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Guidra

Guidra em um cartão postal do Marrocos

A Guidra é a dança de Bênçãos dos Tuareg. Em árabe, Guidra é também o nome da panela (ou caldeirão) que esses nômades carregam com eles. Essa panela era coberta com uma pele de animal para fazer um tambor. O ritmo Guidra é tipo: duh DAH m duh DAH/ dun DAH m duh DAH; semelhante ao Bulerias Flamenco, que é a mesma batida básica. Não é tocada tradicionalmente no derbake, e não são usados sons de "tek"s agudos. A Guidra utiliza encantamentos muçulmanos em suas músicas, mas obviamente tem outras associações.

Ao contrário de outras danças de transe do oriente médio (o Zaar, o Hadraa), ela não envolve o exorcismo de espíritos de demônios ou matar galinhas. É puramente benéfica e alegre. A Guidra que Morocco gravou no palácio do Rei Hassan durou três horas. Os movimentos são simples, mas, como todas as danças de transe, você deve se perder no movimento e sentí-lo antes de efetivá-lo. E o barato das danças de transe é que elas realmente funcionam - por exemplo, para alterar o estado de consciência.

As origens do povo Tuareg, como de outras tribos Berberes, se perderam no tempo. A cultura Tuareg, hoje, foi irremediavelmente danificada pela atual situação política, que os dividiu por várias áreas sob controle de diferentes governos. Os Tuareg são uma das muitas tribos Berberes; o "povo azul" é um sub-grupo dos Tuareg. Eles se chamam assim porque são realmente azuis - suas roupas são tingidas por um processo em que um pó índigo é socado no tecido, com uma pedra. Como os povos tribais do deserto não tomam muitos banhos, esse pó azul pega na pele. Aparentemente isso ajuda a manter a umidade da pele. Os Tuareg não se referem a si mesmos como "Tuareg", pois consideram um termo pejorativo. Eles se tornaram conhecidos como "O povo do Véu", ou "Kel Tagilmus" devido ao hábito dos homens Tuareg de usarem véu depois de certa idade, que as mulheres não usam.

Eles têm forte influência matriarcal em sua cultura. Os homens detêm posições de chefia e conselho, mas o mandato é hereditário pela linha feminina da família. Herança é pelo lado da mãe e um homem que se casa fora da tribo se mudará para a tribo da mulher. Um homem pode ascender na sociedade por se casar com uma mulher de "status" mais alto, mas as mulheres raramente se casam com um homem abaixo de sua posição. As mulheres disputam força. Os homens Tuareg são tidos entre os guerreiros mais ferozes do deserto, e entre os melhores comerciantes. Em resumo, a posição das mulheres Tuareg na sociedade deles é peculiar.

 Casamento e Cortejo Tuareg

Na cultura deles, é considerado vantagem ganhar experiência no amor - ambos homens e mulheres têm muitos amantes antes do casamento. O respeito e liberdade dados às mulheres Tuareg é comumente mal-interpretado por membros de outras tribos com mais restrições em relação às mulheres.

Antes do casamento as mulheres usufruem de uma surpreendente liberdade. Elas não fazem nenhum trabalho, mas, ao invés disso, dançam, cantam e fazem poesias.

Às mulheres Tuareg é permitido escolher seus parceiros; homens podem ter mais do que uma esposa, mas isso geralmente não acontece. Danças de cortejo são realizadas para dar aos jovens chance de se encontrarem: os "tendi" e os "ahal". Os tendi são, normalmente, uma celebração de tarde, enquanto os ahal acontecem de noite e podem ter um músico visitante.

Depois do casamento, é exigido bom comportamento de ambos os sexos, mas uma mulher pode ter amigos de ambos os sexos de uma maneira semelhante à cultura ocidental. Um provérbio Tuareg diz que "Homens e Mulheres perante o outro são para os olhos e o coração, não apenas para a cama".

Outra possível razão para não se compreender as virtudes das mulheres Tuareg é exemplificado pelo escritor que relatou que até 1956 a dança era apresentada com os seios nus. Segundo Morocco é mais provável que isso seja um mal-entendido devido ao fato dos homens de fora não terem acesso às mulheres tribais da Guidra; era mais provável que ele encontrasse prostitutas. Morocco acrescenta, também, que no sul do Marrocos (que fica no norte da África), como em grande parte do oriente médio, ainda não é nada de mais andar com o peito despido. Nessa parte do mundo o seio feminino é considerado mais útil do que erótico.

 Traje

A roupa tradicional das mulheres é essencial para dançar. É um haik formado de um pedaço muito grande de tecido. O haik é preso na frente com dois alfinetes, de desenho antigo, e uma longa corrente presa entre eles (similar ao Pentanulum celta). Se você não tem o haik tradicional, o melhor substituto é um caftan largo.

Há outra dança relacionada, feita para casamentos, em um vestido longo. Essa dança é a "Dança do Noivado de Tissint" e pode ser vista no vídeo de Morocco como parte da suíte de Guidra apresentada pelo grupo dela na seção "Benediction".

