Curiosidades
Respondo à pergunta
"O que é bruxaria" em forma de
carta. E começarei com as coisas mais
surpreendentes que eu possa imaginar. A
maior surpresa sobre a bruxaria, para a maioria
das pessoas, uma vez entendido que não
somos "adoradores do diabo" nem
"instrumentos do poder
do mal" (no
verdadeiro estilo dos filmes
de horror), é que veneramos uma
entidade feminina, uma Deusa. Também veneramos um
Deus. Isso não surpreende ninguém. Mas reverenciar
a Mãe de Toda a Vida,
nesta cultura, é
inesperado. Tem
implicações espirituais, emocionais e
sociais.
Historicamente,
as bruxas foram perseguidas por
sua crença em
uma Deusa. Isso era politicamente inaceitável num
regime patriarcal. A veneração à Deusa
teria que significar, por exemplo, que a terra, a Mãe
Terra, seria de novo sagrada.
Ela não deveria mais ser
poluída ou explorada por qualquer razão, e se
perderia uma enorme quantidade de
poder e lucro obtido por
homens inescrupulosos. Melhor, do ponto
de
vista deles, venerar um deus que é
todo mente e espírito e vive lá no alto, longe da horrível e
"pecaminosa" Terra.
Na visão
espiritual de nosso mundo moderno,
a feminilidade há muito tempo não
é considerada tão sacra quanto a
masculinidade. A mulher, em todas
as religiões patriarcais - o cristianismo e o
islamismo
em particular - é vista
como aquela que traz o
pecado, a traição, a armadilha ao
sexo "santo".
Mais próxima da
animalidade, pela menstruação e parto, e da terra.
Como pode haver um deus feminino?, as
pessoas indagam. As bruxas dizem que o parto É
o ato criativo original, e
que os seres pré-históricos adoravam
tanto os Deuses quanto as Deusas
(principalmente as Deusas) desde
tempos imemoriais. Isso está descrito
nas mitologias mais
antigas, e identificado por
inúmeras figuras e esculturas de Deusas,
descobertas em sítios arqueológicos, no mundo inteiro.
Hoje em
dia, algumas bruxas, rebelando-se contra a cruel
supressão
da Deusa, chegam a dizer
que somente Ela deve ser
venerada. Uma compreensível, mas triste
reação. Entretanto, o Pai
de toda a Vida, o Deus,
precisa também de reconhecimento. Ele existe,
e Sua omissão seria
tão errada quanto a destruição da Crença
na Deusa Mãe. A verdadeira
meta é a reconciliação dos opostos. A amargura,
o ódio e o ressentimento entre os sexos são
antigos como a própria história,
mas a bruxaria é a
única religião
que possui
como alvo
a cura
destas feridas. Lamentavelmente, existem no
mundo pessoas, de ambos os sexos que
não desejam a reconciliação ou
não crêem nessa rossibilidade.
Afirmo que bruxaria, pelo menos potencialmente, é uma religião
purificadora.
De
onde ela recebe suas
credenciais? Qual é a sua
história? A feitiçaria provém do paganismo.
Mais especificamente, é um
ramo do paganismo com raízes
no passado neolítico.
Evoluiu e se manteve durante
milhares de anos de
perseguição. No tempo
presente, é um sistema de
crenças e práticas encantatórias, dedicado à
restauração da harmonia
perdida entre a
humanidade, e
aos aspectos sutis,
transracionais da vida e seus mistérios.
Acreditamos que será também a restauração
da harmonia perdida entre
o ser e a Mãe Terra. Sabemos
hoje porque foi classificada como má.
Pois tal calúnia é pratica comum, sempre que
uma nova religião substitui a antiga. As
feiticeiras não são necessariamente más.
Elas são simplesmente seguidoras de uma religião
anterior ao cristianismo.
O
segundo fato surpreendente:
nem sempre as bruxas são velhas, embora algumas sejam.
Nenhuma delas é mais propensa às
verrugas do
que algum
outro membro da
população (embora tenham maior
facilidade em afastá-las por
meio de feitiços), nem
são reconhecíveis.
Não usam altos chapeis negros, e podem
ser de qualquer idade ou sexo.
Os homens também se chamam de feiticeiros ou bruxos. Alguns
trabalham
em conjunto, ou sozinhos, e
outros, junto a um parceiro mágico. Mas
não se adivinha quem, dentre seus vizinhos, poderia ser um
bruxo.
