A BOLA É DO MENINO
"Terminei a Minha Cartilha.
Isto quer dizer que já sei ler.
Que bom !"
Última leitura da "MINHA CARTILHA"
Laura Mello e Souza Campos
Segunda EdiçãoEm agosto de 1952, dez garotos de quatorze-quinze anos competiram num concurso de história e geografia patrocinado pelo jornal O GLOBO. Foram convocados de surpresa pelo diretor do colégio, Luís de Mello Campos, três dias antes das provas. Dispensados das aulas do quarto ano ginasial, enfiaram-se nos livros recordando a matéria e, levados pelos professores de história e geografia, lá estavam no domingo na Tijuca - remota para o grupo da zona sul - sentados nas salas do Instituto de Educação de onde, infelizmente naquele dia, as normalistas tinham desaparecido. O concurso era de equipes e os meninos do Colégio Mello e Souza, classificados em primeiro lugar, escolheram o prêmio de viagem a Salvador-Bahia. Aquela vitória, pressentida por todos logo depois das provas, quando voltavam para casa, foi confirmada pelo Lutz - era o apelido do Prof. Mello Campos - na quinta-feira seguinte. O sorriso um tanto raro, ao entrar na sala no meio de uma aula, deu a pista que faltava, atrapalhando a surpresa programada. Tudo começou oito anos antes, em 1944. Grande parte daquela turma de meninos iniciou o curso primário no Mello e Souza naquele penúltimo ano da guerra mundial. Na Capital Federal, garotos, nascidos em 1937/1938, só começaram a perceber a tal guerra quando, levados por pais ou babás, foram jogar seus velhos brinquedos de metal nos montes de coleta de sucata nas calçadas da cidade, para o esforço (?) de guerra. Sucata que, com alta probabilidade, foi vendida com lucro para poucos. Depois ou simultaneamente - o tempo está comprimido na memória - viram longas filas de soldados e caminhões estacionados na Av. Epitacio Pessoa numa manhã certamente fria e chuvosa. Pior, naquele ano de 1944, já no colégio, receberam uma caixa de papelão vazia com o pedido para ser cheia com sabonetes, dentifrícios, talcos, escovas. Seriam enviadas para as crianças pobres. Não as que habitavam as favelas nascentes nos morros do Cantagalo ou da Catacumba, nem as crianças mais longínquas do nordeste, mas as crianças pobres da Europa... As caixas chegaram ao destino ? Ainda nos devem a resposta e uma explicação sobre tamanha alienação. Mas para mim o Mello e Souza deixou uma sensação de eterna felicidade. Depois da experiência num jardim de infância aterrorizante conhecido como Solário, na esquina da Av. Vieira Souto com a Rua Henrique Dumont, cujo dono era um médico cearense integralista casado com uma alemã. Ali, em 1943, estavam querendo fazer do menino muito tímido e muito magro, que morava numa casa paraíso nas margens da lagoa, um forte futuro súdito do terceiro reich vencedor. Aparatos de exercícios respiratórios, ginástica um tanto militar e uma piscina negra, que podia ser vista pelos passantes por cima do muro baixo, completavam o quadro tenebroso, só pior do que o tombo com a mão em cima de um vômito alheio na Praça Nossa Senhora da Paz. Choros diários e desespero convenceram meus pais a não me recolocarem no inferno, na volta das férias aquáticas anuais em Caxambu. Mas nem todos da minha geração acharam o Mello e Souza um paraíso pedagógico. Lá, mesmo no curso primário, ainda existiam inspetores de disciplina do sexo masculino, ares carrancudos, olhados como velhos, apelidos ofídicos: Cascavel, Jararaca. Mas o menino magro, tímido e mimado foi apresentado ao mundo da possibilidade do conhecimento novo a cada dia, mês, ano, sempre. O resto foi abstraído. E as primeiras impressões do menino maravilhado estavam, sem ele saber, corretas. Ele iniciou a convivência por doze anos com uma experiência pedagógica inédita no país. O colégio não era um livre Summerhill, nem uma escola libertária de Francisco Ferrer, nem seus donos eram precursores de Paulo Freire ou Lauro de Oliveira Lima, apesar dos adultos em suas conversas, ouvidas com muita atenção, compararem negativamente a disciplina do Mello e Souza com a adotada pelos colégios religiosos tão populares na época, sobretudo os internatos. Hoje recordando essa história, vejo que, ao contrário de Graciliano Ramos e George Orwell, marcados pelas megeras Dona Maria do Ó e Mrs. Wilkes, não tenho nenhum registro de