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Curiosidades


 
   
    Respondo  à  pergunta  "O  que  é  bruxaria"  em forma de carta.  E começarei  com  as coisas mais surpreendentes que eu possa imaginar.  A
maior surpresa sobre a bruxaria, para a  maioria  das  pessoas,  uma  vez entendido  que não somos "adoradores do diabo" nem "instrumentos   do poder   do   mal"  (no   verdadeiro   estilo  dos  filmes  de  horror),   é   que veneramos uma entidade feminina, uma Deusa. Também veneramos  um
Deus.  Isso  não surpreende ninguém. Mas reverenciar a  Mãe  de  Toda a Vida,    nesta    cultura,   é   inesperado.    Tem   implicações    espirituais, emocionais e sociais.
 
        Historicamente,  as  bruxas  foram  perseguidas  por  sua  crença  em
uma  Deusa.  Isso era politicamente inaceitável num regime patriarcal.  A veneração  à  Deusa  teria que significar, por exemplo, que a terra, a  Mãe Terra,  seria  de  novo  sagrada.  Ela  não  deveria  mais  ser   poluída   ou explorada por qualquer razão, e se perderia  uma  enorme  quantidade  de
poder  e  lucro  obtido   por  homens  inescrupulosos.  Melhor,  do ponto  de
vista  deles,  venerar  um  deus  que é todo mente e espírito e vive lá no alto, longe da horrível e "pecaminosa" Terra.
 
        Na  visão  espiritual  de  nosso  mundo  moderno,  a   feminilidade há muito  tempo  não  é  considerada  tão  sacra  quanto a  masculinidade.   A mulher,  em  todas  as  religiões patriarcais - o cristianismo e  o  islamismo
em  particular  -  é  vista   como  aquela   que   traz  o  pecado,  a  traição, a armadilha  ao  sexo   "santo".    Mais    próxima   da   animalidade,   pela menstruação e parto, e da terra. Como pode haver um  deus  feminino?,  as pessoas  indagam. As bruxas dizem que o  parto  É o ato criativo original, e
que  os  seres   pré-históricos adoravam tanto os  Deuses  quanto  as  Deusas
(principalmente  as  Deusas)  desde  tempos   imemoriais.  Isso está descrito
nas   mitologias   mais   antigas,  e  identificado  por   inúmeras   figuras  e esculturas de Deusas, descobertas em sítios arqueológicos, no mundo inteiro.
 
        Hoje  em  dia,  algumas  bruxas, rebelando-se contra a cruel supressão
da  Deusa,  chegam  a  dizer   que   somente  Ela  deve  ser  venerada.  Uma compreensível,  mas  triste  reação.   Entretanto,  o  Pai  de  toda  a   Vida, o Deus,  precisa  também  de  reconhecimento. Ele existe, e Sua omissão seria
 tão errada quanto a destruição da Crença   na  Deusa  Mãe.   A verdadeira
meta é a reconciliação dos opostos.  A amargura,  o  ódio  e  o ressentimento entre os sexos são antigos como  a   própria  história,  mas  a  bruxaria  é  a  única    religião    que    possui    como     alvo    a    cura    destas    feridas. Lamentavelmente, existem no mundo pessoas, de ambos os  sexos  que  não   desejam a  reconciliação  ou  não   crêem   nessa rossibilidade.  Afirmo que bruxaria, pelo menos potencialmente, é uma religião purificadora.
 
        De   onde   ela  recebe   suas  credenciais?  Qual  é  a sua  história?  A feitiçaria provém do paganismo.  Mais   especificamente,  é   um  ramo  do paganismo  com  raízes  no   passado   neolítico.    Evoluiu  e   se   manteve durante  milhares  de  anos  de  perseguição.   No   tempo  presente,  é   um sistema  de  crenças  e  práticas encantatórias, dedicado à restauração    da harmonia    perdida    entre   a    humanidade,   e     aos    aspectos     sutis, transracionais  da  vida  e  seus mistérios. Acreditamos que será também  a restauração  da  harmonia   perdida  entre   o  ser e a Mãe Terra.  Sabemos
hoje  porque foi classificada  como má.   Pois tal  calúnia é pratica comum, sempre  que  uma  nova religião substitui a antiga.  As  feiticeiras não  são necessariamente más.  Elas  são simplesmente seguidoras  de uma religião anterior ao cristianismo.
 
