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Depois do umbral tem uma sala de pedra

Não estou com a menor vontade de escrever. Estava escrevendo: “Cruzei o umbral.” Na verdade eu cheguei num lugar novo, completamente novo. A impressão que eu tenho é que a libertação do álcool, da maconha e do cigarro está produzindo uma outra pessoa dentro de mim. “O que corre dentro?” Dentro corre um rio de lava. No lençol de dor. O que essas linhas querem dizer é que uma pessoa não drogada vai se descobrindo e percebendo que não precisa de uma porção de coisas. O que eu vou percebendo é que essa pessoa está caminhando decidida. Livrando-se dos entulhos enormes. E ela foi tão rápido que as palavras, seu diário, não chegaram juntas. As palavras estão metros atrás. O lugar é tão novo que a vontade é de atulhá-lo. Não quero sexo. Não quero amigos bacanas. Não quero realização intelectual. Quero sustentar o vazio. Quero acomodar o carinho. Quero estremecimento e um corpo forte. Pernas velozes. Não sei ainda como descrever o outro lado do umbral. Não sei como me acomodar. Tenho medo que a vida acabe agora. Medo de pifar. Ahhhh.
Segunda-feira, Setembro 29, 2003 // ***

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Tão linda, é a Lina.
Sábado, Setembro 27, 2003 // ***

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O post que deu errado, a vida que se foi e deu errada

Posso escrever coisas estelares. E me enfiar num banho de sais. Hoje eu sai com o Fernando. Fomos ver um filme francês, um documentário. Depois fomos comer. Depois ele se despediu de mim. Depois nós nunca mais nos vimos. Pessoas mortas do passado não deveriam voltar. Ele voltou. Eu retornei. Sinto estranhamento na ponta dos dedos. Falta meia hora e então eu vou me dirigir pra minha casa. Eu estou dissonante. A terapia que foi maravilhosa e antecedeu o Fernando badala na minha cabeça. Eu quero escrever que eu sinto agora que tudo é novo. A maneira pela qual eu me relaciono. Como eu organizo o meu tempo. Com setenta anos eu vou ler essas palavras e eu não vou lembrar. Eu nunca lembro coisa alguma. Maldição.
Sexta-feira, Setembro 26, 2003 // ***

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Acho que eu estou delicado. Sinto uma enorme vontade de chorar. Um choro pra me recompor. Pra me acolher. Muita tormenta. Não foi tanta assim, mas foi. Se eu posso hoje me recolher e lembrar e esquecer do que me aconteceu. Escrever o acontecido pra enterrar ele. E seguir. Como um estruturador combinando as peças.
Quarta-feira, Setembro 24, 2003 // ***

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Um oceano de inefável alegria

Meu desespero pode ser profundo. Talvez porque as dores sejam grandes. As dores são grandes. Maiores. Sinto que uma parte de mim é roubada. Antes de forjar a armadura eu me recolho sem armadura num canto e me envolvo em algodão. A maciez da solidão. Enorme é o sono. Em que se dorme transtornado e se acorda sereno.
Quarta-feira, Setembro 24, 2003 // ***

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É quarta feira fim da manhã e aconteceram tantas tantas coisas que eu fiquei aturdido, tonto. Fui três ou quatro vezes na faculdade e foi confuso. Cada encontro trazendo tristezas e alegrias. E então hoje eu me debrucei sobre mim mesmo. Fui descobrir o que eu era um bocadinho de tempo antes, 15 dias, um mês.
Quarta-feira, Setembro 24, 2003 // ***

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Segunda-feira, Setembro 15, 2003 // ***

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Segunda-feira à noite, depois da aula de atletismo. A segunda em que eu vou. Estou desconfortável. Por conta da burocracia eu fui na faculdade. Aquele prédio deve estar magnetizado de alguma forma porque minhas pernas tremeram lá dentro, a pulsação aumentou. Odeio e adoro o prédio. Odeio e adoro a vida universitária. Olho os universitários, de quatro a oito anos mais novos do que eu. Sou velho pra estar lá dentro. Me sinto imediatamente humilhado. Até o fim da minha vida eu vou estar me perguntando porque eu me criei tantos problemas enquanto estava na faculdade. Nesse momento difícil eu quero sair do meu corpo. Quero esquecer que meus olhos estão apertados. Quero me ausentar de uma vida que vive se penitenciando por erros passados. Tomou-me uma severidade. Não desculpo, não sou indulgente, não cedo. Há um impasse interno. Pra viver eu tenho que jogar fora esse carro amassado, essa lataria despedaçada. Mas é impossível pois não se volta oito anos no tempo.

