Xerém, distrito de Duque de Caxias, virou ponto de encontro de sambistas.
Não é raro ver caravanas rumo a uma rua barrenta onde, num sítio com cinco casas, um
minizoológico, piscina, salão de jogos e campo de futebol, mora Zeca Pagodinho.
Ali, em plena reserva ecológica, ele deixa de lado a imagem de malandro e assume seu lado
caseiro, paizão e careta:
- Aqui tudo é bom. Moro bem, cercado de verde e numa casa confortável. Meus pais ficam
logo ali atravessando a rua. Minha sogra do lado deles...
Preocupado com a preservação da área, o sambista não permite a pesca nos açudes próximos e tem muitas plantas. No terreno do qual nem ele sabe o tamanho, cria sete cachorros, seis patos, porcos, perus, pavões, cabras, pôneis, vacas e cavalos.
Na cozinha da casa principal, para lá de informal, com um balcão de padaria, porcelanas chinesas e parede de cerâmica, Pagodinho se aventura na arte da culinária:
- Aqui em casa somos misturebas em vez de naturebas. Às vezes eu mesmo me arrisco na cozinha e preparo um arroz enjoado.
Certo de que o convívio com a música é importante para seus filhos, o compositor montou uma escolinha em casa, onde Eduardo, de 11 anos, Louisinho, de 9, Elisa, de 5, e alguns vizinhos aprendem a tocar piano, saxofone e cavaquinho com a professora Gleyce.
- A educação musical é muito importante - diz o sambista. - Fiz um miniconservatório na sala. Até a minha mulher, Mônica, aprende.
Nos muitos momentos de folga, Pagodinho não dispensa uma boa partida de sinuca com o amigo Luiz Carlos da Vila, um dos compositores que frequentam o sítio mais concorrido de Xerém.