Lenda do Palácio das Lágrimas
Na Rua de São João, de frente para a igreja sob a invocação
do mesmo santo
e fazendo canto com a Rua da Paz, antes que fosse edificado o imóvel
que
serviu de sede à Escola Modelo Benedito Leite e, posteriormente,
à antiga
Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Luis, havia um
vasto sobrado de
três pavimentos e que, durante muitos anos, permaneceu em ruínas.
Correm, ligadas a esse imóvel, diversas lendas, a principal das
quais vamos
reproduzir: dois irmãos portugueses resolveram "fazer a América"
e vieram ter
ao Maranhão. Um deles - Jerônimo de Pádua, comer ciante
e cujas atividades
também compreendiam as de traficante de escravos - enriqueceu bastante,
enquanto o outro jamais conse guiu sair da pobreza.
Cheio de inveja do rico, o irmão pobre concebeu o plano macabro
de
assassiná-lo, com a finalidade de herdar-lhe a grande fortuna, pois
o irmão rico
não tinha herdeiros legítimos, vivendo amasiado com uma preta
sua escrava,
com quem teve diversos filhos.
Praticado o nefando crime, e na posse dos imensos bens herda dos de sua
própria vítima, o fratricida passou a tratar os escravos
com muita crueldade,
notadamente a amásia e os filhos de seu irmão assassinado.
Informado, certo dia, acerca de quem fora o verdadeiro assassino de seu
progenitor; um dos filhos lançou-se, indignado, contra o tio e,
de uma das
janelas, arremessou-o violentamente à rua, pro vocando-lhe a morte
súbita.
Descoberto o criminoso, e por ser escravo, foi ele condenado à morte
na forca
levantada em frente ao sobrado. Ao subir no cada falso, o condenado proferiu,
como últimas palavras, esta maldição:
- Palácio que viste as lágrimas derramadas por minha mãe
e meus irmãos!
Daqui por diante serás conhecido como Palácio das Lágrimas.
E assim o sobrado passou a ser chamado. Nos últimos anos do século
passado o poeta Sousândrade, empenhado na criação de
sua sonha da e
frustrada Universidade Atlântica (que depois rebatizou de Universidade
Nova
Atenas), pretendeu instalá-la no Palácio das Lágrimas,
após trabalhos de
restauração e adaptação que não conse
guiu realizar.