        O   segundo    fato  surpreendente:   nem  sempre as bruxas são velhas, embora algumas sejam. Nenhuma delas é mais   propensa  às  verrugas  do
que    algum    outro    membro   da   população   (embora   tenham  maior facilidade  em  afastá-las  por  meio   de   feitiços),  nem  são  reconhecíveis.
Não usam altos chapeis negros,  e  podem  ser  de  qualquer  idade  ou sexo.
Os homens também se chamam de feiticeiros ou bruxos. Alguns trabalham
  em  conjunto,  ou  sozinhos,  e outros,   junto  a um  parceiro mágico. Mas
não se adivinha quem, dentre seus vizinhos, poderia ser um bruxo.
 
        Sim,  praticam  magia.    Não  para  rogar  pragas ou prejudicar, mas para  ajudar  e curar.  Se funciona?   A magia  alcança  algum  propósito? Terceiro fato surpreendente:  sim.  Mas  precisa  de  um aprendizado, como qualquer outro estudo.
 
        É  verdade,  sim, que alguns feiticeiros cumprem seus ritos nus.  Mas
as bruxas solitárias praticam sua magia desta maneira,  por   acreditarem
que seus corpos são sagrados e sentirem prazer na  liberdade  e  na   beleza
da nudez. Além disso, a tradição diz que a magia  funciona melhor  assim,
pois  roupas  impedem  o  fluir  da  energia etérica da feitiçaria.  No verão,
claro, ou diante de uma lareira acesa.   Os  arrepios  não  nos levariam  a
efeitos mágicos.
 
        Bem, vocês perguntam, após a questão da nudez, e o deus de chifres e
cauda bipartida? Que tal o Velho Cornífero? Você realmente adora o diabo? Não há fogo sem fumaça.
 
        O velho Cornífero? Sim. O diabo, princípio do mal?  Não! O Deus de Chifres,   para  as  bruxas,  é  o  companheiro  masculino da Deusa Tripla.
Ele é dinâmico, a força vital, aspecto  masculino de toda a natureza. Nós o veneramos  porque  veneramos  a  vida.   Ele   possui  chifres  e cauda, que denotam  seu  conhecimento  instintivo  e  animal,  sua  sapiência  natural.
Este  Deus  é  parte bicho e parte homem, mescla da força  vital e da perícia xamânica. O Deus Cornífero, como a Deusa, é sexual, terreno, apaixonado
e  sábio.   Cruel  e  mau  ele  não  é.   Entre  os  dois,  a  Mãe  Deusa  e  seu   companheiro,  se  constrói  o  mundo.  Eles o construíram de amor e  desejo. Portanto,  a  sua  sexualidade  é  uma    força   vital   sagrada,   verdadeira experiência espiritual. Potencialmente, a mais espiritual  das experiências.
 
        Talvez   este   seja  o   fato  mais  surpreendente  de  todos a respeito da feitiçaria.  Não deveria ser.   Mas preciso admitir  que  neste  mundo, como
ele  é  atualmente,  a maioria  das    pessoas    encontra    dificuldade    em relacionar   sexo   com   espiritualidade.   É contra tudo  o  que as religiões patriarcais ensinaram sobre sexo, como vergonhoso   e  sujo   (no   máximo necessário para a continuidade da espécie).
 
      Vocês ainda estão comigo, ainda interessados? Se estiverem, perguntem mais.   Farei  o  possível  para  responder a tudo,   porque desejo colocar  as  coisas  em  ordem.   Eu   e   minhas   companheiras   bruxas  cansamos  da
falsa imagem de que usamos  altos chapéus negros, de que cozinhamos   na voltantes  sopas  com  asas  de  morcegos, que rondam os pátios  das  igrejas
 na  calada  da noite, colecionando unhas de defuntos.  Não  faço  isso.  Não fazemos.
 
        Portanto,   se  a  menção  do Deus Cornífero  (sexo)  não   os   espantou, escrevam-me ou apareçam.  Perguntem  mais.    Continuarei   respondendo
em forma de cartas, porque assim posso  pensar  sobre  o  que  preciso  dizer
e me expressar com maior  clareza.  Escreverei  a  mesma  carta  para  cada
um    de    vocês,   mandando  cópia    aos    endereços    separadamente,   e guardarei a original   como  referência  particular.   É bom dizer a verdade
e ser ouvida com simpatia. Minhas bênçãos para todos.