O tradicional toucado é decorado com conchas, assim como as tranças que pendem dele. Quaisquer outros itens podem ser acrescentados, à imaginação da dançarina. A dançarina entrelaça seu cabelo com os falsos para prender no toucado, que é um armação de fios decorada - uma peça circulando o topo da cabeça e a outra arcando do topo da peça frontal ao fim da peça inferior. Outras versões aparentam ser simplesmente uma massa de tranças enroladas no topo da cabeça.

Essa é uma roupa de deserto bastante prática, já que deixa um espaço aberto para o ar acima da cabeça. Esse penteado também mostra bem o tipo de balanços de cabeça que ocorrem nas danças de transe. As mãos também aparecem bem nessa fantasia, que cobre praticamente todo o resto do corpo. Movimentos de pés são geralmente com o pé todo no chão, e alguns movimentos ponta-ponta, calcanhar-calcanhar, movimentos deslizantes para o lado.

As mulheres Tuareg usam henna nas unhas dos pés e das mãos, e "kohl" (antimônio) nos olhos. Em ocasiões festivas, passam nas bochechas e testa uma tinta preparada com uma terra branca encontrada próximo a Agades, ou com ocres vermelhos ou amarelos.

 Coreografia

O ritmo básico põe ênfase na segunda batida, segundo Morocco. A Guidra é um ritual de 3 partes, a seguir:

   1. Palmas alternadas, um grupo batendo no 1, o segundo no 2. Elemento rítmico também provido por bater no "caldeirão".
   2. Encantamentos que se misturam para criar uma massa sonora, e
   3. a dançarina, que traduz essa energia para movimentos através de suas mãos.

O movimento básico é o "peteleco" de mão, que joga a energia para fora da dançarina. Fazer isso de formas diferentes tem significados diferentes. A dança começa com a cabeça coberta pela ponta da roupa (um haik, com um caftan usado por baixo; as cores são azul Tuareg e/ou preto). Isso simboliza estar na escuridão e a ausência de conhecimento ou compreensão. A dançarina começa mexendo as mãos e lentamente remove o tecido de volta ao toucado, quando ela se sente pronta. A coreografia não é complexa, mas ter as intenções certas e concentração é fundamental. A Guidra pode ser dançada por uma mulher, duas mulheres, ou uma mulher e uma criança.

Em cenários tradicionais, a dançarina poderá começar cumprimentando os espectadores, da seguinte forma: com ambas as mãos, pegando a mão da outra pessoa e tocando 3 vezes nas testas de ambos, depois apertando firmemente entre as próprias mãos. Amigos ou esposos beijariam as mãos 3 vezes depois (a dançarina faria isso através do véu). Pode também ser dado um “colar mágico” à dançarina, especialmente se o homem requisitou a dança dedicada a alguém. A dançarina pode começar tanto em pé (nesse caso, a dança é chamada de Tbal) como sentada.

A dança começa com "petelecos" de mão para as quatro direções (norte, sul, leste e oeste), depois para os elementos: Céu (acima), terra (abaixo), vento (para fora), água (descendo). As mãos também representam elementos cronológicos: para trás (passado), para os lados (presente) e para frente (futuro). Morocco também mencionou que no oriente acredita-se que o coração é leviano, então para dizer algo realmente sincero, diz-se “Sinto isso no meu fígado” (ao invés de “do fundo do coração”). Assim, para abençoar alguém, você dá um "peteleco" na barriga, no coração e depois na cabeça. Periodicamente você pode dar um "peteleco" em si mesma na altura dos ombros, para reabsorver parte da energia que você enviou.

À medida em que a energia sobe, a dançarina pode se sentir compelida a acrescentar balanços de cabeça, que fazem as tranças balançar para frente e para trás. Todos esses movimentos devem ser acentuados - e não graciosos ou delicados. A dançarina deve terminar a dança no chão. Na verdade, diz Morroco, ela deve ter o cuidado de lembrar que está apresentando uma encenação e não se envolver muito – ela já entrou em transe de verdade e acabou no chão sem ter planejado!

 Cânticos da Guidra

Nos cânticos da Guidra, os entoadores devem fazer o possível para manter um som contínuo entre as duas partes, pois isso ajuda a dançarina a alcançar o estado de transe. Palmas acompanham a percussão nos tempos e contratempos. Vá "na frente" da batida e não justamente nela. Use os cânticos maiores para o início da dança e termine com os mais frenéticos e curtos. O tempo real permanece constante e as palmas não aceleram. O entoador líder deve estar em contato com a dançarina para mudar os cânticos no momento apropriado. Todo o grupo deve trabalhar como um só para que isso realmente funcione. Todos os cânticos têm pelo menos 2 partes. Os líderes mudam para a parte seguinte e então aumentam a intensidade, assim que sentem que a dançarina está pronta.

Fonte: Karol Harding, Guedra: The FAQ

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