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A Escritora

Geração de escritores dos anos 30

O período de 1930 a 1945 registrou a estréia de alguns dos nomes mais significativos do romance brasileiro. Assim é que, refletindo o mesmo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações dos poetas da década de 30, encontramos autores como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construtivo, mais maduro, aproveitando as conquistas da geração de 1922 e sua prosa inovadora.

As transformações vividas pelo país com a Revolução de 1930 e o conseqüente questionamento das tradicionais oligarquias, os efeitos da crise econômica mundial e os choques ideológicos que levaram a posições mais definidas e engajadas formavam um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela denúncia social - verdadeiro documento da realidade brasileira -, em que as relações "eu" / mundo atingiam elevado grau de tensão.

Nessa busca do homem brasileiro "espalhado nos mais distantes recantos de nossa terra", o regionalismo ganha uma importância até então não alcançada na literatura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com o meio natural e social: "A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste que me deu uma, alma agreste", afirma Paulo Honório, personagem-narrador do romance São Bernardo de Graciliano Ramos.

Poderíamos acrescentar ainda outros temas abordados por esses autores: nas regiões de cana, a decadência dos bangüês e engenhos, devorados pelas modernas usinas-ponto fundamental dos romances de José Lins do Rego -, o poder político nas mãos de interventores, as constantes secas acirrando as desigualdades sociais e gerando mão-de-obra baratíssima, o intenso movimento migratório, a miséria, a fome.

O primeiro romance representativo do regionalismo nordestino, que teve seu ponto de partida no Manifesto Regionalista de 1926 , foi A bagaceira, de José Américo de Almeida, publicado em 1928. Verdadeiro marco na história literária do Brasil, sua importância deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho) e ao caráter social do que a seus valores estéticos.

FONTE:NICOLA, José de. Literatura Brasileira das origens de nossos dias

Biografia

Rachel de Queiroz ainda não havia completado 20 anos, em 1930 quando publicou O Quinze, o seu primeiro romance. Mas tal a sua força, que o livro despertou imediata atenção da crítica, que nele viu um digno continuador da nova fase da ficção brasileira iniciada com A Bagaceira, de José Américo de Almeida. Mais tarde, ao observar que o romance da jovem escritora cearense antecipava-se ao importante ciclo do romance nordestino, Otto Maria Carpeaux escrevia que "o grande êxito do livro firmou novo gênero".

Descendente de José de Alencar (uma de suas avós, D. Maria de Macedo Lima, era prima-irmã do autor de Iracema), Rachel de Queiroz nasceu em 1910, em Fortaleza, à Rua Senador Pompeu, 86. Mas sua família é de Quixadá, no sertão cearense, onde o pai da escritora foi juiz durante muito tempo. Expulsa de sua cidade pela terrível seca de 1915, a família Queiroz transferiu-se para Fortaleza, depois para o Rio e em seguida para Belém do Pará. Mas é ainda em Fortaleza que Rachel recebeu, em 1925, no Colégio Imaculada Conceição, o seu diploma de jornalista. Em 1927, sua família trocou definitivamente Quixadá por Fortaleza. Nesse mesmo ano Rachel de Queiroz ingressou no jornalismo, como colaboradora assídua do jornal O Ceará. E jornalista ela continua sendo até hoje, atividade que sempre exerceu, paralelamente a sua produção literária.

A Primeira edição de O Quinze saiu em Fortaleza, paga pela própria autora, numa modesta tiragem de mil exemplares, mas o livro teve imediata repercussão nos círculos literários não apenas da capital cearense, mas também do Rio e São Paulo, conquistando, em 1931, o Prêmio Graça Aranha, na época o mais importante laurel concedido pela crítica a uma estréia literária. Augusto Frederico Schmidt, Agripino Grieco e Gastão Cruls foram dos muitos escritores que receberam com entusiasmo o aparecimento de O Quinze; e Artur Moreira Lima em São Paulo, escreveu sobre o pequeno-grande romance um artigo que ficou famoso: "Romancista ao Norte".

Dois anos depois de O Quinze, Rachel de Queiroz publicou o segundo romance, João Miguel, ao qual se seguem Caminho de Pedras (1937), As três Marias (1939), Dôra, Doralina (1975), e O Galo de Ouro (1935). Rachel de Queiroz dedicou-se principalmente ao jornalismo, tendo colaborado no Diário de Notícias (Rio) e depois na revista O Cruzeiro, em O Jornal, Última Hora e Jornal do Comércio. Cronista primorosa, tem vários livros de contos publicados. No teatro escreveu Lampião e A Beata Maria do Egito. Na literatura infanto-juvenil tem O Menino Mágico e Cafuente e Pena-de-Prata.

Foi das mais ativas e seguras tradutoras brasileiras, tendo transposto para nossa língua mais de 40 obras.

Em 1957 recebeu o prêmio-consagração da Academia Brasileira de Letras, relativo a conjunto de obras: o Prêmio Machado de Assis.

Rachel de Queiroz mora desde 1931 no Rio, passando hoje parte do ano em sua fazenda, no Quixadá, no agreste sertão cearense, que ela tanto exalta e tão presente hoje em toda sua obra de romancista, de contista e de cronista.

Como experiência diplomática, devemos lembrar sua participação na 21a sessão da Assembléia Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegado do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem.

Integrou o Conselho Federal de Cultura desde sua criação em 1967 até 1985. É cidadã carioca, conforme título que lhe foi outorgado pela Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara, em 20 de novembro de 1970. Primeira escritora a integrar a Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz foi eleita em 4 de agosto de 1977, tomando posse em 4 de novembro do mesmo ano. Adonias Filho fez discurso de recepção.

FONTE:www.spacesports.com/~esquina/autores/rachel01.html