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MANGUEIRAS DE INCÊNDIO


Quem pode ter a certeza de que este equipamento irá funcionar adequadamente quando da necessidade de sua utilização? Como é que devemos proceder para garantir que as mangueiras de incêndio irão funcionar quando uma situação real de risco ocorrer?

Recentemente fomos surpreendidos por notícia veiculada pelo jornal "O Estado de São Paulo" e até mesmo pela TV através da "Rede Globo", de que quatro fabricantes brasileiros responsáveis por 95% das Mangueiras de incêndio comercializadas no Brasil, tiveram seus produtos do tipo "predial" REPROVADOS pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Normalização- INMETRO, após análises laboratoriais coletadas no mercado.

Se produtos novos, recentemente fabricados já não atendem às normas brasileiras, como é que poderemos garantir que as antigas mangueiras de incêndio que protegem nosso bem maior a vida e patrimônio irão funcionar? Todas estas perguntas podem assustar o consumidor, mas existem algumas alternativas para que possamos tranquilizar quem tiver algum interesse no assunto.

Evidentemente, ninguém é obrigado a saber detalhes técnicos profundos pertinentes ao produto, mas a título de curiosidade podemos resumir uma mangueira de incêndio como sendo um duto flexível que conduz água em grande quantidade, normalmente a uma pressão relativamente alta para permitir um bom alcance de jato.

Este duto normalmente é constituído por um tubo de tecido de pontos bem fechados, revestidos internamente por outro tubo de borracha, ambos sem emendas, possuindo conexões de latão nas duas extremidades.

Muitos usuários sequer atentam para um fator muito importante que é o da vida útil da mangueira. Muito comum é comprar, colocá-la em seu abrigo e esquecer que ela existe.

No dia que seu uso tornar-se necessário surpresas poderão surgir tais como:

  1. A água simplesmente não circular em seu interior dando a impressao de que o tubo interno está "colado"
  2. A mangueira possuir muitos vazamentos, mais parecendo uma mangueira de "irrigação" ou um "chuveiro"
  3. Finalmente as conexões escaparem impedindo totalmente o uso da mangueira

Pode parecer estranho, mas estas situações são perfeitamente possíveis de acontecer, mesmo que a mangueira tenha sido rigidamente fabricada conforme as Normas pertinentes. Não queremos confundir o leitor mas sim alertá-lo de que uma mangueira de incêndio tem que sofrer inspeções periódicas mesmo que nunca tenha sido utilizada, pois, o tubo têxtil bem como o de borracha envelhecem naturalmente independentemente do uso do produto. Existe um processo de envelhecimento natural que reduz a resistência da carcaça e da borracha interna. Uma analogia pode ser feita com os pneus de um carro que ficou por mais de um ano parado na garagem.Fissuras e rachaduras poderão ser observadas na banda de rodagem, fruto de um tipo de envelhecimento.

Para manter as mangueiras em condições de uso, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas possui uma Norma específica para o assunto.Trata-se da NBR 12779, publicada em Dezembro de 1992 com o título "Inspeção, manutenção e cuidados em mangueiras de incêndio". Os consumidores interessados nesta questão têm duas alternativas a explorar.A primeira seria contratar uma empresa capacitada para fazer testes de pressão hidrostática nas mangueiras de sua propriedade, solicitando ao executor dos serviços um laudo técnico que ateste a capacidade de resist6encia dos produtos, para garantir que estes estejam aptos para o uso. A segunda alternativa, considerando-se que a responsabilidade do estado de conservação das mangueiras é do proprietário, seria ele mesmo fazer estes testes. Antes de partir para esta investida, deve-se certificar-se se é disponível um local apropriado para testar e secar as mangueiras. Além disso, será necessário investir num esguicho do tipo regulável.