Hoje corre em mim uma raiva. O tempo está passando, o cronômetro ligado. Tenho que dar certo na vida. Tenho que dar certo na vida. Tem que ser rápido. O tempo come a possibilidade. Inválido aos 26. Ostracismo.

Hoje está tudo agudo. A visita ao prédio aguçou tudo. Maldição. Força força força e não sei se no final vai dar certo.
Segunda-feira, Setembro 15, 2003 // ***

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Amor. Ela me mandou um conto do Caio Fernando de Abreu. Sobre amor. Acho que era uma declaração de amor que ela fez pra mim. Então, a gente se encontrou duas vezes, com duas semanas de espaço, e então ela me mandou o conto pela internet. E eu vou considerando se fico com ela ou não. Se entrego meu coração desesperadamente solitário pra ela ou não. Amor. Mas o que me pega hoje é de outra qualidade. Fico lembrando que fumei cigarros por oito anos. Oito meses que eu não fumo. Eu olhava pra vida de um jeito diferente. Mais como uma balada. Tenho uma dificuldade de entender esse tempo passado.

Aqui. Sentado na cadeira estofada do escritório. Noite fria, das mais frias.

Estou precisando contar sobre o ano. Foi um ano submerso. Todos os processos foram desenvolvidos debaixo, dentro, na carne, na intimidade. Não houve manifestações externas. Me olho e vejo que aparentemente nada aconteceu desde 15 de dezembro. E nada aconteceu. Sinto tristeza. Medo. Tanto trabalho pra não sair do lugar. Horror. A vida vai caminhando pra extinção.

Acho estranho que tenha sido assim. E se é assim sou obrigado a reconhecer o meu jeito de ser. Diria que o ano passado foi de explosão e muitos estímulos. Não estava escolhendo de verdade. Nesse ano o Angelo de verdade se apresentou. E ele é triste e insignificante. Ele tende a não existência. Ele se esconde do mundo. Ele não se relaciona. Mais um pouquinho e ele vai sumir.

Posso agora caminhar livre pelos campos. Já sei o que sou. Esse fardo pode ser jogado fora. Reconhece-se o que é-se pra nunca mais sê-lo.

Mas é curioso que o ano tenha sido dessa forma. Quem diria do apogeu do ano passado que o que se seguiria seria um ano intimista? Se eu, do ano passado, fosse prever esse ano, diria que eu iria pro mundo. Que abandonaria as minhas conchas e me entregaria as orgias. O bacanal da socialização.

Sou solitário.
Quinta-feira, Setembro 11, 2003 // ***

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a)
Tarde de domingo. Nada acontece. Minha vida estacionou. Blogs antigos. Tempo ameno. Nada de bom. De realmente bom. Velhos hábitos. A escrita gasta. Não serve pra nada. Minha amiga está demorando pra chegar. Mas não importa. Não estou esperando. Um tempo estranho porque é como dia de semana na fazenda. A escrita gasta porque não tem mais segredos. Não me acompanha mais de corpo e alma. A alma foi passear, sobrou a casca. A escrita gasta porque a dor extrema já não faz sentido. Eu não estou mais sofrendo e isso é uma pena pra escrita. A escrita gasta. Sem anedotas cotidianas. Tédio. A internet gasta. Eu gasto. Sem segredos. Velho. Aqueles que me cercavam estão entediados também. Todos morrendo de tédio. Não há mais ânimo numa conquista amorosa. Não tem mais frio na barriga. A escrita gasta porque ninguém se anima a pegar no telefone. Minha família na praia. Não tem mais briga pra animar o cotidiano. Tudo gasto, sem graça, fiquei velho.