Sim,
praticam magia. Não para
rogar pragas ou prejudicar, mas para ajudar e
curar. Se funciona? A magia
alcança algum propósito? Terceiro fato
surpreendente: sim. Mas precisa de
um aprendizado, como qualquer outro estudo.
É
verdade, sim, que alguns feiticeiros cumprem seus ritos
nus. Mas
as bruxas solitárias praticam sua magia desta maneira,
por acreditarem
que seus corpos são sagrados e sentirem prazer na
liberdade e na beleza
da nudez. Além disso, a tradição diz que a magia
funciona melhor assim,
pois roupas impedem o fluir
da energia etérica da feitiçaria. No verão,
claro, ou diante de uma lareira acesa. Os
arrepios não nos levariam a
efeitos mágicos.
Bem, vocês perguntam,
após a questão da nudez, e o deus de chifres e
cauda bipartida? Que tal o Velho Cornífero? Você realmente
adora o diabo? Não há fogo sem fumaça.
O velho Cornífero?
Sim. O diabo, princípio do mal? Não! O Deus de
Chifres, para as bruxas, é
o companheiro masculino da Deusa Tripla.
Ele é dinâmico, a força vital, aspecto masculino de toda
a natureza. Nós o veneramos porque veneramos
a vida. Ele possui
chifres e cauda, que denotam seu
conhecimento instintivo e animal,
sua sapiência natural.
Este Deus é parte bicho e parte homem, mescla
da força vital e da perícia xamânica. O Deus Cornífero,
como a Deusa, é sexual, terreno, apaixonado
e sábio. Cruel e mau
ele não é. Entre os
dois, a Mãe Deusa e
seu companheiro, se constrói
o mundo. Eles o construíram de amor e desejo.
Portanto, a sua sexualidade é
uma força vital
sagrada, verdadeira experiência espiritual.
Potencialmente, a mais espiritual das experiências.
Talvez
este seja o fato mais
surpreendente de todos a respeito da
feitiçaria. Não deveria ser. Mas preciso
admitir que neste mundo, como
ele é atualmente, a maioria
das pessoas
encontra dificuldade em
relacionar sexo com
espiritualidade. É contra tudo o que as
religiões patriarcais ensinaram sobre sexo, como
vergonhoso e sujo (no
máximo necessário para a continuidade da espécie).
Vocês ainda estão comigo, ainda
interessados? Se estiverem, perguntem mais.
Farei o possível para responder a
tudo, porque desejo colocar as
coisas em ordem. Eu
e minhas companheiras
bruxas cansamos da
falsa imagem de que usamos altos chapéus negros, de que
cozinhamos na voltantes sopas com
asas de morcegos, que rondam os pátios
das igrejas
na calada da noite, colecionando unhas de
defuntos. Não faço isso. Não fazemos.
Portanto,
se a menção do Deus Cornífero
(sexo) não os espantou,
escrevam-me ou apareçam. Perguntem
mais. Continuarei respondendo
em forma de cartas, porque assim posso pensar
sobre o que preciso dizer
e me expressar com maior clareza. Escreverei
a mesma carta para cada
um de vocês,
mandando cópia aos
endereços separadamente, e
guardarei a original como referência
particular. É bom dizer a verdade
e ser ouvida com simpatia. Minhas bênçãos para todos.
Louvados sejam vocês. Rae
* texto retirado do livro: "A bruxa solitária", de Rae Beth
O MAL NÃO VEM DAS BRUXAS
O Dia das Bruxas,
Halloween, ainda é visto com preconceito devido ao culto de
divindades pagãs como a imagem de Pã.
O distaciamento e relativismo cultural
proporcionado pela antropologia através de autores como James
Frazer, nos permitiu ver que a bruxaria (ou witchcraft) era, não
uma religião maligna, mas apenas um culto pagão ao qual
interessava ao cristianismo emergente expurgar. Daí as
perseguições aos renitentes seguidores deste culto e as
associações da parafernália religiosa deles com o mal.
A própria figura estereotipada da bruxa
passou a ser, na sociedade cristã, a de uma velha nariguda e
disforme, de chapéu pontudo e vestida de negro, frequentemente
montada numa vassoura para ir ao Sabá reuniões noturnas ter
relações sexuais com o Diabo.
