A economia brasileira iniciou os anos oitenta sob o impacto da segunda grande elevação do preço do petróleo, ocorrida ao final de 1979.
Os países desenvolvidos entraram em recessão e o comércio internacional se contraiu. Por causa disto, os preços das exportações brasileiras caíram muito até 1985.
Os juros internacionais se elevaram, afetando negativamente a economia brasileira, porque a dívida externa tinha sido negociada a juros flutuantes. Portanto, o serviço da dívida externa cresceu com os juros.
Até os anos oitenta, o déficit em conta corrente tinha sido financiado por empréstimos estrangeiros.
Porém, os bancos estrangeiros interromperam os empréstimos a países muito endividados a partir de 1982.
Com isso, o Brasil teve que obter divisas por meio de saldos da balança comercial.
No começo dos anos oitenta, a economia brasileira foi obrigada a se adequar às novas condiçoes externas. O ajustamento do balanço de pagamentos passou a ser o objetivo central da política econômica.
Como resultado, entre 1981 e 1983, a balança comercial saiu de déficit para um grande superávit.
Todavia, ocorreu também a primeira recessão desde o início dos anos sessenta. A inflação também aumentou.
O combate à inflação, um objetivo conflitante com as desvalorizações cambiais, ficou em segundo plano.
Para obter superávits comerciais, o governo buscou novas fontes de energia e reorientou a economia no sentido de aumentar as exportações.
Houve grandes investimentos na produção e exploração de petróleo e em fontes alternativas de energia, como o álcool. Como resultado, a dependência com relação ao petróleo diminuiu.
Para recuperar a competitividade das exportações brasileiras no mercado internacional, o governo desvalorizou a moeda em 1983, visando complementar a maxidesvalorização de 1979.
Foram também concedidos subsídios a produtos exportáveis.
Além disso, a recessão ajudou a aumentar as exportações, já que se podia exportar o que antes era destinado à demanda interna.
A desvalorização cambial provocou a queda das importações de petróleo, forçando a redução da atividade econômica.
Ela também provocou o aumento do serviço da dívida externa: mais moeda nacional era necessária para pagar os mesmos dólares de juros.
A desvalorização cambial pressionou o nível de preços para cima através de dois canais: (1) aumento de preços dos produtos derivados do petróleo importado e (2) entrada de novos produtos na pauta de exportações, diminuindo a sua oferta interna.
O governo passou a combater a inflação por controle de preços, o que provou ser ineficaz.
Além disso, os gastos públicos foram reduzidos, os impostos aumentados e os preços das tarifas públicas corrigidos, visando reduzir o déficit do governo. Isto forçou ainda mais a queda da demanda agregada.
A política monetária limitou seletivamente o crédito interno e manteve as taxas de juros acima das taxas internacionais, o que aumentou o serviço da dívida do governo.
O Fundo Monetário Internacional passou a monitorar a economia brasileira a partir de dezembro de 1982.
O grande superávit comercial e mais o uso de todas as reservas de divisas disponíveis não tinham sido suficientes para cobrir o déficit do balanço de pagamentos. Além disso, não entraram empréstimos externos e os juros internacionais crescentes aumentaram ainda mais o serviço da dívida externa.
O balanço de pagamentos continuou sendo o centro da política macroeconômica. O objetivo principal foi reduzir o déficit em conta corrente.
O governo cortou subsídios às exportações e aumentou os preços das tarifas públicas.
Porém, a inflação não se reduziu e a queda do PIB acentuou-se em 1983.
Durante o período 1981-1983, praticamente todos os setores da indústria tiveram sua produção reduzida. Uma das poucas exceções foi a indústria extrativa mineral, que cresceu por causa do aumento da produção doméstica de petróleo.