b)
Tarde de domingo. Nada acontece. Minha vida estacionou. Blogs antigos. Tempo ameno. Nada de bom. De realmente bom. Velhos hábitos. A escrita gasta. Já tem três anos que eu escrevo. Escrevia pra salvar a minha vida. Tudo era desespero, balançava. Eu em pânico dia depois de dia. Planos muito mirabolantes pra salvar a minha vida das catástrofes anunciadas e presentes. Me sinto triste pelo que passei. Então essa super ferramenta chamada diário chegou. E ela me colocou num mundo de fantasia à parte. E também na realidade. A escrita era um enorme lagarto complexo com mil órgãos. Pra cada coisa ela servia. Ela me ajudava e atrapalhava. Tão ambígua que eu não consegui distinguir. A escrita me ama. Ela foi meu cobertor. Escrita, longínqua.

2)
Bizarra MA. Te escrevo depois que me abandonaste. Eu sou trapo agora. Eu não tenho voz pro tamanho enorme da vileza do seu comportamento. Bizarra MA, nunca um abraço foi tão quente e dois corpos na cama tão cândidos. Eu fui, tu foste. Depois que o tempo passou. Que eu me joguei debaixo do trem e volto das trevas. Raios nas minhas mãos. Um trovão no seu peito. Explosões. Depois que o tempo passou eu chego num dia e olho, só olho, nada demais. Olho e vejo você, na minha lembrança, já borrada. Não tem nada mais bonito que uma mulher de maquiagem borrada. Não tenho mágoa. Mas essa sequer é a pergunta certa. Na vida a gente se machuca, não importa muito. Eu agora sou um apaixonado. Não por você, você foi mesquinha. Mas pela batalha.
Domingo, Setembro 07, 2003 // ***

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Fim de um dia bizarro. Que ódio. Um ódio calado de toda a minha impossibilidade. (Impossibilidade) de terminar o trabalho hoje. Sabendo que esse é apenas mais um dia que eu adiciono na pilha. Pequenas conquistas diárias à custa de sangue. Li um conto do Pellizzari. Um que o sonho ia embora quando a fumaça do cigarro ocupava o lugar do sonho. Um descarrego de energias, é assim que eu me sinto. Encostando em assuntos passados. Tem três meses que estão presentes na minha vida; em que eu escrevi seguidamente. Minha estatura de hoje me permitiu estar nesse tempo passado. Mas o que importa é o sangue. A raiva. O esforço metódico. Tudo. Lembrando que um diário pessoal não está tão interessado assim na literatura e sim na dramaticidade do próprio cotidiano. É bom que doa. Queime. Machuque. É bom que seja uma batalha. Diária. É bom que seja sério. É bom que as lágrimas selem o trato. Sangue.
Sábado, Setembro 06, 2003 // ***

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Fiquei pensando que conseguiria organizar um texto. Um que contasse do que eu tenho vivido. As pessoas que eu encontrei e as conversas que tive. Porque escrever tem me acompanhado esse tempo todo e eu querendo fazer algo mais literário. Então deixa isso pra lá. A Olívia tem sido uma pessoa constante na minha vida. Uma das mais constantes. Meus pais, minha irmã e o casal de portugueses que estavam lá em casa foram viajar pra casa de praia da minha tia rica. Eu não quis ir. Acho minha mãe muito louca, meu pai um tímido medroso. E minha irmã não consegue me enxergar. Os portugueses são uma graça, mas eu sou muito tímido. Além do que, eu estou fazendo esse esforço enorme pra acordar cedo, uma conquista.

Às vezes fico com muito medo de escrever claramente. Penso que alguém lendo pode deduzir quem eu sou e assim saber meus segredos; dos quais me envergonho. Mas é só mais uma página na internet. Então não dá pra ficar preocupado em demasia.
Sexta-feira, Setembro 05, 2003 // ***

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O carinho com que eu falava do cigarro, que era o meu companheiro de aventuras e a gente ia junto pelas estepes geladas, levando fumaça de amor pras pessoas. Cigarro, meu querido companheiro, amigo das noites frias. Minha vida ainda está muito vazia.
Sexta-feira, Setembro 05, 2003 // ***

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Sexta-feira, Setembro 05, 2003 // ***

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Sexta-feira, Setembro 05, 2003 // ***

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