Alegações conflitantes têm sido feitas a respeito do lugar
de atemi (golpe) na prática de Aikido. Alguns insistem que
não há nenhum golpe em Aikido, acreditando que a intenção
pacificadora da arte é perdida quando o atemi é usado. Porém,
segundo Saotome Sensei, 0-Sensei considerava o atemi como
o coração da prática de Aikido - e aqueles que trabalharam
para preservar a integridade marcial de Aikido sabem por
experiência própria que um atacante hábil pode derrotar
técnicas de Aikido se não houver o uso de atemi.
Como o atemi pode ser usado nas técnicas de Aikido? Há três
modos principais:
(1) Nós podemos usá-los como sendo a própria técnica,
(2) nós podemos usá-los como uma forma de facilitar a realização
de outras técnicas, e
(3) nós podemos usá-los apenas como movimentos enérgicos
o que eu chamaria de "o não-golpeamento do golpe".
Quando o atemi é usado como uma técnica, a intenção é terminar
uma confrontação criando uma lesão física. Golpes que atacam
órgãos vitais podem vir a matar; golpes que visam os membros
podem impossibilitar o outro atacante de continuar e outros,
podem causar um impacto suficiente para deixar atacante
adversário inconsciente. O uso isolado do atemi para terminar
uma confrontação geralmente não é praticado por Aikidokas
dos estilos pós-guerra e, a maioria dos praticantes de Aikido
que têm um conhecimento do funcionamento deste tipo de atemi
adquiriu isto treinando outras artes. Aikidokas geralmente
consideram o uso de golpes o último recurso, devido à ênfase
do Aikido no princípio da não-violência; o ideal do Aikido
é terminar uma confrontação sem causar dano sério no atacante.
Assim, para melhor ou para pior, esta área de estudo não
é enfatizada na maioria dos dojos de Aikido.
Os golpes podem ser usados para facilitar técnicas de não-impacto
de dois modos diferentes:
Primeiro, podem ser aplicados atemi para causar uma dor
intensa e então desviar a energia resistente do atacante.
(Estes pode ser aplicado com ou sem dano, dependendo do
tipo de golpe e do alvo.) No momento em que o atacante desvia
sua atenção - e consequentemente seu ki - para o local da
dor, a resistência dele para a técnica principal tende a
diminuir drasticamente. A desvantagem deste uso de atemi
é que, quando as técnicas são altamente dependentes da dor
do atacante, elas são inseguras. Um atacante seriamente
determinado pode não notar a dor, e consequentemente pode
não haver o desvio de sua atenção. A escolha de mirar o
atemi em pontos não-prejudiciais pode aumentar o risco de
fracasso em uma situação de defesa pessoal.
Segundo, em lugar de causar lesão ou dor, podem ser usados
golpes para mudar o alinhamento físico de um atacante resistente.
(Deve-se considerar que uma lesão ou dor poderiam ser conseqüências
secundárias.) Freqüentemente, quando um oponente bloqueou
uma técnica, um Aikidoka está tão próximo de finalizá-la
com sucesso que trocar por uma variação não é necessário.
A simples aplicação de um impacto - como um golpe com o
joelho na parte de trás da coxa superior quando um atacante
resiste a um kokyunage - pode mudar o alinhamento do atacante,
fazendo-o liberar a energia usada para bloquear a técnica.
Nenhuma dor ou lesão é necessária neste tipo de impacto,
desde que o objetivo seja simplesmente alterar a estrutura
do atacante.
Outro aspecto do uso de atemi em Aikido cai debaixo do título
"não-golpeamento do golpe". Aqui o golpe é usado sem intenção
(por parte da pessoa que o executa) de realmente estabelecer
contato. Muitos Aikidokas favorecem este "uso enérgico "de
atemi, mas alguns não entendem que requer domínio de técnicas
de impacto. O atacante realmente tem que acreditar que um
golpe potencialmente prejudicial está sendo realizado e
tem que sentir a necessidade de pôr sua atenção nele.
Imagine que você está atrás de um vidro transparente e altamente
resistente quando alguém lança uma bola de baseball em direção
à sua cabeça.
Se o lançamento é forte e com velocidade, induzirá você
e abaixar - mesmo você sabendo que o vidro está lá - mas,
se o lançamento for suave, você não reagirá a ele.
Por isto, o "não golpeamento" do atemi têm que ter a energia
e o potencial de um golpe real para criar o efeito desejado.
O atemi fraco simplesmente lançado por muitos Aikidokas
simplesmente não terá efeito sobre um atacante bem treinado.
O "não-golpeamento do golpe" é usado como distração. Para
ser eficaz, o atemi precisa tirar a atenção do atacante
- porque eles usam um bloqueio para lidar com o ataque.
Qualquer um que tentou aplicar técnicas de Aikido em oponentes
realmente resistentes - como suspeitos sendo presos pela
polícia - sabe é duro realizar uma técnica em alguém com
a intenção de lhe bater. No dojo, nós treinamos para manter
a conexão, mas os atacantes reais tentarão quebrar a conexão
no momento em que sentem que coisas não estão indo a seu
favor. Para estabelecer e manter a conexão, pode ser necessário
um atemi, forçando assim o atacante a bloquear e se defender.