Os modernos cultos wicca termo em inglês
aracaíco do qual surgiu o nome witch, bruxo, procuram mostrar
que os bruxos não são maus nem necessariamente feios, alguns
são jovens belíssimos e saudáveis. Além disso, a vinculação
da bruxa com a noite serve-se também do fato de que os antigos
wicca eram pagãos adoradores da lua, e não do sol.
Os wicca contemporâneos exercitam um culto
pagão mais eclético, no qual divindades ligadas aos quatro
elementos da natureza são igualmente cultuadas.
Os novos bruxos são, talvez, os precursores
da ecologia. Seus sacerdotes e sacerdotisas encabeçam grupos em
geral compostos por 12 membros e entoam cânticos poéticos e
mântricos. Ao contrário do que se crê, não usam os ritos
sexuais como culto, embora o simbolismo sexual seja claro, já
que o wicca cultua as forças da natureza expressas num par de
opostos. Há diversos grupos wicca, um dos mais populares é o
Feraferia, criado por Frederick Adam. Os rituais do grupo são
sazonais abordando a mudança da Jovem Deusa (KoKê) e de seu
filho amante.
Aproximações A história da magia ganhou
status acadêmico com a publicação de O Ramo de Ouro, em 12
volumes, do antropólogo inglês Sir James Frazer. Num dos
volumes desta obra, Frazer faz um estudo dos santos cristãos,
mostrando que a Igreja Católica, para converter os pagãos,
tranformou as festas dos deuses pagãos em festas de santos
Cristãos. Por esse motivo, a reforma portestante eliminou os
santos, já que os associa corretamente com o paganismo. Na
verdade, Frazer (e outros como William Robertson Smith com seu
livro Pagan Christis) consideravam o cristianismo exatamente como
mais uma religião pagã de sacrifício, na qual se come num
ritual antropofágico denominado comunhão a carne do deus morto
ou do cordeiro imolado.
Origem do Nome A palavra Hallowe'en (Dia das
Bruxas) vem de All Hallow's E'en que significa Véspera de Todas
as Almas, uma celebração dos mortos da Grécia antiga. Essa
celebração tinha o objetivo de trazer os espíritos dos heróis
à terra. Neste dia, os gregos iluminavam as suas casa e ficavam
até o amanhecer esperando seus heróis. No mundo céltico, o
Hallowe'en definia a extinção do ano através de um festival do
fogo.
Atualmente, este dia é comemorado pelas
crianças que se fantasiam e batem de porta em porta pedindo
doces ou pregando peças.
História da Perseguição A visão das bruxas
tem sido deturpada através dos séculos, principalmente por
instituições religiosas que se sentiram ameaçadas diante de
seu poder. A Igreja Católica promoveu a perseguição das bruxas
através da chamada Santa Inquisição.
O livro Manual dos Inquisidores, escrito por
Nicolau Eymerich em 1376, mostra como eliminá-las.
O livro é bastante detalhado, ensinando os
padres a agirem desde a denúncia até a tortura (para isso,
suspeita e indícios são suficientes). O Manual dos Inquisidores
mostra como reconhecer as bruxas, através das seguintes
características: sinais no corpo, quem pratica a circuncisão,
os islâmicos, quem se entrega aos prazeres da carne. Além
disso, todos os adivinhos são, manifesta ou secretamente,
adoradores do diabo. Os astrólogos também, e os alquimistas
idem.
E o manual acrescenta um detalhe, o inquisidor
será mais flexível com o alquimista rico do que com o
alquimista pobre.
Antes de queimar as bruxas, a Igreja Católica
forçava a confissão através de torturar terríveis com
instrumentos feitos exclusivamente para esse fim.
Margaret Murray, em seu livro The God of The
Witches (O Deus das Bruxas) explica que as bruxas perseguidas
eram, muitas vezes, mulheres consagradas a cultos antigos do sol
e da lua e que reverenciavam velhos deuses pagãos,
principalmente Pã, deus orgiástico representado como parte
homem e parte bode. Segundo Murray, devido ao forte componente
sexual do culto a este deus, a Igreja Católica transformou-o no
diabo (daí a comum representação do diabo com o bode).
"Uma bruxa é o fruto do amor entre a Terra e a Lua"
Garet Andreas
Descobrimo-nos bruxas quando
conseguimos nos perceber enquanto mulher.De nada adianta querer
ser feiticeira se não se conhece o segredo do feminino!É
necessário primeiro o reconhecimento da fêmea que trazemos
dentro de nós,essa parceira desconhecida que nos acompanha desde
o nosso nascimento.Uma parceira silenciosa,que aponta a cada
instante o caminho da sensibilidade.Costumamos,entretanto,estar
tão ocupadas com nosso universo cotidiano,que nem ouvimos sua
voz doce e suave.