  Louvados sejam vocês. Rae  

* texto retirado do livro: "A bruxa solitária", de Rae Beth

 

O MAL NÃO VEM DAS BRUXAS

    O Dia das Bruxas, Halloween, ainda é visto com preconceito devido ao culto de divindades pagãs como a imagem de Pã.
    O distaciamento e relativismo cultural proporcionado pela antropologia através de autores como James Frazer, nos permitiu ver que a bruxaria (ou witchcraft) era, não uma religião maligna, mas apenas um culto pagão ao qual interessava ao cristianismo emergente expurgar. Daí as perseguições aos renitentes seguidores deste culto e as associações da parafernália religiosa deles com o mal.
    A própria figura estereotipada da bruxa passou a ser, na sociedade cristã, a de uma velha nariguda e disforme, de chapéu pontudo e vestida de negro, frequentemente montada numa vassoura para ir ao Sabá reuniões noturnas ter relações sexuais com o Diabo.
    Os modernos cultos wicca termo em inglês aracaíco do qual surgiu o nome witch, bruxo, procuram mostrar que os bruxos não são maus nem necessariamente feios, alguns são jovens belíssimos e saudáveis. Além disso, a vinculação da bruxa com a noite serve-se também do fato de que os antigos wicca eram pagãos adoradores da lua, e não do sol.
    Os wicca contemporâneos exercitam um culto pagão mais eclético, no qual divindades ligadas aos quatro elementos da natureza são igualmente cultuadas.
    Os novos bruxos são, talvez, os precursores da ecologia. Seus sacerdotes e sacerdotisas encabeçam grupos em geral compostos por 12 membros e entoam cânticos poéticos e mântricos. Ao contrário do que se crê, não usam os ritos sexuais como culto, embora o simbolismo sexual seja claro, já que o wicca cultua as forças da natureza expressas num par de opostos. Há diversos grupos wicca, um dos mais populares é o Feraferia, criado por Frederick Adam. Os rituais do grupo são sazonais abordando a mudança da Jovem Deusa (KoKê) e de seu filho amante.
    Aproximações A história da magia ganhou status acadêmico com a publicação de O Ramo de Ouro, em 12 volumes, do antropólogo inglês Sir James Frazer. Num dos volumes desta obra, Frazer faz um estudo dos santos cristãos, mostrando que a Igreja Católica, para converter os pagãos, tranformou as festas dos deuses pagãos em festas de santos Cristãos. Por esse motivo, a reforma portestante eliminou os santos, já que os associa corretamente com o paganismo. Na verdade, Frazer (e outros como William Robertson Smith com seu livro Pagan Christis) consideravam o cristianismo exatamente como mais uma religião pagã de sacrifício, na qual se come num ritual antropofágico denominado comunhão a carne do deus morto ou do cordeiro imolado.
    Origem do Nome A palavra Hallowe'en (Dia das Bruxas) vem de All Hallow's E'en que significa Véspera de Todas as Almas, uma celebração dos mortos da Grécia antiga. Essa celebração tinha o objetivo de trazer os espíritos dos heróis à terra. Neste dia, os gregos iluminavam as suas casa e ficavam até o amanhecer esperando seus heróis. No mundo céltico, o Hallowe'en definia a extinção do ano através de um festival do fogo.
    Atualmente, este dia é comemorado pelas crianças que se fantasiam e batem de porta em porta pedindo doces ou pregando peças.
    História da Perseguição A visão das bruxas tem sido deturpada através dos séculos, principalmente por instituições religiosas que se sentiram ameaçadas diante de seu poder. A Igreja Católica promoveu a perseguição das bruxas através da chamada Santa Inquisição.
    O livro Manual dos Inquisidores, escrito por Nicolau Eymerich em 1376, mostra como eliminá-las.
    O livro é bastante detalhado, ensinando os padres a agirem desde a denúncia até a tortura (para isso, suspeita e indícios são suficientes). O Manual dos Inquisidores mostra como reconhecer as bruxas, através das seguintes características: sinais no corpo, quem pratica a circuncisão, os islâmicos, quem se entrega aos prazeres da carne. Além disso, todos os adivinhos são, manifesta ou secretamente, adoradores do diabo. Os astrólogos também, e os alquimistas idem.
    E o manual acrescenta um detalhe, o inquisidor será mais flexível com o alquimista rico do que com o alquimista pobre.
    Antes de queimar as bruxas, a Igreja Católica forçava a confissão através de torturar terríveis com instrumentos feitos exclusivamente para esse fim.
    Margaret Murray, em seu livro The God of The Witches (O Deus das Bruxas) explica que as bruxas perseguidas eram, muitas vezes, mulheres consagradas a cultos antigos do sol e da lua e que reverenciavam velhos deuses pagãos, principalmente Pã, deus orgiástico representado como parte homem e parte bode. Segundo Murray, devido ao forte componente sexual do culto a este deus, a Igreja Católica transformou-o no diabo (daí a comum representação do diabo com o bode).

