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Pais e educadores

 

A importância de brincar

Nos tempos que correm, os pais parecem obcecados pelo sucesso escolar dos filhos, o que não é de admirar se pensarmos na competitividade do meio profissional, no desemprego e no consumo desenfreado.

 A nossa principal preocupação é a de que os nossos filhos se preparam o melhor possível para um dia mais tarde lutarem com unhas e dentes nessa selva que é o mercado de trabalho.

Na ânsia louvável de os ajudar a vir a ser alguém, esquecemo-nos de uma coisa fundamental: as crianças também precisam de brincar, de perder horas infindas a fazer aquilo que realmente lhes apetece.

Brincar está profundamente ligado à aprendizagem, principalmente nos primeiros anos, e é através dos brinquedos e das brincadeiras que a criança descobre o seu papel no mundo.

Explorando sítios novos, que imaginam ser grutas de piratas e cavernas de Ali Babá, acreditando ser reis, princesas, soldados e ladrões, etc., os miúdos aprendem a conhecer o ambiente que os rodeia e a aperfeiçoar as suas relações com os outros.

Por vezes acontece os pais estarem tão ocupados a pensar quais os brinquedos mais didácticos que podem comprar para os filhos, e quais os que vão fazer ficar mais inteligentes que os outros meninos, que se esquecem de que uma boa brincadeira não exige nada de muito dispendioso ou sofisticado.

É a velha história do menino a quem mostraram  uma dezena de brinquedos, cada um mais fantástico do que o outro, e escolheu uma velha fisga que estava em cima da uma mesa.

A maneira como os pais reagem às brincadeiras está intimamente ligada ao prazer que as crianças retiram delas. Se estes transmitem ao filho a ideia de que brincar é pouco importante, ela não poderá divertir-se em pleno.

Não se preocupe com aquele quarto eternamente desarrumado com puzzles, cubos e blocos de todas as cores é um verdadeiro passaporte para que o seu filho venha a estar entre os primeiros da turma, pois estes  brinquedos para montar estimulam a criatividade da criança.

Os especialistas sugerem que os pais ofereçam aos filhos a maior quantidade possível de brinquedos de montar que se possam transformar em inúmeras coisas, em vez de outros que sejam aquilo que está à vista e nada mais.

Os brinquedos com funções muito limitadas, além de pouco apelativos, despertam o interesse das crianças durante muito menos tempo.

Uma caixa cheia de areia, uma bisnaga, material para pintar e papel, plasticina e roupas velhas com que possam inventar máscaras criativas estimulam a imaginação de forma excelente e são muito mais baratos.

Um adulto que encoraja uma criança a brincar deve dar-lhe ideias e ajudá-la a pô-las em prática, mas deve deixá-la adaptar as brincadeiras à sua maneira e dar-lhes o seu cunho pessoal.

Se sugerir uma brincadeira ao seu filho, não tente impor-lhe a sua vontade, dizendo-lhe  que era mais giro se ele fizesse assim ou assado, ou chegando ao cúmulo de ser você a fazer tudo sozinha. Ele terá muito mais orgulho nos biscoitos defeituosos ou na torre em equilíbrio precário que fez com as próprias mãos do que uma grande obra de arte, toda perfeitinha, feita por si.

Para além disso, só dando à sua imaginação e vontade a criança pode desenvolver a sua curiosidade natural e autoconfiança. Deixe que ela assuma as rédeas da brincadeira e que lhe peça ajuda quando, e se, preciso.

Em suma, é importante brincar: sozinho, com amigos, com irmãos, com bolas, livros ou barbies. Não e preciso gastar muito dinheiro nem puxar demasiado pela imaginação para garantir aos seus filhos horas de divertimento puro. E  não se esqueça que, ao brincar, eles também estão a aprender...

  

Bibliografia: In Revista " Activa Filhos ", Ana Cáceres Monteiro, n.º 1, 2000, edição especial.

 

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