trauma como brasa lá no meio dos meus neurônios. Até é uma frustração. Dramas traumatizantes da infância trariam mais interesse a essa trama. Porém, Dona Maria José, Dona Ana, Dona Odete, Dona Adalgisa e Dona Leda não me infernizaram a infância. Deram-me um enorme prazer na ocasião e no recordar após cinqüenta anos. Corro o risco das interpretações dos pedagogos de hoje: são lembranças de um menino tímido, arrumadinho e exageradamente disciplinado e estudioso. Mas a experiência pedagógica implantada por Laura Mello e Souza Campos e por seu filho, morto prematuramente em 1954, merecem ser recordadas hoje, quando o país continua a ouvir rumores sobre neo-reformas extremadamente pragmatizantes na educação primária e média. Mesmo quando disponíveis, em todas as escolas do país, a superinformatização e as super TVs educativas a cabo, a adoção de reformas que eliminem ou diminuam a carga horária de matérias de formação humanística será uma espécie de golpe de misericórdia na cabeça das futuras gerações de brasileiros.
A Cartilha
Dona Maria José não era tão jovem. Tratou-nos com carinho. O primeiro texto de cópia a lápis é datado de 17 de março de 1944, uma semana depois do início das aulas. A data registrada para inicio do uso da "MINHA CARTILHA" foi 10 de maio. Passamos os primeiros dois meses fazendo cópias em letra corrente: o nome do colégio, o nosso nome, números, as primeiras operações de adição. A cartilha tinha um subtítulo - Leitura pelo Método Analítico - era editada pela Editora Getúlio Costa da Capital Federal, ilustrada por F. Acquarone. Era completamente diferente da tradicional cartilha do bê-á-bá e das cartilhas de silabação que se tornaram populares década e meia depois. Não deixou lembranças desagradáveis como as deixadas pelo livro de papel brilhante do Barão de Macaúbas na memória do menino Graciliano Ramos. Mais uma vez nas suas conversas os adultos faziam uma crítica: o método de Laura Mello e Souza Campos era ótimo e rápido, mas deixava uma seqüela na capacidade ortográfica dos meninos. No meu caso a crítica confirmou-se. Passei a vida tendo dificuldades, perguntando se apesar, pesar, atrasar eram com s ou com z. O x também me perseguiu. Mas, a estatística de um só caso é pouco científica. Digamos que de 1935 a 1955 cerca de 50 a 60 alunos por ano foram alfabetizados pelo método de Dona Laura, isto é, 1000 a 1200 meninos. Aposto que minha seqüela ortográfica teve outra causa. Só poderíamos saber se a crítica dos adultos estava correta, através de pesquisa entre as gerações de meninos que passaram pelo Colégio Mello e Souza nesses 20 anos. A maioria está viva. A única estatística sobre a qual a memória não deixa dúvidas é a que indica a percentagem de meninos que foram forçados a repetir o primeiro ano primário por não conseguirem aprender a ler e escrever pelo método inovador. Cerca de 2 a 3 em turmas de 25 a 30 meninos, isto é, cerca de 7 a 12 % recebiam, ao repetirem o primeiro primário, atenção separada da professora, utilizando a velha cartilha do bê-á-bá. Mesmo assim a memória pode trair, pois um dos dois colegas repetentes em 1944, que mais me marcou, era levadíssimo, irrequieto, uma espécie de Juquinha das histórias folclóricas. O segundo não era nada brilhante ! A "leitura pelo método analítico" significava a memorização de palavras e principalmente de frases, exaustivamente no livro, no caderno pela cópia repetitiva, no quadro negro pela recitação em voz alta. Mesmo nos dois meses anteriores ao inicio do uso da cartilha, já éramos preparados para tão simples e competente processo. De repente o estalo: estavam todos lendo. Resta uma dúvida: porque o método foi denominado "analítico". Dona Laura deu um salto inovador. Poucos outros colégios adotaram-no naquele período de meados dos anos trinta até os anos cinqüenta. A partir dos anos sessenta predominou o método silabatório ou o "método da palavração" como foi denominado no prefácio da Cartilha Moderna da Professora Yolanda Betim Paes Leme, escrita em 1944 e usada até pelo menos o final dos anos cinqüenta. Abandonaram o método de Dona Laura. Talvez não por considerá-lo equivocado, elitista ou por terem inventado método melhor, mas porque o Colégio Mello e Souza só sobreviveu 18 anos ao falecimento de Luís de Mello Campos em 1954.