"Uma bruxa é o fruto do amor entre a Terra e a Lua"

Garet Andreas

Descobrimo-nos bruxas quando conseguimos nos perceber enquanto mulher.De nada adianta querer ser feiticeira se não se conhece o segredo do feminino!É necessário primeiro o reconhecimento da fêmea que trazemos dentro de nós,essa parceira desconhecida que nos acompanha desde o nosso nascimento.Uma parceira silenciosa,que aponta a cada instante o caminho da sensibilidade.Costumamos,entretanto,estar tão ocupadas com nosso universo cotidiano,que nem ouvimos sua voz doce e suave.
Para nos descobrirmos mulheres é preciso aguçar os sentidos e,assim poder vivenciar plenamente as experiências.Isso poderá,a princípio,parecer complicado,mas,iniciando com pequenas tentativas,constataremos estar cada dia mais perceptivas.
Experimente,ao tomar banho,explorar seu corpo suavemente.Sinta cada dobra de pele,cada osso,do mais saliente ao mais escondido.Deixe que a água percorra seu corpo.Não tenha medo de sentir prazer e,ao sair do banheiro,voce experimentará extraordinária leveza interior.
Quando começamos a nos descobrir mulheres,um novo mundo se descortina à nossa volta.Ficamos muito mais susceptíveis e,por consequência,muito mais completas.Claro que essa sensibilidade trará,inicialmente,alguns contratempos com o universo masculino,pois seremos,então,donas absolutas do nosso prazer,o que é um tanto complicado de ser entendido pelos homens.Mas será exatamente essa posse do prazer que nos permitirá ajudar nossos parceiros na captura de sua sensibilidade própria.O universo feminino foi por séculos sufocado por uma sociedade fálica,onde predominou a linguagem do poder.Nesse discurso,não encontramos em momento algum a doçura da transcendência.Tudo fica estabelecido num sistema quadrado,composto por retas e inibidor de curvas.Voltas sinuosas que nos indicam sempre o caminho da profundidade.A própria púbis é traçada por dois montículos que,delicadamente,se vão estreitando até a espiral da vagina.
Nesse mundo de retas,sempre voltadas para fora qual grandes lanças,a espiral feminina ficou espremida,sufocada a tal ponto,que se cobriu de uma casca espessa que não deixa a mulher se perceber.
Ao próprio homem,esse pensamento retilíneo trouxe tal rigidez,que o afastou melancolicamente de sua parceira,deixando-o irremediavelmente solitário e,por sua vez,também oprimido.
Cabe a nós,mulheres restituir as curvas para melhor conviver com nossos parceiros.Só assim poderemos dançar juntos pelos campos onde outrora celebrávamos,também em parceria,a colheita. Voce experimentará o maravilhoso de,sentando-se na grama sentir o pulsar alegre que ela emana,o sublime ato de,ao tocar suavemente as asas de uma borboleta,perceber nos dedos o seu cumprimento delicado.Restabelecida essa ligação,veremos que somos parte de um maravilhoso sistema encantado e não mais sentiremos medos e angústias,pois estaremos pulsando num mesmo compasso.O grande erro do ser humano foi acreditar-se o único ser inteligente em meio à natureza,tornando-se,assim,um espécime solitário e infeliz.Quando digo ser humano,estou me referindo à civilização dita humanizada,pois não encontraremos essa infelicidade nos ditos primitivos.Esses povos possuem a profunda sabedoria da natureza,sendo,por isso,incrivelmente felizes!
Uma bruxa poderia ser considerada,pelo homem civilizado,alguém essencialmente primitivo,alguém que não presta atenção ao serviço de meteorologia,uma vez que é profunda conhecedora dos movimentos do tempo.
texto extraído do livro"Revelações de uma Bruxa"-de Márcia Frazão.

 

Mais Curiosidades

       Muita curiosidade existe quanto à bruxaria. Ainda mais nestes dias, em que ser bruxa constitui um tremendo charme, é estar na vanguarda, ser solicitada; enfim, é  estar na  moda. Se  você  pensa  assim,  acho  mais  inteligente  procurar uma outra coisa, pois a moda passa, mas a bruxaria é eterna.
        Hoje  se  encontram  bruxas  em   cada   esquina,   todas conhecem  Tarot,  cristais,  runas...,   mas   poucas   sabem   o significado  mágico  de  existir.  Quando  você encontrar uma, pergunte-lhe  seu  dia-a-dia.  Saiba  ela,  não  o significado do Arcano XXII,  mas o seu último domingo. Pergunte-lhe  coisas banais, tal como seu relacionamento com os vizinhos. O  significado  da bruxaria  está muito claro num antigo provérbio dos índios norte-americanos:


        "Grande espírito
        Assegure que eu não critique
        meu vizinho
        Antes de ter andado uma milha
        com seus mocassins."

