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Fernando Sousa: Página pessoal

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O que é ser técnico de desenvolvimento comunitário e saúde mental?

Para uma melhor compreensão das competências e (possíveis) áreas de actuação de um técnico com esta formação de base, será necessário primeiro um entendimento dos conceitos de "desenvolvimento comunitário" e de "saúde mental comunitária".

Ao nível do primeiro conceito, alguns autores, tais como Ornelas (1996), têm conceptualizado o desenvolvimento comunitário como um «processo que permite criar as condições para o progresso económico e social através da participação dos cidadãos na sua comunidade. Esta abordagem parte do pressuposto de que a mudança comunitária pode mais eficazmente ser alcançada através da participação generalizada dos indivíduos na definição e implementação dos objectivos de mudança. A estratégia prioritariamente utilizada para obter mudança é a do envolvimento dos indivíduos na identificação e resolução dos seus próprios problemas, cabendo habitualmente aos profissionais o papel de facilitadores da resolução de problemas, encorajando os indivíduos e as organizações, dando ênfase aos objectivos comuns e favorecendo o crescimento ao nível das competências democráticas» (p. 384). Esta "filosofia" de actuação apoia-se, e rege-se, também por outros conceitos tais como a participação, a liderança e o empowerment. O último destes, e mais especificamente a sua aplicação pelos técnicos de desenvolvimento comunitário, deverá assumir um papel central na sua forma de se posicionar na comunidade.

Ao nível do segundo conceito, isto é, o de "saúde mental comunitária", este encontra-se intimamente ligado ao conceito de "desenvolvimento comunitário", tendo as suas primeiras formulações teóricas começado a surgir a partir das décadas de 50 e 60 do Século XX. Por esta altura assiste-se a uma percepção crescente da existência de uma relação entre os problemas sociais e a saúde mental, tendo-se começado a equacionar o aparecimento das doenças não apenas como estando eminentemente dependentes de factores pessoais, mas também como podendo estar associadas a factores atribuíveis ao sistema social. A perspectiva da saúde mental comunitária, gradualmente introduzida a partir desta altura, pode segundo Bloom (1973) ser descrita em termos da sua localização (na comunidade), nível de intervenção (numa comunidade global ou grupo especifico, por exemplo, área geográfica ou população em risco), o tipo de serviços (serviços preventivos) e a forma como são prestados (serviços indirectos, através da consultoria e da educação), bem como a sua estratégia (o maior número de indivíduos possível), o tipo de planeamento (focalização em necessidades prevalentes em populações de alto-risco e coordenação de serviços), os seus recursos humanos (utilização de profissionais e não profissionais como estudantes e pessoas de alguma forma, ligadas ao grupo-alvo), os processos de decisão (responsabilidade partilhada) e, finalmente as suas concepções etiológicas (realce das causas ambientais das perturbações emocionais).

De uma forma resumida, ser técnico de desenvolvimento comunitário e saúde mental é procurar, de acordo com os pressupostos teóricos anteriormente enunciados, encontrar soluções de desenvolvimento para as diversas problemáticas que atinjam uma dada comunidade. Para tal será necessário frequentemente envolver vários agentes e organizações, ligadas às autarquias, às escolas, aos serviços de saúde, a organizações empresariais, a organizações não-governamentais, entre outras.

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Leituras

:: Bloom, B. (1973). Community mental health: A historical and critical analysis. Morristown, NJ: General Learning Press.

:: Florin, P., & Wandersman, A. (1990). An introduction to citizen participation, voluntary organizations and community development: Insights for empowerment through research. American Journal of Community Psychology, 18 (1), 41-54.

:: Ornelas, J. (1996). Psicologia Comunitária: Origens, fundamentos e áreas de intervenção. Análise Psicológica, 15 (3), 375-388.

:: Rappaport, J. (1977). Community psychology: Values, research and action. New York: Holt, Rinehart & Winston.

:: Sánchez-Vidal, A. (1996). Psicología comunitaria: Bases conceptuales y métodos de intervención. Barcelona: EUB.

Links

:: Association for the Study & Development of Community 

:: Center for Community Change 

Quais as áreas de actuação de um técnico de desenvolvimento comunitário?

Independentemente da maior ou menor especificidade das competências profissionais que um técnico de "desenvolvimento comunitário" venha a ser chamado a colocar em prática este terá como área de actuação (óbvia) a comunidade. As funções que aí poderá desempenhar poderão passar pela consultoria, concepção, planeamento, implementação e avaliação de programas de intervenção, p.ex., ao nível de grupos socialmente excluídos ou fragilizados. Este tipo de programas poderá ter a sua origem a partir de instituições (públicas, privadas ou cooperativas) de ensino/formação, de saúde (prevenção e reabilitação), de cariz judicial (reinserção na comunidade), de natureza empresarial, de coordenação e desenvolvimento regional (planeamento urbano, ...), entre outras. A formação de base, e a complementar, de um técnico de desenvolvimento comunitário, e a forma como esta será posta em prática dependerá em última análise do cargo e das atribuições inerentes ao posto de trabalho que este profissional venha a ocupar. Espera-se, em qualquer dos casos, que nesse local de trabalho a sua filosofia de actuação seja orientada pelos pressupostos teóricos do desenvolvimento comunitário.

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Onde poderei encontrar estudos publicados sobre a temática do desenvolvimento comunitário e da saúde mental comunitária?

Apesar de em Portugal não existir nenhuma publicação periódica dedicada prioritariamente a estes áreas poderá encontrar alguns artigos em revistas tais como a Análise Psicológica e a Revista Portuguesa de Saúde Pública. Sob esta temática a Licenciatura em Desenvolvimento Comunitário e Saúde Mental do ISPA tem vindo a organizar várias conferências anuais podendo encontrar as comunicações aí apresentadas nas Actas das Conferências (2000, 2001, 2003, ...). Num mesmo registo a Sociedade Portuguesa de Psicologia Comunitária compilou também sob a forma de Actas as comunicações apresentadas no II Congresso Europeu de Psicologia Comunitária [Actas] (Julho de 1998). Em termos internacionais sugiro uma pesquisa nas bases de dados da American Journal of Community Psychology, Community Mental Health Journal e Journal of Community Psychology.

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Como poderei ter acesso ao questionário utilizado no estudo sobre a satisfação da população Sem-Abrigo com os serviços sociais?

O questionário encontra-se disponível para download no menu "Publicações" imediatamente abaixo da indicação «Tese de Licenciatura (CESE - Saúde Mental Comunitária, ISPA, Março 2000». Todos os documentos associados a esse link foram comprimidos através do recurso ao programa WinZip ®.

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Onde poderei obter informações sobre as alternativas/modelos de apoio habitacional a pessoas com distúrbios mentais?

Começo por sugerir que tente obter informações através de pesquisas em bases de dados bibliográficas nacionais (p.ex., a Porbase e a Index Rmp) e internacionais (p.ex., a National Library of Medicine e a PsycINFO) utilizando descritores como "supported housing", "halfway houses", "three-quaterway house", "group homes", "residential services/programs", "community support services"... Para uma pesquisa mais direccionada recomendo uma visita ao Center for Psychiatric Rehabilitation da Universidade de Boston (EUA). Para informações sobre a aplicação prática do modelo de "habitação apoiada" em Portugal recomendo que tente contactar a AEIPS - Associação para o Estudo e Integração Psicossocial que tem vindo a aplicar este modelo há mais de uma década.

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© Fernando Sousa 2002 - última actualização em: 17 Novembro 2010