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Jonny Lang prova que o blues não tem idade - O Estado de S. Paulo
 
(Artigo escrito por Jason Cohen na Rolling Stone Magazine de 1997)

São 11 da manhã. Você sabe onde suas crianças estão? Essa é uma pergunta que eles realmente devem fazer em Corpus
Christi, Texas, uma úmida cidade semideserta na costa do Golfo com um severo toque de recolher para adolescentes. Jonny
Lang, então, é um contraventor insistente. O cantor e guitarrista não apenas está fora depois da hora: ele também está num bar,
onde muitas centenas de estudantes em férias estão curtindo o garoto de 16 anos mostrar os blues do século 20.

Lang leva sua banda de adultos grisalhos por um espétaculo emocionante e agitado; quando ele toca sua guitarra, seus olhos
ficam vesgos e as veias de seu pescoço incham, a boca abre com entusiasmo no que apenas pode ser chamado de "rosto de
solo de guitarra". E para que Corpus Christi não fique preocupada demais, Lang está sob a supervisão de seu empresário de
turnê com cavanhaque e brinco na orelha, o homem que prepara as guitarras e passa as camisas. Seu nome é Jon Langseth e,
sim, ele também atende por dad (papai).

Como LeAnn Rimes e Daniel Johns, Lang é louro, bonito, um fenômeno precoce cuja música fala mais alto do que sua
certidão de nascimento. O garoto de fazenda nascido em Dakota do Norte (ele atualmente chama Minneapolis de lar) estreou
em janeiro na gravadora A&M com Lie to Me. Com a sensual faixa-título aparecendo nas rádios e na MTV, ele tem o
potencial de ser uma mistura de roqueiro com bluseiro no nível dos Fabulous Thunderbirds, com o próprio Jimmie Vaughan
aparecendo de repente numa apresentação recente de Lang em Austin, Texas. Agora o mais jovem carrega uma folha de
bloco com uns rabiscos do número do telefone da casa de Vaughan.

Há três anos, porém, Lang não conhecia Vaughan, muito menos Buddy Guy. Ele nunca tinha pego numa guitarra antes de seu
13º aniversário. Um ano depois, após tocar o dia todo, todos os dias, até os amigos e os pais ficarem malucos com ele, estava
liderando a banda que o apresentou ao blues, que foi rebatizada de Kid Jonny Lang and the Big Bang. O Kid era basicamente
um vocalista, graças a uma voz áspera e seca, que foi descrita por Paul Barrere, da Little Feat, "como a voz de um homem que
tem estado bêbado por três ou quatro anos". Lang é menos impressionado. "Não gosto de me escutar cantando", diz. "Você
sabe como é quando você se escuta na secretária eletrônica?"

Lang considera artistas como Albert Collins e Sonny Boy Williamson como sua principal raiz. "Tenho uma paixão profunda
pelo blues, é impossível não gostar dele." Mas ele cresceu escutando Motown e sua música particularmente faz evocações a
rhythm and blues e boogie, especialmente quando ele imita no palco Otis Redding ou Jimi Hendrix.

Foi dito muitas vezes que o blues não tem cor; no caso de Lang, ele também não tem idade. "Isso não é uma questão, se
ninguém fizer disso uma questão", diz esperançoso. Seus colegas de banda fazem, mas apenas por brincadeira. Paul Diethelm
brinca dizendo que faz uma marca no suporte do microfone toda vez que Lang cresce uma polegada. "O Prodígio" (como
sarcasticamente se referem a ele) tem a própria piada sobre o assunto, brincando que pede sua Shirley Temples com "groselha
extra para que possa ter algum tipo de barato".

Lang não dá importância à idéia de que é preciso ter uma vivência de sofrimento para fazer a guitarra não tão suavemente
chorosa. "Todo mundo tem seus problemas, mas não é de onde eu retiro minha energia para tocar", diz. "Não retiro de coisas
negativas, o blues é universal e apenas me sinto um felizardo por estar tocando." (Tradução de Rodrigo Garcia)

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