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Garrafas ao Mar

Don Antonio Maragno Lacerda

 

 
Ha uma ilha,
onde vão aportar,
as garrafas com desejos.
Até aquelas que nas ondas,
passaram anos a navegar.

Quando o mar encolhe,
fica um monte na areia,
de garrafas com desejos,
e alguém as recolhe.

Pescador de dia,
de noite arcanjo.
Sabe todas línguas,
vivas e sumidas.
Está fazendo ruma,
das mensagens perdidas.

Arquiva pela chegada.
Marca como as pegadas,
que deixa na areia.
Quando um volume é assente,
fica anjo e vai ao remetente.

Todas as garrafas são respondidas.
Todos os pedidos atendidos.
'Desculpe a demora, agora é a hora'.
refrão que repete sem cessar,
na faina de compensar,
os remetentes das ondas a rolar.

Desculpe a demora.
Havia cordame perdido,
o doce mar enrolado,
pela maré e ventania
trazia a garrafa, tardia.

A demora é urgente.
Receberás alento.
Flores para almoçar,
e se tiveres assento,
alguém para morar.

Agora calma.
Está escrito na espuma,
deste mar rolante pois.
Que o teu pedido,
seja feito para dois.

Você que sabe esperar,
na vida nova se lança.

Quem espera é criança.

poema Don Antonio Maragno Lacerda
Prêmio UNICEF 2001