BADEN-POWELL, fundador do EscotismoRobert Stephenson Smyth
Baden-Powell nasceu em Londres a 22 de Fevereiro de 1857. Foi o
quinto dos sete filhos do Reverendo Professor Baden-Powell.
Foi com seu irmão mais velho que o nosso BP aprendeu a manobrar
um barco, a acampar, a cozinhar e a obedecer às ordens com
rapidez e elegância.
Fizeram expedições por todo o país e mares vizinhos, e assim
BP aprendeu as regras da exploração e da vida ao ar livre.
BP costumava ir para aos jardins da escola Chatterhouse, onde
estudou , para observar os animais, apanhar por vezes um coelho,
que assava numa fogueira e aí desenvolvia as suas habilidades na
construção de abrigos e aprendia a usar um pequeno machado.
Era muito popular na escola, mas não era um estudante de grande
evidência ou um grande atleta, embora tomasse parte em muitas
atividades com toda a energia que tinha, e esta era
considerável. Tinha habilidade para desenhar, para cantar
canções cômicas e para representar, e em toda a sua vida usou
em cheio todos estes talentos.
Em 1876 fez exame de aptidão à Academia Militar e fê-lo tão
bem que imediatamente recebeu a patente de Alferes do Regimento
de Hussardos nº 13, então colocado na Índia. Muito cedo se
distinguiu não só pelo zelo no cumprimento dos seus deveres,
mas também nas habilidades desportivas e boa camaragem. De tal
modo que em 1883, com a idade de 26 anos, era Capitão e Ajudante
do Regimento. Era perito em exploração e espionagem; tanto
assim, que foi autoridade reconhecida nestes assuntos. Como
desportista notabilizou-se na montaria ao Javali - desporto
arriscadíssimo mas muito apreciado pela equitação e pela
perspicácia que exige no seguimento das pistas. Muitas vezes
vagueava sozinho pelas regiões mais silvestres, observando os
animais e aprendendo-lhes os costumes.
Como passatempo, estava sempre desejoso, tanto de cantar uma
canção e tomar parte num concerto ou ópera, como de pintar um
cenário ou desenhar os populares.
O regimento deixou a Índia em 1884 e no regresso a viagem foi
interrompida no Natal (território da África do Sul) porque se
receava um conflito com os Boers. Foi durante esta
primeira primeira visita àquela região que BP entrou em
contacto com os Zulus. Começou então a colher informações
secretas, disfarçado de jornalista.
Em 1887 foi de novo para África como ajudante de campo de seu
tio, que era Governador da Província do Cabo. BP satisfez o seu
primeiro desejo de serviço ativo numa campanha contra os Zulus.
Foi então que ouviu o coro "Ingoniama" cantado por uma
coluna de Zulus em marcha. Os nativos deram-lhe o nome
"M'hlaha Panzi" - o homem que se deita para disparar -
significado que ele tinha cuidado ao apontar ou pensava antes de
agir.
Em seguida fez serviço em Malta e simultaneamente foi nomeado
Oficial de Informação para o Mediterrâneo. Isto deu-lhe mais
aventuras como espião e ensinou-lhe ainda mais da exploração.
Em 1893 foi escolhido para uma missão especial contra os Ashanti.
Muitas das suas experiências de observação e dedução, bem
como muitos dos episódios que viveu foram por ele mais tarde
aproveitados na educação dos jovens Escoteiros.
A missão que em seguida lhe foi confiada foi o comando do
Regimento de Dragões 5, então em serviço na Índia. Foi com
pena que deixou o seu velho regimento; mas lançou-se no novo
trabalho com todo o seu habitual entusiasmo e eficiênia.
Procurou que os seus soldados encontrassem a felicidade mesmo nas
dificuldades e procurou conquistar-lhes rapidamente a confiança.
Mas a sua realização mais importante foi nos métodos de
treino. Porque achava importante, procurou que a expedição se
tornasse popular. Os homens eram divididos em pequenas unidades
de meia dúzia - a que nós depois no Escotismo chamaríamos
Patrulhas - sob o comando de um deles - o nosso Monitor. Aqueles
que melhor desempenhassem os seus deveres tinham o privilégio de
usar uma insígnia especial - uma Flor de Lis - que na bússola
indica o rumo do Norte.
Em 1899 BP regressou a casa, mas logo se lançou noutro
empreendimento. Trouxera consigo da Índia o manuscrito de um
pequeno livro chamado "Aids to Scouting"
("Auxiliar do Explorador") que continha as palestras
que fizera aos seus soldados, com muitos exemplos de observação
e dedução.
Antes que o livro fosse publicado, já ele estava de novo a
caminhos da África do Sul, onde se preparava uma guerra com os Boers.
A sua missão era organizar uma frente militar pronta para
qualquer emergência.
Quando a guerra estalou estava ele em Mafeking com parte das suas forças. Quase ao mesmo
tempo, um exército Boer de 9.000 homens pôs cerco à pequena
cidade. Não é o objectivo principal deste texto descrever a
história do famoso cerco; contudo é justo salientar que foi
nele que o nome de BP galgou as fronteiras de todos os países,
tornando-se conhecido em todo o mundo, pois defendeu a cidade
durante 217 dias das poderosas forças inimigas e foi graças à
sua alegria e à sua desenvoltura (ao seu
"desenrascamento") que a cidade não foi tomada. Para
os Escoteiros "Mafeking" tem uma grande importância.
Os rapazes da cidade foram organizados num corpo de mensageiros e
BP impressionou-se pela maneira como eles levavam a cabo as suas
missões. Viu que, se lhes fosse confiada qualquer
responsabilidade, eles se sairiam bem em qualquer ocasião.
Como reconhecimento do seu comportamento em Mafeking, B.P. foi
promovido a Brigadeiro sendo o mais novo do Exército e herói do
Reino Unido.
Outro fato, entretanto, lhe tinha chamado a atenção: vira que o
seu pequeno livro "Aids to Scounting" tinha sido
adotado como compêndio na educação da juventude. O fundador da
Brigada dos Rapazes, Sir William Smith, pediu-lhe que adotasse os
métodos de exploração à formação dos jovens. BP estudou um
plano e em 1907 fez um acampamento experimental na ilha de Brownsea, com duas dezenas de rapazes de todas as
classes. Este acampamento foi tão bem sucedido que resolveu
escrever tudo o que tinha ensinado à volta do "Fogo de
Conselho". Assim nasceu o "Escotismo para
Rapazes". Foi primeiro publicado em fascículos quinzenais,
nos primeiros meses de 1908. Os rapazes buscavam-no por toda a
parte e rapidamente formaram Patrulhas com os seus amigos. O
número cresceu depressa - pelos fins de 1908 havia 60.000
Escoteiros - e BP teve que se esforçar muito para conseguir
inisígnias, uniformes, cartões de filiação, etc ...
Os últimos tempos passou-os no Quénia onde veio a falecer no
dia 8 de Janeiro de 1941, após uma vida de inteira dedicação
aos jovens.