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A História da Limousine Executivo

    O projeto de se construir uma limousine nasceu na administração do então presidente da Willys Overland do Brasil, Willian Max Pearce, um americano que iniciou sua carreira como piloto de Edgard Kaiser - filho de Henry Kaiser, magnata do ramo da metalurgia e também fundador da indústria de automóveis Kaiser-Frazer - e que aceitou o desafia de trabalhar no Brasil, a partir de 1955, onde ocupou os cargos de diretor industrial e diretor administrativo até chegar à presidência da empresa onde permaneceu até sua venda em 1967. (foto ao lado Itamaraty Convencional) Itamaraty convencional
    O senhor Pearce tinha uma boa visão de marketing, um exemplo foi o lançamento do Aero Willys 2600 que aconteceu no salão de Paris de 1962, pois, se o automóvel fosse lançado no Brasil, não seria alcançada a repercussão necessária para promover aquele que foi um dos maiores projetos automobilísticos ja realizados no país.
    A limousine também foi uma grande idéia de marketing, pois foi intencionalmente construída em número limitado e com o objetivo de dar ainda mais prestígio à marca, uma vez que era o automóvel que seria entregue durante o V Salão para o pelo presidente da República. O modelo também passou a ser usado por alguns governadores de Estados, ministros e empresários.
  O lançamento oficial deu se no V Salão do Automóvel que fora realizado no pavilhão do Ibirapuera (São Paulo), entre 25 de novembro e 12 de dezembro de 1966, com a entrega do modelo Especial (E-340 chassis 05) ao presidente da República, o Marechal Castelo Branco. Naquele salão, a Willys estava instalada num stand de 1.700metros quadrados, bem no centro do pavilhão, e estavam expostos 23 automóveis dos quais  chamavam  a atenção o Executivo presidencial, o Executivo Standart, um Willys 1300, um protótipo Willys -Knight 1928 e os demais veículos de sua produção.
    Alguns Executivos saíram da fábrica muito tempo após seu lançamento e isto não se deve à falta de sucesso e sim ao fato de logo após o V Salão, já se anunciava a venda da Willys à Ford. A Ford Motor Conpany dos EUA já havia comprado as ações da Willys que pertenciam a Kaiser jeep Corporation (35.75%) -EUA -  e as ações da Régie Nationale des Usines Renault (12%) -França- e consequentemente, havia se tornada dona da Willys Overland do Brasil, não havendo, então,  maior interesse por parte do novo acionista em promover o modelo de prestígio da Willys, pois a Ford estava lançando no Brasil um veículo novo, uma nova concepção de veículo de luxo, sem dúvida, muito mais avançado do que a Willys oferecia no momento. O automóvel era o Galaxie.

O futuro a frente à nova concorrência

    O Executivo, o Itamaraty e o Aero não podiam ser comparados com o Galaxie por serem projetos diferentes em termos de tecnologia. Isto nos ajuda a entender a venda da Willys por parte da Kaiser, pois para atualizar a fábrica da Willys no Brasil custaria milhões de dólares sem que tivesse um certeza do sucesso deste investimento, já que se estaria competindo com as três grande indústrias americanas ( Ford, Dodge,GM) que estavam trazendo ao Brasil modelos muito mais modernos como o já citado Galaxie e também o Dodge Dart e o Opala. Também em função de custos ao consumidor não era interessante  manter o Executivo que custava Cr$ 27.003,00; enquanto o Galaxie Cr$ 21.909,00 e o Itamaraty Cr$ 13.947,00.
 

Executivos: seus números e características

    No total foram produzidas 27 limousines sendo 2 protótipos, 19 do modelo Standart e 6 do Especial. Sua carroçaria foi desenvolvida em conjunto com a "Karman-Guia", sendo que alguns exemplares têm uma pequena placa nas soleiras das portas traseira e porta- malas com os dizeres "Carroçaria Karman Guia" . A modificação principal em relação ao Itamaraty convencional constituia na inserção de alguns centimetros entre as portas dianteiras e as portas traseiras e na coluna traseira.
    O modelo Standart, que era tecnicamente conhecido como série 6-1152 S-340, era uma versão com diversas caracteristícas exclusivas, porém menos luxuoso que o modelo Especial, que era da série 7-1153 E-340. 
    A grande diferença entre o Executivo e o Itamaraty estava no habitáculo para passageiros,  o interior sempre em couro, oferecido nas cores:  havana, cinza, preto ou branco na parte dos passageiros e preta no assento do motorista. Só um exemplar tem a cor havana nas duas cabines. Os automóveis saíram da fábrica geralmente na cor Preta e apenas dois veículos saíram de outra cor, um azul marinho (de uso da própria Willys, posteriormente pintado de preto pela própria fábrica) e outro verde, cujo atual proprietário pintou de preto. Dos veiculos existentes atualmente apenas um não é preto e sim azul.