Vejo o menino.
Vejo a bola.
A bola é do menino.Álbuns e Corações de Crianças
A cartilha era devorada nos meses de maio e junho simultaneamente com outro grande desafio para meninos e pais. O Álbum ! Nele, como tarefa estressante, porém como excepcional instrumento de fixação de conhecimento, deveriam ser pesquisadas, recortadas e coladas, não importa de que fonte, figuras. Não era um trabalho fácil. Causava suspense e angústia. Semanalmente, revistas eram supridas por todos os membros da família, os "cromos" eram comprados no Bazar Enigma, quase sempre pelo telefone, entregues por um ciclista que descia veloz a Rua Montenegro depois transformada em Vinícius de Moraes. Pais mais habilidosos colaboravam com desenhos. Mães com amigas especiais conseguiam colaborações gráficas. Maria Werneck de Castro desenhou para o menino a página dedicada aos órgãos do corpo humano. Pedaços de lã eram colados na página sobre o carneiro. Um saquinho de papel de seda com pó de café de verdade na página dos vegetais úteis. Seda de verdade e um pára-quedas recortado da National Geographic na página do bicho da seda. Um só cromo de um javali foi grudado na página dos animais selvagens. Escorpiões, moscas e besouros eram classificados como animais nocivos. Um pobre peru como animal útil numa dicotomia que causa horror aos ambientalistas. O pombo-correio coabitou com rádio, telefone, telégrafo, correio e jornais, na página dos meios de comunicação. Os anos quarenta ainda estavam tão perto do século XIX. O mapa do país tinha sete territórios. Pedro Álvares Cabral, índios, Tiradentes, os dois Pedros, Deodoro e Rui Barbosa, os outros presidentes até José Linhares. Vargas tinha sido deposto naquele mesmo mês. A Revista O Cruzeiro supriu o retrato do presidente provisório até a derrota de Eduardo Gomes, sonhado e votado pela maioria das famílias dos meninos. Corações de Crianças de Rita de M. Barreto, o primeiro livro e um segundo livro de leituras preparatórias não eram tão novos. O primeiro estava, em 1943, na 99a. edição e o segundo na 81a. O importante, no espirito da pedagogia de Laura Mello e Souza Campos e seu filho Luís, estava no fato daqueles meninos de seis e sete anos, depois de alfabetizados, serem, na sua maioria, capazes de devorar mais dois livros naquele primeiro ano do curso primário. Uma amostra do que estava por vir nos onze anos seguintes, até o terceiro ano do curso científico. Um processo de dureza pedagógica permanente num ambiente de disciplina afrouxada quando comparada com os colégios religiosos onde predominava uma militarização aristocratizante. Repito: o Colégio Mello e Souza estava muito longe de ser uma escola livre, Summerhill tupiniquim ou que tivesse alguma influência de Francisco Ferrer - do qual, é impossível saber, Lutz tivera alguma notícia. Mas, os adultos falavam e o menino escutava que Lutz era de esquerda. Esquerda libertária seria improvável naqueles anos quarenta. Um esquema que horrorizaria educadores e alunos de hoje, era o adotado para a premiação dos melhores alunos. Todos os meses - e o ritual só foi abolido parcialmente quando o menino estava no curso ginasial - Lutz entrava em cada sala de aula para o ritual do anúncio das notas médias mensais. Os três primeiros alunos mereciam palmas da classe. O demais, silêncio. O grande prazer, obviamente sobretudo dos bons alunos, era o macro ritual de encerramento do ano letivo no Cinema Ipanema. Cada primeiro, segundo e terceiro aluno de cada série ganhava medalhas de ouro, prata e bronze e muitas palmas. Uma medalha especial com o nome de Dona Laura Mello e Souza Campos era dada ao aluno que tivesse sido o primeiro classificado nos cinco anos do curso primário. Esse saia glorificado. Mais tarde, no início dos anos cinqüenta, a classificação de primeiro, segundo e terceiro lugares, seguidos de algumas menções honrosas, foi substituída pelos "Ótimo", "Muito Bom", "Bom", "Regular", "Sofrível". As medalhas de ouro, prata e bronze e o ritual foram preservados.
