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Fábula dos porcos espinhos
Durante a era glacial, muito
remota, quanto parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas
de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram
indefesos, por não se adaptarem as condições
do clima hostil. Foi então
que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger
e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se
mais e mais. Assim, cada um podia
sentir o calor do corpo do outro. E
todos juntos, bem unidos,
agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando
por mais tempo aquele inverno tenebroso.
Porém, vida ingrata,
os espinhos de cada um começaram a ferir os
companheiros mais próximos,
justamente àqueles que lhes forneciam mais calor
vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos,
magoados,
sofridos. Dispersaram-se, por
não suportarem mais tempo os espinhos dos seus
semelhantes. Doíam muito... Mas
esta não foi a melhor solução: afastados separados,
logo começaram a
morrer congelados.
Os que não morreram,
voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com
precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava
uma certa
distância do outro, mínima,
mas o suficiente para conviver sem ferir,
para sobreviver sem magoar,
sem causar danos recíprocos.
Assim aprenderam a conviver
nos momentos difíceis, a estarem juntos, uns
respeitando os espinhos dos outros,
a darem calor e amizade sem se doerem,
a sobreviverem felizes.
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Tributo à um cão
Este texto foi
apresentado a um júri pelo ex-senador George G. Vest ( então
advogado ) que representou o
proprietário de um
cão morto a tiros, propositadamente pelo vizinho. O fato ocorreu
há mais de um século na cidade de Warrensburg, Missuri, EUA.
O senador ganhou o caso e hoje existe uma estátua do cão
na cidade. Seu
discurso está inscrito
na entrada do tribunal de justiça, ainda existente na cidade.
" ... O
mais altruísta dos amigos que um homem pode ter neste mundo egoísta,
aquele que nunca o abandona e nunca mostra ingratidão ou deslealdade,
é o cão.
Senhores jurados, o cão permanece com seu dono na prosperidade e
na pobreza, na saúde e na doença. Ele dormirá no chão
frio, onde os ventos invernais sopram e a neve se lança impetuosamente.
Quando só ele estiver ao lado de seu dono, ele beijará a
mão que não tem alimento a oferecer, ele lamberá as
feridas e as dores que aparecem nos encontros com a violência do
mundo. Ele guardará o sono de seu pobre dono como se fosse um príncipe.
Quando todos os amigos o abandonarem, o cão permanecerá.
Quando a riqueza desaparece e a reputação se despedaça,
ele é constante em seu amor, como o Sol na sua jornada através
do firmamento. Se a fortuna arrasta o dono para o exílio, o desamparo
e o desabrigo, o cão fiel, pede o privilégio maior de acompanhá-lo,
para protegê-lo contra o perigo, para lutar contra seus inimigos.
E quando a última cena se apresenta, a morte o leva em seus braços
e seu corpo é deixado na laje fria, não importa que todos
os amigos sigam seu caminho : Lá ao lado de sua sepultura se encontrará
seu nobre cão, a cabeça entre as patas, os olhos tristes,
mas em atenta observação, fé e confiança mesmo
à morte. "
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