ANA BABY recorreu toda a quadra caminhando rápido e sem dar
oi pra ninguém, "com o olhar em outro mundo" disseram depois os
meninos do bairro "Villa Estadio" que a viram passar. Na loja
comprou um refrigerante "prá levar". Voltou para casa, passou
de longe na sala de jantar - onde estava o resto da família - e se trancou
no seu quarto. Seu irmão John Alexander diz que demorou cerca de meia hora
para a comida ficar pronta. O mesmo, por ordem de sua mãe, foi chamá-la.
Não abriu a porta. Passaram 10 minutos e isso começou a preocupá-lo.
Decidiu então procurar a chave. Quando abriu encontrou a sua irmã
agonizando na cama, meio refrigerante na mesa de cabeceira, umas
pastilhas atiradas no chão e o jornal do dia, aberto na página
em que anunciava "o maior show da história de Barranquilla".
A jovem de 15 anos foi levada com urgência à uma clínica da cidadela
20 de Julio, mas chegou morta. Havia ingerido uma dose mortal de
cianureto em pastilhas. Ana Baby se suicidou porque sua mãe lhe negou
a permissão para ir ao show de Shakira.
No mesmo dia de seu enterro foram sepultados outros dois jovens que
morreram asfixiados no tumulto ocasionado pelos fãs durante o show.
Nessa noite, segundo as testemunhas, houve histeria, gritos, choro e
delírio entre a multidão de 45000 pessoas que assistiram ao espetáculo.
A polícia não pode controlar a situação. O triste fato de que 3
pessoas faleceram num show ilustra tragicamente, mas do que
qualquer dado, a dimensão que havia adquirido, para a juventude
colombiana, Shakira Mebarak Ripoll.
Informe Especial
Revista Semana
Maio de 1997
Edição 785
Colombia