Para nos descobrirmos mulheres é preciso aguçar os sentidos
e,assim poder vivenciar plenamente as experiências.Isso
poderá,a princípio,parecer complicado,mas,iniciando com
pequenas tentativas,constataremos estar cada dia mais
perceptivas.
Experimente,ao tomar banho,explorar seu corpo suavemente.Sinta
cada dobra de pele,cada osso,do mais saliente ao mais
escondido.Deixe que a água percorra seu corpo.Não tenha medo de
sentir prazer e,ao sair do banheiro,voce experimentará
extraordinária leveza interior.
Quando começamos a nos descobrir mulheres,um novo mundo se
descortina à nossa volta.Ficamos muito mais susceptíveis e,por
consequência,muito mais completas.Claro que essa sensibilidade
trará,inicialmente,alguns contratempos com o universo
masculino,pois seremos,então,donas absolutas do nosso prazer,o
que é um tanto complicado de ser entendido pelos homens.Mas
será exatamente essa posse do prazer que nos permitirá ajudar
nossos parceiros na captura de sua sensibilidade própria.O
universo feminino foi por séculos sufocado por uma sociedade
fálica,onde predominou a linguagem do poder.Nesse discurso,não
encontramos em momento algum a doçura da transcendência.Tudo
fica estabelecido num sistema quadrado,composto por retas e
inibidor de curvas.Voltas sinuosas que nos indicam sempre o
caminho da profundidade.A própria púbis é traçada por dois
montículos que,delicadamente,se vão estreitando até a espiral
da vagina.
Nesse mundo de retas,sempre voltadas para fora qual grandes
lanças,a espiral feminina ficou espremida,sufocada a tal
ponto,que se cobriu de uma casca espessa que não deixa a mulher
se perceber.
Ao próprio homem,esse pensamento retilíneo trouxe tal
rigidez,que o afastou melancolicamente de sua parceira,deixando-o
irremediavelmente solitário e,por sua vez,também oprimido.
Cabe a nós,mulheres restituir as curvas para melhor conviver com
nossos parceiros.Só assim poderemos dançar juntos pelos campos
onde outrora celebrávamos,também em parceria,a colheita. Voce
experimentará o maravilhoso de,sentando-se na grama sentir o
pulsar alegre que ela emana,o sublime ato de,ao tocar suavemente
as asas de uma borboleta,perceber nos dedos o seu cumprimento
delicado.Restabelecida essa ligação,veremos que somos parte de
um maravilhoso sistema encantado e não mais sentiremos medos e
angústias,pois estaremos pulsando num mesmo compasso.O grande
erro do ser humano foi acreditar-se o único ser inteligente em
meio à natureza,tornando-se,assim,um espécime solitário e
infeliz.Quando digo ser humano,estou me referindo à
civilização dita humanizada,pois não encontraremos essa
infelicidade nos ditos primitivos.Esses povos possuem a profunda
sabedoria da natureza,sendo,por isso,incrivelmente felizes!
Uma bruxa poderia ser considerada,pelo homem civilizado,alguém
essencialmente primitivo,alguém que não presta atenção ao
serviço de meteorologia,uma vez que é profunda conhecedora dos
movimentos do tempo.
texto extraído do livro"Revelações de uma Bruxa"-de
Márcia Frazão.
Mais Curiosidades
Muita curiosidade existe quanto à bruxaria. Ainda mais nestes
dias, em que ser bruxa constitui um tremendo charme, é estar na
vanguarda, ser solicitada; enfim, é estar na moda.
Se você pensa assim, acho
mais inteligente procurar uma outra coisa, pois a
moda passa, mas a bruxaria é eterna.
Hoje se
encontram bruxas em cada
esquina, todas conhecem Tarot,
cristais, runas..., mas
poucas sabem o significado
mágico de existir. Quando você
encontrar uma, pergunte-lhe seu dia-a-dia.
Saiba ela, não o significado do Arcano
XXII, mas o seu último domingo. Pergunte-lhe coisas
banais, tal como seu relacionamento com os vizinhos. O
significado da bruxaria está muito claro num antigo
provérbio dos índios norte-americanos:
"Grande espírito
Assegure que eu não
critique
meu vizinho
Antes de ter andado
uma milha
com seus
mocassins."