Caracteristícas da Versão Standart:

Caracteristícas da Versão Especial:
Todos os requintes acima, mais:

Os Executivos e seus proprietários:

    Dos 27 veiculos fabricados, 22 foram identificados, porém só se conhecem atualmente 19 que estão,em sua maioria, na mão de colecionadores. Em alguns casos foram modificadas algumas características originais colocando-se por exemplo: teto solar,pintando-se o estofamento, calotas diferentes,e outros detalhes.
    É interessante notar que algums automóveis saíram da fábrica com detalhes que lhe conferiam exclusividade como o grande teto solar do Especial número 5 que pertenceu ao Governo do Estado de São Paulo.
    Um dos últimos veículos a sair da fabrica (Ford-Willys) foi o Standart de número 16, vendiodo para a prefeitura de Pelotas/RS em julho de 1969. Era um modelo mais simples, pois não tinha o nome Itamaraty nem o detalhe prateado no capô, tinha a mesma grade dianteira do Itamaraty 68, no console  do banco não havia o rádio. Esse veículo atualmente se parece com os demais, pois, o atual proprietário, fez modificações a fim de igualá-lo aos outros. O de número 18 saiu da fábrica em agosto de 69 também mais despojado.
    Poucos desses veiculos foram vendidos a particulares, já que 2 foram para a presidência da República (S4 e E5), seis para governadores de Estados (S10 - Bahia, S15 - Mato Grosso, E2 - Minas Gerais, E3 - Guanabara, E4 - São Paulo e E6 - Rio Grande do Sul), três para o Ministério das Relações Exteriores (S6,S8 e S13), um para o Ministério da Aeronáutica (S8), um para o Tribunal de Justica do Paraná (S1) e um para a prefeitura de Pelotas (S16), dos demais que se tem notícia, três foram para empresas e cinco para pessoas físicas. Dos vendidos para o governo, apenas esses permanecem com ele, o o do Ministério da Aeronáutica (S11), que esta exposto no Museu Aeroespacial de Campos dos Afonsos (RJ), o do governo do Mato Grosso (S15, tombado como patrimônio histórico do Palácio Paiaguás, sede do governo).

Algumas passagens com os Executivos

    Muitos fatos interessantes ocorreram com os Executivos, porém um é especial e ocorreu em São Paulo (E4), quando o Governador Abreu Sodré, certa noite, em meados de 68, teve o automóvel metralhado no bairro do Pacaenbú, o mesmo só não se feriu porque estava recostado com os pés apoiados na banqueta retrátil. Mesma sorte não teve o motorista baleado nas pernas. Consta que durante uma reforma, o atual proprietário encontrou balas alojadas no interior de uma das portas. 
    Com exceção do Rolls-Royce da Presidência da República, nenhum outro automóvel serviu a tantos presidentes e autoridades, pois só o E5 serviu a sete presidentes e teve sua última aparição publica quando da posse do presidente Collor, quando foi usado para levar sua esposa à cerimônia. Entre outros, foram passageiros dos Executivos, a rainha Elisabeth II da Inglaterra, o Principe Akihito e a Princesa Michiko do Japão, quando das visitas que fizeram ao Brasil.

    Com todo esse passado, é inegavel que o Executivo seja não só um clássico, mas um dos automóveis mais interessantes já produzidos no Brasil e que tem lugar assegurado na história de nosso país.
    Mais informações sobre o Executivo consultar o Aero Willys Itamaraty Clube do Brasil - SP "
 
 

    (Texto de José Antonio Penteado Vignoli - Aero Willys Itamaraty Clube do Brasil - extraído da revista "O Radiador", dezembro 1998 nr53 - publicação do Veteram Car Club do Brasil - RJ. Publicação autorizada pelo autor)
 


 
 
 
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