A Norma de inspeção recomenda os testes em mangueiras antigas exatamente na pior situação possível de utilização conforme descrito a seguir: "Mangueiras cujo tipo ou requisitos não correspondam ao definido ou especificado na NBR 11861 podem ser hidrostaticamente ensaiadas no próprio sistema de proteção ao qual pertencem, desde que se utilize como tomada de pressão o hidrante cuja pressão de saída seja previamente conhecida, como sendo o maior do sistema. (Em sistemas com caixa elevada, por exemplo, edifícios residenciais, normalmente o hidrante de maior pressão é localizado no pavimento térreo ou subsolo). Nesta situação, o executor do ensaio deve utilizar-se de um esguicho regulável na extremidade livre da mangueira e perfazer , no mínimo, duas operações completas de abertura e fechamento antes da verificação de vazamentos, ruptura de fios e/ou deslizamento das uniões em relação ao corpo da mangueira."

Já, para mangueiras fabricadas segundo os requisitos da NBR 11861, o teste de pressão deve ser efetuado conforme o tipo da mangueira, nas pressões indicadas na tabela abaixo:

MANGUEIRA TIPOPRESSÃO DO TESTE EM KPA
11.225
2,4 e 51.665
31.765

A classificação da mangueira é definida na norma de fabricação NBR 11861, devendo o tipo estar gravado no seu corpo.

Outro aspecto muito importante é a secagem da mangueira após ter sido testada. Apesar de a mangueira ser duto flexível para conduzir água, não deve ser acondicionada sem ter sido previamente secada sob o risco de apodrecer ou envelhecar precocemente. Como equipamentos de secagem são normalmente máquinas especiais que secam com determinada rapidez, a Norma sugere como alternativa nada mais que um piso inclinado e a sombra para que a mangueira seja esticada (nunca dobrada)e a ventilação natural se encarregará do resto (é só uma questão de tempo e paciência).

Uma forma de retratar o envelhecimento da mangueira é após sua total secagem, enrolá-la formando um novo vinco, ou seja, a posição anterior de dobra deve ser distencionada. Outro procedimento recomendado por alguns fabricantes é de soprar algum tipo de talco industrial no interior do tubo de borracha (por exemplo, Carbonato de Cálcio), também após a total secagem ter sido obtida.

Caso a mangueira esteja externamente, é recomendável proceder uma lavagem com sabão neutro e água potável abundante, utilizando-se de uma escova com cerdas plásticas bem macias (nunca esfregue a mangueira com objetos abrasivos).

Qualquer que seja a opção, fazer você mesmo ou pagar pelo serviço, é muito importante saber quais são as reais condições das suas mangueiras de incêndio, pois, a qualquer momento poderemos precisar utilizá-la e surgirem surpresas extremamente desagradáveis. Finalmente , é importante ressaltar novamente que mangueiras de incêndio não duram a vida toda, mesmo que nunca tenham sido utilizadas.

Seguem aqui algumas "dicas" para a elaboração de um plano de treinamento para as empresas prestadoras de serviços de manutenção e recarga de extintores de incêndio:

  1. Relacione todas as atividades desenvolvidas na empresa
  2. Para cada atividade, nomeie quais pessoas estão aptas a executá-las.Neste momento, deve ser considerado apto, aquele indivíduo que recebeu treinamento formal
  3. Identifique quais são as atividades críticas que necessitam de "pessoal reserva"
  4. Marque novamente na sua relação quais são os prováveis substitutos (nunca esqueça que alguém, algum dia, irá faltar, tirar férias,etc)
  5. Estabeleça uma ordem de prioridades para as atividades de cunho crítico positivo para cunho crítico negativo, colocando datas para cada tipo de treinamento específico.

Nunca esqueça que "santo de casa não faz milagres" e . portanto, ao menos algum tipo de atividade poderá ser manifestada por pessoal externo contratado especificamente para tal. Finalmente, outro aspecto importante é o da reciclagem. As pessoas, por serem apenas pessoas, tem o direito de esquecer certos detalhes cuja prática não seja corriqueira, daí a necessidade de reciclar periodicamente alguns conhecimentos já adquiridos, porém esquecidos pela falta de uso.

(Informativo Técnico publicado na revista PROTEGER de Jan/Fev de 99 por Eng. Irineu Buller Almeida Junior)