Este é o significado da bruxaria. Um profundo amor pelo
próximo, pois todos fazemos parte
de uma mesma energia. Claro que alguns se
encontram mais confusos, mas isso não
nos impede de amá-los e procurar ajudá-los.
A
sociedade moderna criou seres confusos, perdidos em
valores que são ditados a
cada estação. Cabe a nós, bruxas, tentar
restaurar a simplicidade de
existir. Por isso digo que
uma bruxa é alguém muito comum, que
trabalha como uma formiguinha silenciosa,
sem se preocupar com a sua
imagem mística.
A mídia
colocou em voga o misticismo, ditou as regras de como
melhorar a vida adotando esta
ou aquela seita. De repente ser
místico tornou-se uma mina de ouro, e borbulham gurus para todos
os lados. Todo mundo saiu à cata de um guru. Saíram como loucos
apressados e esqueceram a alma dentro de casa! (...)
Nossa
civilização é totalmente patriarcal;
logo, é uma civilização do Poder. Nós, bruxas,
somos avessas ao poder, pois sabemos que o
Universo é formado de duas
forças que se atraem: a feminina e a
masculina. Não existe algo que seja só feminino ou
masculino.
O
Poder é o prevalecimento de
somente uma força; portanto, é
desequilíbrio. Se você com
um pouquinho de equilíbrio, pode-se
considerar uma bruxa! Pois ser bruxa não é só saber o
significado dos Arcanos, o rumo dos astros, o segredo das
ervas... Ser bruxa é essencialmente o caminho da
busca do equilíbrio. De que vale saber
decifrar o Tarot, se não se sabe ouvir a voz
de um filho? De que adianta
fazer um ritual a Diana, se não se sabe amar o
semelhante?
Uma
verdadeira bruxa sabe que é
no dia a dia que se encontram as
grandes verdades. É no
cotidiano que nos revelamos, só ele pode nos
iniciar. (...)
Márcia Frazão
A Cozinha da Bruxa
Um pouco mais....
O Conselho de Bruxos Americanos crê necessário que se defina a
Bruxaria Moderna de acordo com as experiências e necessidades
Americanas.
Não somos limitados
por tradições de outros tempos e outras culturas, e não
devemos lealdade a qualquer pessoa ou poder maior que a Divindade
manifesta através de nós mesmos.
Como Bruxos Americanos, aceitamos e respeitamos todos os
ensinamentos e tradições que afirmem a vida, e buscamos
aprender de todos eles para dividirmos nosso aprendizado
dentro do Conselho.
É em tal espírito de
acolhimento e cooperação que nós adotamos estes poucos
princípios de crença Wiccaniana. Buscando ser inclusivos,
não desejamos abrir-nos à destruição de nosso grupo por
aqueles que buscam para si o poder, ou a filosofias e práticas
contraditórias a tais princípios.
Buscando excluir
aqueles cujos caminhos sejam contraditórios ao nosso, não
desejamos negar participação a qualquer pessoa que esteja
sinceramente interessada em nossos conhecimento e crenças, a
despeito de raça, cor, sexo, idade, origem cultural ou nacional,
ou preferência sexual.
Nós, portanto,
pedimos a aqueles que buscam identificar-se conosco que aceitem
esses poucos princípios básicos:
1. Nós praticamos rituais para nos alinharmos ao ritmo natural das forças vitais, marcadas pelas fases da Lua e aos feriados sazonais.
2. Nós reconhecemos que nossa inteligência nos dá uma responsabilidade única em relação a nosso meio ambiente. Buscamos viver em harmonia com a Natureza, em equilíbrio ecológico, oferecendo completa satisfação à vida e à consciência, dentro de um conceito evolucionário.
3. Nós damos crédito a uma profundidade de poder muito maior que é aparente a uma pessoa normal. Por ser tão maior que ordinário, é às vezes chamado de "sobrenatural", mas nós o vemos como algo naturalmente potencial a todos.
4. Nós vemos o Poder Criativo do Universo como algo que se manifesta através da Polaridade - como masculino e feminino - e que ao mesmo tempo vive dentro de todos nós, funcionando através da interação das mesmas polaridades masculina e feminina. Não valorizamos um acima do outro, sabendo serem complementares. Valorizamos a sexualidade como prazer, como o símbolo e incorporação da Vida, e como uma das fontes de energias usadas em práticas mágicas e ritos religiosos.
