São
11 da manhã. Você sabe onde suas crianças estão?
Essa é uma pergunta que eles realmente devem fazer em Corpus
Christi, Texas,
uma úmida cidade semideserta na costa do Golfo com um severo toque
de recolher para adolescentes. Jonny
Lang, então,
é um contraventor insistente. O cantor e guitarrista não
apenas está fora depois da hora: ele também está num
bar,
onde muitas
centenas de estudantes em férias estão curtindo o garoto
de 16 anos mostrar os blues do século 20.
Lang leva sua
banda de adultos grisalhos por um espétaculo emocionante e agitado;
quando ele toca sua guitarra, seus olhos
ficam vesgos
e as veias de seu pescoço incham, a boca abre com entusiasmo no
que apenas pode ser chamado de "rosto de
solo de guitarra".
E para que Corpus Christi não fique preocupada demais, Lang está
sob a supervisão de seu empresário de
turnê
com cavanhaque e brinco na orelha, o homem que prepara as guitarras e passa
as camisas. Seu nome é Jon Langseth e,
sim, ele também
atende por dad (papai).
Como LeAnn
Rimes e Daniel Johns, Lang é louro, bonito, um fenômeno precoce
cuja música fala mais alto do que sua
certidão
de nascimento. O garoto de fazenda nascido em Dakota do Norte (ele atualmente
chama Minneapolis de lar) estreou
em janeiro
na gravadora A&M com Lie to Me. Com a sensual faixa-título aparecendo
nas rádios e na MTV, ele tem o
potencial
de ser uma mistura de roqueiro com bluseiro no nível dos Fabulous
Thunderbirds, com o próprio Jimmie Vaughan
aparecendo
de repente numa apresentação recente de Lang em Austin, Texas.
Agora o mais jovem carrega uma folha de
bloco com
uns rabiscos do número do telefone da casa de Vaughan.
Há três
anos, porém, Lang não conhecia Vaughan, muito menos Buddy
Guy. Ele nunca tinha pego numa guitarra antes de seu
13º aniversário.
Um ano depois, após tocar o dia todo, todos os dias, até
os amigos e os pais ficarem malucos com ele, estava
liderando
a banda que o apresentou ao blues, que foi rebatizada de Kid Jonny Lang
and the Big Bang. O Kid era basicamente
um vocalista,
graças a uma voz áspera e seca, que foi descrita por Paul
Barrere, da Little Feat, "como a voz de um homem que
tem estado
bêbado por três ou quatro anos". Lang é menos impressionado.
"Não gosto de me escutar cantando", diz. "Você
sabe como
é quando você se escuta na secretária eletrônica?"
Lang considera
artistas como Albert Collins e Sonny Boy Williamson como sua principal
raiz. "Tenho uma paixão profunda
pelo blues,
é impossível não gostar dele." Mas ele cresceu escutando
Motown e sua música particularmente faz evocações
a
rhythm and
blues e boogie, especialmente quando ele imita no palco Otis Redding ou
Jimi Hendrix.
Foi dito muitas
vezes que o blues não tem cor; no caso de Lang, ele também
não tem idade. "Isso não é uma questão, se
ninguém
fizer disso uma questão", diz esperançoso. Seus colegas de
banda fazem, mas apenas por brincadeira. Paul Diethelm
brinca dizendo
que faz uma marca no suporte do microfone toda vez que Lang cresce uma
polegada. "O Prodígio" (como
sarcasticamente
se referem a ele) tem a própria piada sobre o assunto, brincando
que pede sua Shirley Temples com "groselha
extra para
que possa ter algum tipo de barato".
Lang não
dá importância à idéia de que é preciso
ter uma vivência de sofrimento para fazer a guitarra não tão
suavemente
chorosa. "Todo
mundo tem seus problemas, mas não é de onde eu retiro minha
energia para tocar", diz. "Não retiro de coisas
negativas,
o blues é universal e apenas me sinto um felizardo por estar tocando."
(Tradução de Rodrigo Garcia)
--------------------------------------------------------------------------------
Copyright
1997 - O Estado de S. Paulo - Todos os direitos reservados
