Lenda da Serpente de São Luís
Ao redor da Ilha de São Luís haveria uma descomunal serpente
sempre a
cresçer, até que um dia sua cauda alcance a cabeça.
Na ocasião em que tal
acontecer; o monstro reunirá todas as suas forças para, num
abraço
estupendo, comprimir a porção de terra envolvida, provocando
o completo
desaparecimento de São Luís, que será tragada pelo
oceano.
Josué Montello, em seu romance Os degraus do paraíso, que
pertence, ao
lado de mais de uma dezena de outros, à saga maranhense, que tem
São Luís
e seus habitantes por cenário e personagens, apresenta outra versão
desta
lenda, como veremos a seguir:
Mas, de repente, ao atravessar a rua que desce para o mar, alon gou o olhar
à
direita, procurando a Fonte do Ribeirão. Lá estava ela, com
seu muro
circundante, à distância de uma quadra. Susteve o passo, com
a curiosidade
mais viva. Ali se escancaravam as bocas do subterrâneo onde morava
a
serpente de que Morena lhe falara, não fazia muito tempo: "Uma serpente
enorme, Téo: a cauda da bicha está na igreja de São
Pantaleão, a barriga na
igreja do Carmo e a cabeça na Fonte do Ribeirão. Um dia,
quando eu era
pequena, o papai me levou até lá, vi a cabeça do monstro
a espiar a gente por
trás da grade de uma das bocas da fonte. Fiquei com um medo tão
grande que
até hoje me arrepio toda, só de lembrar aque la boca aberta,
com uma língua
muito comprida e vermelha sain do do meio dos dentes"
Ainda sobre a submersão de São Luís, reza a lenda
messiânica do
encantamento do Rei D. Sebastiáo na Praia dos Lençóis,
sob a forma de um
touro negro: no dia em que lhe ferirem a testa estrelada, o rei se desencantará,
emergindo, glorioso, das profundezas oceânicas. O maremoto provocado
pela
emersão da numerosa e reluzente corte real, seguida de seus grandes
exércitos, fará desa parecer; na fúria das águas
revoltas, a Cidade de São Luís
do Maranhão.