5. Nós reconhecemos ambos os mundos exterior e interior, ou mundos psicológicos - às vezes conhecidos como Mundo dos Espíritos, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. - e vemos na interação de tais dimensões a base de fenômenos paranormais e exercício mágico. Não negligenciamos qualquer das dimensões, vendo ambas como necessárias para nossa realização.
6. Nós não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos aqueles que ensinam, respeitamos os que dividem de maior conhecimento e sabedoria, e admiramos os que corajosamente deram de si em liderança.
7. Nós vemos religião, mágica, e sabedoria como sendo unidas na maneira em que se vê o mundo e vive nele - uma visão de mundo e filosofia de vida, que identificamos como Bruxaria ou o Caminho Wiccaniano.
8. Chamar-se "Bruxo" não faz um Bruxo - assim como a hereditariedade, ou a coleção de títulos, graus e iniciações. Um Bruxo busca controlar as forças interiores, que tornam a vida possível, de modo a viver sabiamente e bem, sem danos a outros e em harmonia com a Natureza.
9. Nós reconhecemos que é a afirmação e satisfação da vida, em uma continuação de evolução e desenvolvimento da consciência, que dá significado ao Universo que conhecemos, e a nosso papel pessoal dentro do mesmo.
10. Nossa única animosidade acerca da Cristandade, ou de qualquer outra religião ou filosofia, dá-se pelo fato de suas instituições terem clamado ser "o único verdadeiro e correto caminho", e lutado para negar liberdade a outros, e reprimido diferentes modos de prática religiosa e crenças.
11. Como Bruxos Americanos, não nos sentimos ameaçados por debates a respeito da História da Arte, das origens de vários termos, da legitimidade de vários aspectos de diferentes tradições. Somos preocupados com nosso presente e com nosso futuro.
12. Nós não aceitamos o conceito de "mal absoluto", nem adoramos qualquer entidade conhecida como "Satã" ou "o Demônio" como defendido pela Tradição Cristã. Não buscamos poder através do sofrimento de outros, nem aceitamos o conceito de que benefícios pessoais só possam ser alcançados através da negação de outros.
13. Trabalhamos dentro da Natureza para aquilo que é positivo
para nossa saúde e bem estar.
Religiões Neopagãs
Há hoje no mundo um número
razoavelmente grande de religiões Neopagãs, sendo uma das
maiores a denominada Wicca. Wicca corresponde a Bruxaria, a Arte
dos Sábios, ou simplesmente A Arte (The Craft). A palavra Wicca
vem do Inglês arcaico, e quer dizer Pessoa Sábia (Wise One).
Bruxos e Bruxas no
mundo todo tornam-se cada vez mais evidentes, e saem do
armário das vassouras' cada vez com mais freqüência e
facilidade.
O principal lema da
Bruxaria é 'An it Harms None, Do as You Will, ou seja, desde que
não prejudiques ninguém, faças como quiseres. Nós da
bruxaria, praticamos magia, através de feitiços e rituais, que
variam de acordo com a tradição. Algumas tradições da
Bruxaria são:
Gardnerian Wicca- Tradição que data de 1954 aproximadamente,
fundada por Geral Gardner, um dos primeiros Wiccanianos a se
revelarem no mundo. É uma tradição ortodoxa e secretiva. Seus
rituais são sempre realizados com as pessoas nuas.
Faery Wicca -
Tradição relativamente nova, que busca contato com o povo das
fadas, e utiliza-se de familiares nos rituais. É uma tradição
muito bela, com alguma influência céltica e vários traços de
Xamanismo.
Stregha - Bruxaria
italiana. Não conheço muito sobre esta tradição,
contribuições serão bem vindas.
Há uma infinidade de
outras tradições (Celtic, Cabot, Alexandrian, Dianic, etc.) e
seria impossível listar todas aqui.
Outras religiões
pagãs são: Asatru, Xamanismo, etc.
Um Conto de Samhain
Lyla sentou-se no chão e olhou para o céu claro, limpo e
estrelado. O reflexo da Lua cheia na água fez Lyla pensar numa
pérola. Redonda e branca... mas logo as crianças chegaram, e
sentaram ao seu redor, interrompendo seus pensamentos. Sorrindo,
Lyla olhou para cada uma deles.
'Comecemos? Vou contar
para vocês a estória de como o Cornudo se sacrifica todos os
anos para garantir força à Grande Mãe, para que esta possa
vencer o frio do Inverno. Estão prontos?' As crianças
acalmaram-se para ouvir Lyla.
