
A SAGA DO SÃO BERNARDO
A imagem do São Bernardo, com um pequeno barril de álcool no pescoço, salvando um viajante perdido nas montanhas, consagrou-se, embora nunca tenham efetivamente carregado o pequeno barril de álcool.
Em 1050 foi criado em Valais, Suíça (no desfiladeiro do Grande São Bernardo), a 2.472 metros de altitude, a Pousada do Grande São Bernardo para garantir a segurança dos viajantes. Mas os cães só chegaram em 1660, doados aos frades pelos nobres dos arredores, para que os protegessem dos bandidos.
Em 1700, já tinham sido treinados para ajudarem na preparação da comida, utilizando um engenhoso mecanismo: ao acionarem uma roda, caminhando sobre ela, faziam girar um espeto. 50 anos depois, começaram a ser utilizados para guiarem os viajantes, que atravessavam o desfiladeiro do Grande São Bernardo durante a época de inverno.
Por volta
de 1660 os frades do Grande São Bernardo começaram a contar
com ajuda dos cães, para os quais a primeira missão confiada
foi a guarda do albergue. Como os monges estavam obrigados pela tradição
a acolher todos os viajantes que pedissem hospedagem, sem qualquer discriminação,
também se viam forçados a receber bandoleiros disfarçados.
Os cães tornavam-se então uma proteção muito
apreciada.
| Só em meados do século XVIII os São Bernardos começaram a ser utilizados como cães de busca e salvamento na neve. Todos os anos os monges contratavam um criado, denominado de marronnier que tinha que descer diariamente ao Bourg – Saint – Pierre, guiando as pessoas que iam atravessar a montanha. Se algum viajante estava em apuros por esgotamento ou porque tinham sido apanhados por uma avalanche, o marronnier ia buscá-los. Os cães começaram até mesmo a efetuar salvamentos por iniciativa própria sempre que havia gente em perigo. |
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Verdadeiros cães de avalanche, deviam indicar, escavando na neve, o lugar em que estava sepultada uma vítima ainda viva; se a pessoa já tivesse morrido, só precisava sentar-se.
Alguns cães dedicavam-se a outras tarefas; por exemplo, eram ensinados a usar uma pequena sela acolchoada com dois recipientes tampados, um de cada lado; assim equipados, iam com um empregado buscar leite e manteiga.
O São Bernardo tornou-se famoso em 1800. Em Maio desse ano, o exército de Bonaparte, que marchava sobre Marengo, atravessou o desfiladeiro sem perder nenhum dos seus quarenta mil homens graças, sem dúvida, aos São Bernardos.
Foi nesse
mesmo ano que nascer Barry, o mais ilustre de todos os São Bernardos.
BARRY
Foi este salvador excepcional, famoso em todo o mundo, que fez a raça
São Bernardo ser conhecida. Já o nome "Barry" tem a sua história.
Provém da palavra do dialeto alemão "bari", que, por sua
vez, deriva de "bâr", que significa urso. O famoso Barry devia estar
predestinado, pois o seu nascimento coincidiu com a travessia do desfiladeiro
do Grande São Bernardo por Napoleão Bonaparte, em Maio de
1800. Barry desde cedo demonstrou que estava dotado para trabalhar na montanha,
o que não era de espantar já que os monges sabiam que descendia
de uma antiga família de cães de salvamento.
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Meissner escreveu, em 1916, no Alpenrosen: "Durante doze anos, trabalhou e desempenhou fielmente a sua tarefa com os desaventurados. Ele salvou mais de quarenta pessoas ao longo de sua vida. Desenvolvia uma atividade extraordinária. Nunca foi preciso forçá-lo ao trabalho. Sempre que percebia que havia alguém em perigo, corria em sua ajuda; se sozinho não podia fazer nada, voltava ao convento para pedir ajuda com latidos e diferentes atitudes. A sua façanha mais conhecida foi, sem dúvida, o salvamento de um garoto, a quem despertou lambendo e que levou até o albergue carregado nas costas. A história de que Barry teria morrido na tentativa de salvar um viajante não corresponde à realidade. Quando o superior do albergue percebeu que o cão estava muito velho para continuar a trabalhar, enviou-o para Berna, onde morreu em 1814, dois anos depois." |
A tradição não desapareceu com Barry, pois o sucederam Barry II e Barry III. O primeiro, que nasceu no começo do século XX, era um animal notável, de grande tamanho. O segundo morreu numa missão em 30 de Agosto de 1910, quando uma placa de gelo o fez cair de uma grande altura. Mas outros São Bernardos têm se mantido incansáveis nessas missões. A sua abnegação não tinha limites. Se encontrava uma criança em apuros, lambia-a e fazia com que ela se agarrasse nele. Quando sentia que um homem estava em perigo, corria para ajudá-lo.
Como foi
mencionado antes, Barry (1800-1814) é o mais famoso cão São
Bernardo. O Hospice continua a honrar Barry tendo sempre um cachorro chamado
Barry. Ate agora nenhum descendente de Barry alcançou notoriedade
parecida.
O Barry remontando, colocado
em exibição no Museu de Historia Natural de Berne, mostra
um cão grande e forte, mas muito menor que o moderno São
Bernardo. Enquanto os atuais São Bernardos pesam 65 a 85 kg, Barry
pesava abaixo de 50kg (provavelmente entre 40kg e 45kg). A altura do Barry
remontado é de aproximadamente 64cm, mas Barry quando estava vivo
era provavelmente um pouco menor. Suas marcações são
muito similares aquelas marcações em uma pintura de Salvatore
Rosa, uma pintura que ainda esta no Hospice.
Barry 2 |
O Barry empalhado mostra um compromisso entre o que o taxidermista (ou seu chefe, o diretor do Museu) pensava que era um bom representante do cão São Bernardo e o a maneira que Barry realmente se parecia. Depois, o formato do esqueleto foi alterado para representar o que era popular em 1923. Na realidade, o esqueleto de Barry era mais reto com um stop moderado. Em outras palavras, Barry era um verdadeiro, "Küherhund" (cachorro de rebanho). |
Por alguma razão desconhecida, o taxidermista estava convencido a modelar uma cabeça maior com um stop mais pronunciado. Embora Barry não tenha ganho fama como um modelo de São Bernardo perfeito, ele foi agraciado por seus feitos no trabalho de resgate, tendo salvo 40 vidas ou mais. Esse numero é disputável. Para os monges no monastério, o cuidado para os viajantes era um trabalho diário assim como a garantir que os viajantes chegassem seguramente.
A inscrição
no Monumento a Barry (que por falar nisso, mostra um cão pelo longo,
nada parecido com um São Bernardo!) em Asnière perto de Paris
diz: "Il sauva la vie à 40 personnes. Il fut par le 41ème"
(Ele salvou as vidas de 40 pessoas. Ele foi morto pelo 41o). Como mencionado
anteriormente, isso não é verdade.
| Barry foi trazido a Berna por um monge em 1912. Isto é um fato confirmado por Heinrich Schumacher em 1866. Barry permaneceu em Berna e finalmente morreu com 14 anos. Seu corpo foi empalhado e colocado em exibição. O Taxidermista deu a Barry uma atitude mais humilde porque Prior queria que Barry servisse como um lembrete da servidão a futuras gerações. EM 1923, o velho Barry estufado foi remontado. Barry tinha se tornado bem frágil e sua pelagem foi dissolvida em mais de 20 partes. Graças ao novo taxidermista, Georg Ruprecht que Barry esta são bem preservado. |
Barry 3 |