        Este é o significado da bruxaria. Um profundo amor pelo próximo,  pois  todos  fazemos  parte de  uma  mesma  energia. Claro que alguns se encontram  mais  confusos, mas  isso  não nos impede de amá-los e procurar ajudá-los.
        A  sociedade  moderna  criou seres confusos, perdidos em valores  que  são  ditados  a  cada  estação. Cabe a nós, bruxas, tentar   restaurar   a   simplicidade  de  existir.   Por  isso   digo  que uma  bruxa  é  alguém  muito comum, que trabalha como uma  formiguinha  silenciosa,  sem  se  preocupar   com  a  sua imagem mística.
        A  mídia  colocou em voga o misticismo, ditou as regras de como   melhorar   a vida  adotando  esta  ou   aquela  seita.  De repente  ser místico tornou-se uma mina de ouro, e borbulham gurus para todos os lados. Todo mundo saiu à cata de um guru. Saíram como loucos apressados e esqueceram a alma dentro  de casa! (...)
        Nossa  civilização  é  totalmente  patriarcal;  logo,  é  uma civilização do Poder. Nós, bruxas, somos avessas ao poder, pois sabemos  que  o  Universo  é  formado  de  duas  forças  que  se atraem:   a feminina e a masculina. Não existe algo que seja  só feminino ou masculino.
        O    Poder  é   o  prevalecimento  de  somente  uma   força; portanto,  é  desequilíbrio.  Se   você  com  um   pouquinho   de equilíbrio, pode-se considerar uma bruxa! Pois ser bruxa não é só saber o significado dos Arcanos, o rumo dos astros, o segredo das ervas... Ser bruxa é essencialmente o caminho  da busca  do equilíbrio.  De que  vale saber  decifrar  o  Tarot,  se não se sabe ouvir a voz de  um  filho?  De  que  adianta  fazer  um  ritual  a Diana, se não se sabe amar o semelhante?
        Uma  verdadeira  bruxa  sabe  que  é  no  dia a  dia que se encontram  as   grandes   verdades.   É  no  cotidiano  que   nos revelamos, só ele pode nos iniciar. (...)
 

                                                             Márcia Frazão
                                                         A Cozinha da Bruxa

 

    Um pouco mais....

        O Conselho de Bruxos Americanos crê necessário que se defina a Bruxaria Moderna de acordo com as experiências e necessidades Americanas.
        Não somos limitados por tradições de outros tempos e outras culturas, e não devemos lealdade a qualquer pessoa ou poder maior que a Divindade manifesta através de nós mesmos.
Como Bruxos Americanos, aceitamos e respeitamos todos os ensinamentos e tradições que afirmem a vida, e buscamos aprender de todos eles para dividirmos nosso  aprendizado dentro do Conselho.
        É em tal espírito de acolhimento e cooperação que nós adotamos estes poucos princípios de crença  Wiccaniana. Buscando ser inclusivos, não desejamos abrir-nos à destruição de nosso grupo por aqueles que buscam para si o poder, ou a filosofias e práticas contraditórias a tais princípios.
        Buscando excluir aqueles cujos caminhos sejam contraditórios ao nosso, não desejamos negar participação a qualquer pessoa que esteja sinceramente interessada em nossos conhecimento e crenças, a despeito de raça, cor, sexo, idade, origem cultural ou nacional, ou preferência sexual.
        Nós, portanto, pedimos a aqueles que buscam identificar-se conosco que aceitem esses poucos princípios básicos:

        1. Nós praticamos rituais para nos alinharmos ao ritmo natural das forças vitais, marcadas pelas fases da Lua e aos feriados sazonais.

        2. Nós reconhecemos que nossa inteligência nos dá uma responsabilidade única em relação a nosso meio ambiente. Buscamos viver em harmonia com a Natureza, em equilíbrio ecológico, oferecendo completa satisfação à vida e à consciência, dentro de um conceito evolucionário.

        3. Nós damos crédito a uma profundidade de poder muito maior que é aparente a uma pessoa normal. Por ser tão maior que ordinário, é às vezes chamado de "sobrenatural", mas nós o vemos como algo naturalmente potencial a todos.

