretanto, antes de adentrar-mos na seara da programação em
computadores digitais é necessário compreender a mecânica dos processos de cálculo
do método da rigidez, visto que essa compreenção é essencial para que futuramente
possamos realmente entender o uso dos algoritimos de programação na solução
computacional das análises matriciais de estruturas reticuladas.
Na solução via método da rigidez, primeiramente são calculados os deslocamentos,
e a partir destes pode-se achar as reações de apoio e esforços internos nas barras,
conforme vimos de maneira genérica na Seção 2.3. Agora, que já sasbemos
os valores dos deslocamentos, podemos calcular as reações de apoio conforme o
especificado na Equação (2.34):
Onde:
Os valores de
e
são obtidos usando as mesmas tabelas do anexo 1.
De modo análogo ao da Equação (2.34), podemos calcular as ações de extrmidade dos membros
na forma expressa pela Equação (2.35):
Onde:
Os valores de
e
também são obtidos usando as mesmas tabelas do anexo 1.
Calculemos as reações de apoio para o exemplo da viga da Figura 24, utilizando
a Equação (2.34). O esquema estrutural da Figura 25 indica como
obter cada uma das parcelas da Equação (2.34)
Observando a Figura 25, e lembrando que no ponto B concorrem
duas barras (AB e BC), podemos utilizar as tabelas do Anexo 1 e determinar os componentes
dos vetores
e
do seguinte modo:
Substituindo os valores da Equação (2.36) na Equação (2.34), teremos que:
Para fins ilustrativos suponhamos que a viga da Figura 24(a), seja feita de
uma material cujo módulo de elasticidade é igual a
, (concreto armado
=25MPa)
tenha uma seção transversal com
(aproximadamente uma seção retangular
20x50cm), que L seja igual a 1 metro, que
e que
,
podemos obter os valores numéricos da Equação (2.33), de modo que:
Perceba que
é negativo, isso implica que o deslocamento real no apoio C se dá
no sentido horário, o que é razoável de se esperar uma vez que o vão que contém as
cargas distribuídas possui peso suficiente para "levantarbegintex2html_wrap_inline$$ o vão que possui
apenas a carga concentrada. Portanto, de acordo com os deslocamentos encontrados,
a linha deslocada arbitrada para a viga apresentada na Figura 24(a)
deve ser corrigida para a linha deslocada da viga apresentada na Figura 26
Perceba ainda que em módulo, uma vez que o sinal serve apenas para indicar o sentido
do giro,
. O que siginifica que as maiores "flexasbegintex2html_wrap_inline$$ ocorrerão no vão
menos carregado (BC).