Conservador Elitista ou Progressista ?
Só um especialista poderia analisar mais profundamente a dicotomia elitista-modernizante adotada pelo Colégio Mello e Souza. Alguma documentação, à disposição dos mestrandos e doutorandos em pedagogia, sempre se encontrará guardada por velhos alunos, hoje, mesmo os mais novos, com mais de cinqüenta anos. O elitismo estava presente nas festas rituais de fim de mês e fim de ano, mas também no relacionamento cotidiano de Lutz com os alunos. Era concretamente sentida por alunos e pais a diferença de tratamento dado aos bons e não tão bons alunos. Os estudiosos, por isso, passaram a gostar, a cada ano, mais e mais do colégio. Entravam em pânico a menor menção familiar de uma eventual mudança. Com certeza somente raros meninos não toleraram o que algum pedagogo denominaria de condições subjetivas da atmosfera escolar. Porém é certo que houve migração bastante intensa dos piores alunos para colégios menos exigentes. Lutz não abria mão de uma qualidade no escopo das diversas matérias que significasse um aprofundamento permanentemente vigiado. Chegavam ao conhecimento de pais e alunos que, em cada ano, os professores eram lembrados por carta que deveriam manter elevado o nível de conhecimento transmitido e, sobretudo, endurecer as provas, testes e trabalhos. Um pesquisador constataria o resultado daquela recomendação examinando: (a) uma prova de ciências do quinto ano primário em abril de 1948, com questões sobre anatomia humana e botânica; (b) uma prova de História do Brasil de junho do mesmo ano, com questões sobre capitanias hereditárias, governadores gerais, a morte de D. Sebastião, os Bandeirantes mais importantes, a guerra dos Emboabas, o Quilombo dos Palmares, a Inconfidência Mineira; ( c ) uma prova de Zoologia de agosto, com perguntas sobre digestão, sobre hematose, sobre o sistema arterial e venoso, sobre a composição do sangue; ( d ) uma prova de História do Brasil do terceiro ano ginasial na qual os alunos competiam sobre quem faria a mais longa dissertação sobre os precursores de Pedro Alvares Cabral ou sobre a Revolução Pernambucana de 1824. Para tal façanha os livros de Basílio de Magalhães, Helio Vianna e Vicente Tapajós eram decorados integralmente e, mesmo deficientes em profundas análises dialéticas, deixaram marcas humanísticas permanentes. Seja qual for a análise crítica que qualquer pedagogo desse fim de século fizer de Luís de Mello Campos, qualificando-o de um elitista dedicado à formação de um pequeno núcleo de meninos de alta classe média da antiga Capital Federal, pecará pelo esquecimento de um ponto crucial da sua pedagogia: a qualidade do conhecimento ministrado sob cobrança permanente em provas e testes de altíssimo nível. O Concurso da Independência, em 1952, foi uma espécie de provão por amostragem a que foram submetidos os dez melhores alunos do último ano do curso ginasial de cerca de trinta ou quarenta colégios públicos e privados do Rio, Niterói e Petrópolis. O resultado justificou o sorriso indisfarçado com que Lutz entrou na sala de aula no dia 28 de agosto de 1952, para comunicar a vitória. Aqueles dez meninos vencedores entraram muito bem classificados, três anos depois, em escolas superiores. Sete deles na Escola de Engenharia. Enfim, naqueles anos, engenharia ainda era a profissão do futuro brasileiro, além do fato da maioria dos alunos estudiosos, quase como uma obrigação auto-outorgada, optarem pelo vestibular mais difícil e desafiante das faculdades de engenharia. Em 4 de setembro, dia seguinte da cerimônia de premiação dos meninos e colégios, O GLOBO deu a notícia em primeira página e em manchete no topo da página, reproduziu a seguinte declaração do discurso do Ministro da Educação, o bahiano Simões Filho: "A Imprensa mais se eleva e engrandece quando a educação e o ensino vivem em suas páginas". O Ministro do Presidente eleito Getúlio Vargas atirou retoricamente onde viu e acertou onde não viu.