        4. Nós vemos o Poder Criativo do Universo como algo que se manifesta através da Polaridade - como masculino e feminino - e que ao mesmo tempo vive dentro de todos nós, funcionando através da interação das mesmas polaridades masculina e feminina. Não valorizamos um acima do outro, sabendo serem complementares. Valorizamos a sexualidade como prazer, como o símbolo e incorporação da Vida, e como uma das fontes de energias usadas em práticas mágicas e ritos religiosos.

        5. Nós reconhecemos ambos os mundos exterior e interior, ou mundos psicológicos - às vezes conhecidos como Mundo dos Espíritos, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. - e vemos na interação de tais dimensões a base de fenômenos paranormais e exercício mágico. Não negligenciamos qualquer das dimensões, vendo ambas como necessárias para nossa realização.

        6. Nós não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos aqueles que ensinam, respeitamos os que dividem de maior conhecimento e sabedoria, e admiramos os que corajosamente deram de si em liderança.

        7. Nós vemos religião, mágica, e sabedoria como sendo unidas na maneira em que se vê o mundo e vive nele - uma visão de mundo e filosofia de vida, que identificamos como Bruxaria ou o Caminho Wiccaniano.

        8. Chamar-se "Bruxo" não faz um Bruxo - assim como a hereditariedade, ou a coleção de títulos, graus e iniciações. Um Bruxo busca controlar as forças interiores, que tornam a vida possível, de modo a viver sabiamente e bem, sem danos a outros e em harmonia com a Natureza.

        9. Nós reconhecemos que é a afirmação e satisfação da vida, em uma continuação de evolução e desenvolvimento da consciência, que dá significado ao Universo que conhecemos, e a nosso papel pessoal dentro do mesmo.

       10. Nossa única animosidade acerca da Cristandade, ou de qualquer outra religião ou filosofia, dá-se pelo fato de suas instituições terem clamado ser "o único verdadeiro e correto caminho", e lutado para negar liberdade a outros, e reprimido diferentes modos de prática religiosa e crenças.

        11. Como Bruxos Americanos, não nos sentimos ameaçados por debates a respeito da História da Arte, das origens de vários termos, da legitimidade de vários aspectos de diferentes tradições. Somos preocupados com nosso presente e com nosso futuro.

        12. Nós não aceitamos o conceito de "mal absoluto", nem adoramos qualquer entidade conhecida como "Satã" ou "o Demônio" como defendido pela Tradição Cristã. Não buscamos poder através do sofrimento de outros, nem aceitamos o conceito de que benefícios pessoais só possam ser alcançados através da negação de outros.

        13. Trabalhamos dentro da Natureza para aquilo que é positivo para nossa saúde e bem estar.
 

Religiões Neopagãs           

  Há hoje no mundo um número razoavelmente grande de religiões Neopagãs, sendo uma das maiores a denominada Wicca. Wicca corresponde a Bruxaria, a Arte dos Sábios, ou simplesmente A Arte (The Craft). A palavra Wicca vem do Inglês arcaico, e quer dizer Pessoa Sábia (Wise One).
        Bruxos e Bruxas no mundo todo tornam-se cada vez mais evidentes, e saem do ‘armário das vassouras' cada vez com mais freqüência e facilidade.
        O principal lema da Bruxaria é 'An it Harms None, Do as You Will, ou seja, desde que não  prejudiques ninguém, faças como quiseres. Nós da bruxaria, praticamos magia, através de feitiços e rituais, que variam de acordo com a tradição. Algumas tradições da Bruxaria são:

        Gardnerian Wicca- Tradição que data de 1954 aproximadamente, fundada por Geral Gardner, um dos primeiros Wiccanianos a se revelarem no mundo. É uma tradição ortodoxa e secretiva. Seus rituais são sempre realizados com as pessoas nuas.
        Faery Wicca - Tradição relativamente nova, que busca contato com o povo das fadas, e utiliza-se de familiares nos rituais. É uma tradição muito bela, com alguma influência céltica e vários traços de Xamanismo.
        Stregha - Bruxaria italiana. Não  conheço muito sobre esta tradição, contribuições serão bem vindas.
        Há uma infinidade de outras tradições (Celtic, Cabot, Alexandrian, Dianic, etc.) e seria impossível listar todas aqui.
        Outras religiões pagãs são: Asatru, Xamanismo, etc.
 

