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DECISÃO INADIÁVEL

Dê um clique em cima de um dos títulos e leia o artigo:

  1. Fechando a Cortina
  2. Impeachment Presidencial
  3. O Farsante do Planalto
  4. Crime e Omissão
  5. Fase Terminal(sobre a cidade do Recife)
  6. Desordem Institucional
  7. Comédia e Tragédia
  8. Exterminando o Futuro
  9. Fracassados Bem-Sucedidos
  10. FHC Continua Doando o Brasil

DECISÃO INADIÁVEL

*Márcio Accioly

02/07/2000

 

89 pessoas foram assassinadas em Recife, no exato dia em que se comemorava o Natal de 1998. Foi apavorante ler os jornais da época, no registro da impotência de toda a sociedade e da visível inação por parte das autoridades ditas responsáveis. No mês seguinte, nos corredores do Congresso Nacional, lembro-me de ter encontrado um deputado federal pernambucano, com mais de quatro mandatos, e comentado o caso com preocupação:

"Deputado, viu o que aconteceu em Recife?"

"Não, o que foi que houve? Eu estava em Paris, cheguei anteontem".

"Mataram 89 pessoas no dia do Natal".

"Sempre se matou muita gente lá no estado".

"89 pessoas, deputado, no dia do Natal! Isso é normal?"

"É, o número pode ser um pouco elevado, mas Pernambuco sempre foi muito violento". O parlamentar, então, seguiu seu caminho, sem se abalar, como se habitasse o mais tranqüilo dos mundos.

A matança de 98 continua, em números alternados, sem perspectiva de solução. O que as autoridades constituídas fizeram, do alto da ignorância e da roubalheira praticada todos os dias, foi tomar medidas agravando o quadro aterrador, cujo desfecho será a guerra civil generalizada e suas bárbaras conseqüências. Não é preciso ter bola de cristal e nem possuir qualidades mediúnicas na antevisão do desastre. O governo já perdeu o controle em vários pontos do território nacional, nos espaços dominados pelo crime organizado e ramificado nos mais altos escalões administrativos. Alguns dos chefes de quadrilhas se encontram entre os membros dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.

A saída inicial seria promover o impeachment do presidente FHC, se o Congresso Nacional estivesse composto por legítimos representantes da sociedade. FHC está doando o país e criando situação catastrófica que tende a se tornar irreversível. A desnacionalização da economia vai ampliando a miséria, no desemprego sem saída e no corte de recursos para investimento na educação. Ou somos uma nação de anestesiados, alheios ao caos formado em nossa volta, ou já nos consideramos um bando de amordaçados, submissos às organizações mafiosas que tomaram o poder. Atingimos ponto perigosíssimo, na luta pela tentativa de formação e construção de uma nação.

O Plano contra a violência, lançado por FHC, é história da carochinha. As pessoas que estão falando a respeito de medidas moralizadoras são as mesmas que "nos governam" há vários anos, responsáveis por tudo que está acontecendo. ACM, Paulo Maluf, Marco Maciel, Sarney e tantos e tantos outros, seja situação ou oposição, freqüentam a cena politico-administrativa há séculos e são os principais criadores da desordem estabelecida. Eles desconstruíram o país. O Brasil caminha, agora, para a divisão territorial e para a formação de imensos guetos populacionais, assemelhados ao modelo colombiano. Será preciso esforço monumental, por parte da sociedade civil, na mobilização para reverter o quadro atual. Se a reviravolta não for possível, neste delicado momento, iremos atravessar décadas intermináveis de profundo obscurantismo.

 

 

*Márcio Accioly é jornalista

 

 

 

 

 


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