INSÂNIA
No mundo vago das idealidades
Afundei minha louca fantasia;
Cedo atraiu-me a áurea fulgidia
Da refulgência antiga das idades.
Mas ao esplendor das velhas majestadas
Vacila a mente e o seu ardor esfria;
Busquei então, na nebulosa fria
Das ilusões, sonhar novas idades.
Que desespero insano me apavora !
Aqui, chora um ocaso sepultado;
Ali, pompeia a luz da branca aurora.
E eu tremo e hesito entre um mistério escuro:
- Quero partir em busca do Passado,
- Quero correr em busca do Futuro.
paraíba - 1902.
Augusto dos Anjos