  Um Conto de Samhain

        Lyla sentou-se no chão e olhou para o céu claro, limpo e estrelado. O reflexo da Lua cheia na água fez Lyla pensar numa pérola. Redonda e branca... mas logo as crianças chegaram, e sentaram ao seu redor, interrompendo seus pensamentos. Sorrindo, Lyla olhou para cada uma deles.
        'Comecemos? Vou contar para vocês a estória de como o Cornudo se sacrifica todos os anos para garantir força à Grande Mãe, para que esta possa vencer o frio do Inverno. Estão prontos?'  As crianças acalmaram-se para ouvir Lyla.
        'Não foi a muito tempo que aconteceu. O Sol sumia no Oeste, e as aves noturnas já deixavam seus ninhos, umas ameaçando cantar. Debaixo das árvores, correndo para suas tocas, os pequenos animais apressavam-se, fugindo do frio cortante que se faria presente em pouco tempo. Aquela era a época do Cornudo, e só as criaturas mais fortes sobreviveriam a inverno tão rigoroso.
        O Sol baixou, baixou, até que só se via uma fina linha de separação entre céu e Terra no horizonte, e tudo ficou avermelhado, com um ar mais mágico. E então, a luz se foi. A Lua estava crescente no céu, e um vento gelado começou a correr por entre os troncos seculares das árvores. Ouve-se, agora, o som de uma flauta...som tão límpido e cristalino, que a superfície do lago, antes parada, tremulou ao som da melodia alegre.
        Todos os animais da floresta pararam para ouvir o som da flauta, e mesmo as aves noturnas cessaram seu canto orgulhoso. E por entre as árvores, a flauta se fez ouvida em toda a floresta. E mais nada, além do som doce da flauta.
        Atravessando o lago, um pouco depois do Grande Carvalho, estava a fonte de tal encantamento. Sentado numa pedra coberta de limo, balançando ao som da flauta de bambu, um ser robusto, com tronco e cabeça de homem, pernas cobertas de pêlo, cascos de cavalo e grandes chifres pontiagudos.
        Observava a donzela que dançava ao som de sua música, logo à sua frente. Tinha longos cabelos claros, lisos, que escorriam até a altura da cintura. Os fios sedosos acompanhavam os movimentos da dança, pés habilidosos moviam-se descalços sobre a grama. A Deusa nunca havia estado tão bela quanto naquela noite.
        Os dois brincavam nus, na noite fria da floresta, e alguns animais se juntavam ao redor da clareira. Cansada, a Donzela sentou-se, e olhando para o Cornudo, esperou que a música acabasse.
        Quando o Deus afastou a flauta de seus lábios, as figuras dos animais e da Donzela desapareçam ... meras lembranças. A Deusa agora recolhia-se grávida no Mundo Subterrâneo, guardada por seus familiares, pronta para dar à luz dentro de tão pouco tempo. Era necessário que o Sol Novo nascesse. O Cornudo levantou-se com tristeza e caminhou até o lago, para observar seu reflexo. Já estava velho e fraco, mas ainda continha grande energia ... energia necessária para que a Deusa agüentasse o parto que se seguiria em menos de dois meses. Já não podia continuar a viver ... a Terra precisava de seu sangue, e o Sol Novo de sua energia. Um grito ecoou em sua mente: a Deusa sofria. Aquele era o momento certo. O Cornudo olhou para os céus, e olhando para a mata, despediu-se de sua casa. Tambores rufaram quando Ele ergueu suas mãos e pronunciou as palavras secretas. Houve uma explosão, e Ele desapareceu.
        Aqui, numa clareira nas montanhas, já distante da floresta, ouviam-se os tambores de guerra. Uma música rápida e repetitiva tornava o ar agressivo. Também com uma explosão, o cornudo surge no centro do círculo, um olhar decidido em seu rosto.
        O Velho Cornudo tinha agora em suas mãos uma adaga ritual, e quando Ele a levantou apontada para seu peito os tambores cessaram. Cernunnos fechou os olhos, e o momento se fez silencioso ... aqueles segundos duraram milênios ... O Cornudo levou a adaga a seu peito, e os tambores voltaram a tocar.
        Quando a lâmina fria rasgou a carne do Deus, não houve um grito, sequer um sussurro de dor ... apenas o som do sangue derramando-se sobre a terra. O Cornudo ajoelhou-se, com calma em seu olhar. Com as próprias mãos, abriu a ferida para que os espíritos recolhessem o sangue.
Quando o círculo tornou-se silencioso novamente, e todos os espíritos partiram, o Deus deitou e virou-se para as estrelas, e esperou que a paz voltasse a reinar sobre a floresta. Ainda sentia o  sangue escorrendo para fora de seu corpo, e regando o círculo sagrado em que repousaria para sempre.
        E do solo, ou talvez de lugares além das estrelas mais distantes, elevou-se um cântico, murmurado e pausado ... talvez fossem as pequenas criaturas do subsolo, ou ainda as estrelas, despedindo-se de seu Deus. "Hoof and Horn, Hoof and Horn All that Dies Shall be Reborn. Corn and Grain, Corn and Grain All that Falls Shall Rise Again."