Os Livros
À cartilha e aos dois volumes Corações de Crianças seguiram-se, ao longo do curso primário, os dois volumes das Leituras Morais e Instrutivas de João Kopke, os dois volumes d'O Pequeno Escolar de Máximo de Moura Santos, o livro de "matemática Infantil" Tudo É Fácil e o Diário de Lúcia de Júlio César de Mello e Souza e Irene de Albuquerque. Todos modestos em qualidade gráfica, nesse aspecto incomparavelmente inferiores aos livros adotados a partir dos anos sessenta. Contudo com um nível bastante alto e com presença escolar que remontava ao princípio do século. Salvo os livros do Professor Mello e Souza - o Malba Tahan - e da Professora Irene de Albuquerque, na quinta edição, os outros estavam entre a 74a. e a 91a. edições. Nas linhas e entrelinhas não se encontrava nenhum comentário sobre a realidade brasileira, fato que pela idade dos livros não parecia ter nada com a ditadura fascistizante recém terminada. A aritmética neles contida também sofria de um mal crônico - depois das quatro operações simples e de mais de dois dígitos, o processo, até o quinto ano primário, era repetitivo e sem grandes novidades. A operação de potenciação era o máximo a que se chegava. A partir dos anos sessenta descobriu-se que meninos e meninas entre 5 e 10 anos entendiam perfeitamente os conceitos primitivos da teoria dos conjuntos, ajudando-os a penetrarem no mundo mais intrigante da matemática abstrata. Partiu-se para o exagero até no nome dado a matéria - Matemática Moderna - quando, no máximo, mereceria ser denominada de modo mais moderno de ensinar matemática. Aqueles meninos do Colégio Mello e Souza e todos da sua geração só foram apresentados à teoria dos conjuntos, aliás de modo bastante profundo, pelo Professor José Carlos de Mello e Souza, irmão de Malba Tahan, tio do Lutz.
Aqueles livros e a pedagogia de Luís de Mello Campos colaboraram para uma atitude bastante difundida entre a maioria daqueles meninos. Uma compulsão pelos livros que, como o café e o chá, deixam sua marca também pelo cheiro, um sentimento de realização, um enorme prazer quando eram contabilizados os conhecimentos - não as informações - acumulados durante cada ano letivo. O "menino que viu a bola" continuou com a compulsão livreira após a escola superior. Contudo, terminada sua vida escolar, sentiu enorme falta do prazer renovado a cada mês de dezembro da contabilização dos conhecimentos adquiridos formalmente a cada ano. Em fevereiro de 1954, dois anos após a vitoria no Concurso da Independência, faleceu Luís de Mello Campos. O colégio sobreviveu até 1972. Uma experiência pedagógica que espera especialistas para sua análise, seja qual for a imputação de elitista, mas, sem dúvida, uma lembrança de excelência didática, exemplo, mais e mais pertinente de educação para o conhecimento a ser resgatado, principalmente nos momentos em que reformas mediocrizantes, ditas pragmáticas e "modernas", sempre ameaçaram e continuam a ameaçar o país.
Olavo Cabral Ramos Filho
08/08/1997
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