'Não foi a muito
tempo que aconteceu. O Sol sumia no Oeste, e as aves noturnas já
deixavam seus ninhos, umas ameaçando cantar. Debaixo das
árvores, correndo para suas tocas, os pequenos animais
apressavam-se, fugindo do frio cortante que se faria presente em
pouco tempo. Aquela era a época do Cornudo, e só as criaturas
mais fortes sobreviveriam a inverno tão rigoroso.
O Sol baixou, baixou,
até que só se via uma fina linha de separação entre céu e
Terra no horizonte, e tudo ficou avermelhado, com um ar mais
mágico. E então, a luz se foi. A Lua estava crescente no céu,
e um vento gelado começou a correr por entre os troncos
seculares das árvores. Ouve-se, agora, o som de uma flauta...som
tão límpido e cristalino, que a superfície do lago, antes
parada, tremulou ao som da melodia alegre.
Todos os animais da
floresta pararam para ouvir o som da flauta, e mesmo as aves
noturnas cessaram seu canto orgulhoso. E por entre as árvores, a
flauta se fez ouvida em toda a floresta. E mais nada, além do
som doce da flauta.
Atravessando o lago,
um pouco depois do Grande Carvalho, estava a fonte de tal
encantamento. Sentado numa pedra coberta de limo, balançando ao
som da flauta de bambu, um ser robusto, com tronco e cabeça de
homem, pernas cobertas de pêlo, cascos de cavalo e grandes
chifres pontiagudos.
Observava a donzela
que dançava ao som de sua música, logo à sua frente. Tinha
longos cabelos claros, lisos, que escorriam até a altura da
cintura. Os fios sedosos acompanhavam os movimentos da dança,
pés habilidosos moviam-se descalços sobre a grama. A Deusa
nunca havia estado tão bela quanto naquela noite.
Os dois brincavam nus,
na noite fria da floresta, e alguns animais se juntavam ao redor
da clareira. Cansada, a Donzela sentou-se, e olhando para o
Cornudo, esperou que a música acabasse.
Quando o Deus afastou
a flauta de seus lábios, as figuras dos animais e da Donzela
desapareçam ... meras lembranças. A Deusa agora recolhia-se
grávida no Mundo Subterrâneo, guardada por seus familiares,
pronta para dar à luz dentro de tão pouco tempo. Era
necessário que o Sol Novo nascesse. O Cornudo levantou-se com
tristeza e caminhou até o lago, para observar seu reflexo. Já
estava velho e fraco, mas ainda continha grande energia ...
energia necessária para que a Deusa agüentasse o parto que se
seguiria em menos de dois meses. Já não podia continuar a viver
... a Terra precisava de seu sangue, e o Sol Novo de sua energia.
Um grito ecoou em sua mente: a Deusa sofria. Aquele era o momento
certo. O Cornudo olhou para os céus, e olhando para a mata,
despediu-se de sua casa. Tambores rufaram quando Ele ergueu suas
mãos e pronunciou as palavras secretas. Houve uma explosão, e
Ele desapareceu.
Aqui, numa clareira
nas montanhas, já distante da floresta, ouviam-se os tambores de
guerra. Uma música rápida e repetitiva tornava o ar agressivo.
Também com uma explosão, o cornudo surge no centro do círculo,
um olhar decidido em seu rosto.
O Velho Cornudo tinha
agora em suas mãos uma adaga ritual, e quando Ele a levantou
apontada para seu peito os tambores cessaram. Cernunnos fechou os
olhos, e o momento se fez silencioso ... aqueles segundos duraram
milênios ... O Cornudo levou a adaga a seu peito, e os tambores
voltaram a tocar.
Quando a lâmina fria
rasgou a carne do Deus, não houve um grito, sequer um sussurro
de dor ... apenas o som do sangue derramando-se sobre a terra. O
Cornudo ajoelhou-se, com calma em seu olhar. Com as próprias
mãos, abriu a ferida para que os espíritos recolhessem o
sangue.
Quando o círculo tornou-se silencioso novamente, e todos os
espíritos partiram, o Deus deitou e virou-se para as estrelas, e
esperou que a paz voltasse a reinar sobre a floresta. Ainda
sentia o sangue escorrendo para fora de seu corpo, e
regando o círculo sagrado em que repousaria para sempre.