        O Cornudo morreu sorrindo, sabendo ser a semente de seu próprio renascimento. E Ele pode  sentir sua energia retornando ao útero da Grande Mãe, que agora deixava de sofrer...
Os espíritos, então, romperam a barreira entre os dois mundos, e caminharam por sobre a Terra, espalhando o sangue e a força do Deus, para que pudéssemos sobreviver através dos tempos difíceis que se aproximavam.'
        Lyla limpou uma lágrima que escorria de seu rosto. As crianças ainda ouviam atentas.
'É por isso que os espíritos vêm ao nosso mundo nessa noite tão escura ... Eles trazem consigo um pouco do sangue do Deus Cornudo, que só renascerá no Solstício de Inverno. Trazem conselhos, proteção e promessas de que nos irão guiar durante todo o período escuro do ano. Devemos, portanto, saudar os espíritos, porque, sem eles, a semente do renascimento não seria espalhada.
        Agora vão para a Casa Grande, vamos começar o ritual.'
        Lyla deixou que as crianças corressem na frente em direção à Casa Grande. Parou no meio do caminho, e deixou que seus ouvidos escutassem os sons do além. E de algum lugar chegou aos ouvidos de Lyla um cântico... 'Hoof and Horn, Hoof and Horn...'
        E Lyla caminhou para a Casa Grande.

Como me torno uma bruxa????

    
        A reposta é um tanto dificil... Não que seja algo complicado, mas as  vezes a maneira de responder pode se tornar um tanto antipática e  desanimadora aos que estão começando. Então tentarei ser bem sutil, ok?
        Quando  nós começamos a nos interessar mais  pela  Wicca, normalmente é  porque  trazemos  dentro  de  nós  o  dom  -  que   até   aquele   determinado momento  estava  dormindo  e  que apartir de então começou a ser  despertado. Esse, muitas não  é  perceptivel  de  início,  pois  passou  anos  e  anos  sendo  inconcientemente reprimido.
        Agora, se você acha que a Wicca combina com sua maneira de ser, se quer  realmente  seguir   em   frente,  então  estude  muito  e  pratique  bastante.A verdade  é:  Você  nunca   irá  "se  tornar"  bruxa. Isso não é possivel. Você irá apenas aprender  a trabalhar seu dom, irá aprender a  vivenciar  sua  condição de bruxa. Você é bruxa desde o nascimento: apenas precisa exercitar isso.
        Como assim?  Existe  um  ditado  entre   nós   que diz:  "Uma  vez  bruxa,  sempre  bruxa". Então não se  preocupe! Se  você realmente tiver o dom, ele irá crescer  sem  que se perceba, e quando finalmente notar terá a certeza: Sou uma escolhida da Deusa.Você pode estar se perguntando: "E se eu não tiver?" Meu maior concelho é: Não  pense  nisso. Em primeiro lugar, porque todas as pessoas são bruxos em potencial. Em segundo, porque se a bruxaria nã for seu  caminho, com  certeza você mesma irá parar de se sentir atraída por sua filosofia. Assim, creio que se você quer ser uma bruxa,  você deve,  acima de tudo,  estudar  muito  para  ter a certeza de que o caminho dabruxaria é o certo para você.Acima de tudo,voce deve seguir seus intintos e seu coração. Eles lhe levaram a resposta.

 

Ervas Tradicionais dos Sabbaths

Sabbath Ervas
Yule louro, camomila, alecrim, sálvia.
Imbolc angélica, manjericão, louro, benjoim, urze, mirra e flores amarelas.
Ostara cinco-folhas, narciso, madressilva, íris, jasmim, rosa, morango, violeta.
Beltane  amêndoa, angélica, freixo, margarida, olíbano, hera, malmequer.
Litha camomila, sabugueiro, lavanda, artemísia, pinho, rosas, verbena.
Lammas flores de acácia, aloé, talo de milho, olíbano, girassol, trigo.
Mabon áster, madressilva, malmequer, mirra, folhas de carvalho, flor do maracujá.
Samhain  maças, verbena, abóboras, sálvia, palha