E do solo, ou talvez
de lugares além das estrelas mais distantes, elevou-se um
cântico, murmurado e pausado ... talvez fossem as pequenas
criaturas do subsolo, ou ainda as estrelas, despedindo-se de seu
Deus. "Hoof and Horn, Hoof and Horn All that Dies Shall be
Reborn. Corn and Grain, Corn and Grain All that Falls Shall Rise
Again."
O Cornudo morreu sorrindo, sabendo ser a semente de seu próprio
renascimento. E Ele pode sentir sua energia retornando ao
útero da Grande Mãe, que agora deixava de sofrer...
Os espíritos, então, romperam a barreira entre os dois mundos,
e caminharam por sobre a Terra, espalhando o sangue e a força do
Deus, para que pudéssemos sobreviver através dos tempos
difíceis que se aproximavam.'
Lyla limpou uma
lágrima que escorria de seu rosto. As crianças ainda ouviam
atentas.
'É por isso que os espíritos vêm ao nosso mundo nessa noite
tão escura ... Eles trazem consigo um pouco do sangue do Deus
Cornudo, que só renascerá no Solstício de Inverno. Trazem
conselhos, proteção e promessas de que nos irão guiar durante
todo o período escuro do ano. Devemos, portanto, saudar os
espíritos, porque, sem eles, a semente do renascimento não
seria espalhada.
Agora vão para a Casa
Grande, vamos começar o ritual.'
Lyla deixou que as
crianças corressem na frente em direção à Casa Grande. Parou
no meio do caminho, e deixou que seus ouvidos escutassem os sons
do além. E de algum lugar chegou aos ouvidos de Lyla um
cântico... 'Hoof and Horn, Hoof and Horn...'
E Lyla caminhou para a
Casa Grande.
Como me torno uma bruxa????
A reposta é um tanto
dificil... Não que seja algo complicado, mas as vezes a
maneira de responder pode se tornar um tanto antipática e
desanimadora aos que estão começando. Então tentarei ser bem
sutil, ok?
Quando nós
começamos a nos interessar mais pela Wicca,
normalmente é porque trazemos dentro
de nós o dom - que
até aquele determinado momento
estava dormindo e que apartir de então
começou a ser despertado. Esse, muitas não é
perceptivel de início, pois passou
anos e anos sendo inconcientemente
reprimido.
Agora, se você acha
que a Wicca combina com sua maneira de ser, se quer
realmente seguir em frente,
então estude muito e pratique
bastante.A verdade é: Você nunca
irá "se tornar" bruxa. Isso não é
possivel. Você irá apenas aprender a trabalhar seu dom,
irá aprender a vivenciar sua condição de
bruxa. Você é bruxa desde o nascimento: apenas precisa
exercitar isso.
Como assim?
Existe um ditado entre
nós que diz: "Uma vez
bruxa, sempre bruxa". Então não se
preocupe! Se você realmente tiver o dom, ele irá
crescer sem que se perceba, e quando finalmente notar
terá a certeza: Sou uma escolhida da Deusa.Você pode estar se
perguntando: "E se eu não tiver?" Meu maior concelho
é: Não pense nisso. Em primeiro lugar, porque todas
as pessoas são bruxos em potencial. Em segundo, porque se a
bruxaria nã for seu caminho, com certeza você mesma
irá parar de se sentir atraída por sua filosofia. Assim, creio
que se você quer ser uma bruxa, você deve, acima de
tudo, estudar muito para ter a certeza de
que o caminho dabruxaria é o certo para
você.Acima de tudo,voce deve seguir seus intintos e
seu coração. Eles lhe levaram a resposta.
Ervas Tradicionais dos Sabbaths
Sabbath | Ervas |
Yule | louro, camomila, alecrim, sálvia. |
Imbolc | angélica, manjericão, louro, benjoim, urze, mirra e flores amarelas. |
Ostara | cinco-folhas, narciso, madressilva, íris, jasmim, rosa, morango, violeta. |
Beltane | amêndoa, angélica, freixo, margarida, olíbano, hera, malmequer. |
Litha | camomila, sabugueiro, lavanda, artemísia, pinho, rosas, verbena. |
Lammas | flores de acácia, aloé, talo de milho, olíbano, girassol, trigo. |
Mabon | áster, madressilva, malmequer, mirra, folhas de carvalho, flor do maracujá. |
Samhain | maças, verbena, abóboras, sálvia, palha |