Em alguns casos, a técnica de Aikido pode ser aplicada no
braço que se defendeu , ao invés do braço (ou perna) que
originalmente iniciou o ataque. Enquanto o atemi pode acertar,
o que freqüentemente não é necessário, é muito mais fácil
de estabelecer conexão com o corpo do atacante quando ele
está se defendendo do que quando ele está atacando.
Um aspecto
do golpeamento que é freqüentemente mal-interpretado fora
de círculos de Aikido é a "projeção sem contato". Freqüentemente
a pessoa pode assistir uma aula inteira de Aikido sem ver
um golpe evidente. Se forem bem treinados, ambos os praticantes
sabem onde os golpes podem estar, mas eles não fazem nada
durante a execução das técnicas para fazer com que os golpes
escondidos se manifestem. Assim, na maior parte do tempo,
na pratica de Aikido , os golpes são implícitos e não explícitos.
Porém, na "projeção sem contato" os golpes se manifestam
sob a forma do "não-golpeamento do golpe". Para uma "projeção
sem contato" ser eficaz, o golpe precisa ser muito rápido
para o atacante evitar ou bloquear, mas lento o bastante
para o atacante evitar ser atingido quebrando sua postura
levando-o a fazer a queda. Nas "projeção sem contato" os
Aikidokas praticam interações marciais convincentes - um
estudo enfatizado somente no Aikido.
Um uke treinado em tal estudo será arremessado no momento
em que percebe o golpe, dando muitas vezes a quem está olhando,
a impressão que ele está se jogando sozinho. Alguns observadores
deduzem que o que eles estão vendo é falso sendo que envolve
a cooperação dos ukes, enquanto outros com tendências
mais místicas - acreditam que eles estão vendo pessoas sendo
energicamente lançadas, sem contato físico ou força. (Cada
um destes pontos de vista tem um pouco de verdade). Na prática
de "projeção sem contato", estamos estudando um tipo de
interação que normalmente não existe fora do dojo. Se alguém
tentar projetar um parceiro ou oponente destreinado sem
o tocar, vai provavelmente acertá-lo o golpe, já que o parceiro
destreinado não sabe como evitar o golpe que seria executado
uma queda.
Dentre
os vários usos de atemi aqui discutidos, muitos praticantes
de Aikido parecem se focalizar em apenas um e excluir os
outros de seus repertórios de técnicas. Mas, a partir do
momento em que o praticante se interessa pela aplicação
das técnicas de Aikido fora do ambiente controlado do dojo,
é necessário entender todos os aspectos do atemi.
Eu discuti três aspectos principais neste artigo, mas há
outros, de formas mais sutis. Por exemplo, um de meus queridos
amigos do Aikido deu um grande beijo no rosto do uke antes
de lançá-lo com um iriminage. Se a pessoa ampliar a definição
de "atemi" incluindo qualquer coisa que o nage faça para
tomar a atenção do uke, isto também conta como atemi.
Kamae,
significa a postura que um praticante de arte marcial assume
para se defender, de um ataque. Espiritualmente a palavra
indica a atitude que devemos tomar diante de uma ameaça, a
maneira pela qual nos preparamos para uma dificuldade, a nossa
postura. Neste sentido, as artes marciais modernas que são
praticadas como “ DO” , caminhos espirituais, procuram desenvolver
uma postura que “ feche o corpo”, e que o ofensor sequer pense
em atacar.
Contrariamente nas artes marciais antigas que tinham por objetivo
matar e destruir o oponente, em seus “ Kamae”, havia sempre
uma abertura, onde o inimigo pudese pensar em atacar, deixada
de propósito. O objetivo era oferecer uma isca, uma oportunidade
ilusória e se o ataque fosse desferido nesta direção, e o
agressor cairia em uma armadilha. Expondo uma determinada
parte do corpo para ser atacada, o guerreiro de antemão saberia
qual seria o alvo do inimigo, e assim poderia planejar com
antecedencia a sua defesa perfeita e derrotar o agressor sem
clemência.
Hoje o objetivo dos caminhos marciais como o Aikido é evitar
o conflito. A melhor maneira de vencer é ensinada como “ vencer
sem lutar” . A atitude do guerreiro moderno é defensiva, e
o combate é entendido como uma ultima alternativa, visando
somente a defesa pessoal e de outras pessoas afins. Os guerreiros
antigos deviam atacar, ou então provocar os seus inimigos
para que este atacassem e assim iniciar-se uma batalha onde
eles saissem vitoriosos. A defesa pessoal do samurai era sempre
secundária em termos da proteção dos Clãs. O interesse dos
senhores feudais japoneses eram colocados sempre como prioritários
em relação a suas proprias necessidades e isto incluia o desejo
de viver.
O Samurai morreria pelo seu Clã se necessário e aliás isto
seria feito com honra. Por esta razão o “ Kamae”, das artes
marciais antigas é diferente das modernas. Nas artes modernas
como o Judo ou o Karate, em suas posturas de defesa não se
encontram um simples alvo disponível para ser atacado. Daí
nas competições, se presenciar ataques falsos, para que o
judoca ou karateka se distraia, e abra sua guarda permitindo
um novo ataque agora real. Algo similar ocorre nos “ Jabs”,
do boxe, aquele soquinho curto que o boxeador dá para que
o outro abra a guarda e assim surgir a oportunidade de se
dar um direto, ou um cruzado, ou um gancho, que são geralmente
os golpes que produzem o nocaute.
Os praticantes de Aikido e Kendo, por outro lado, treinam
para eliminar todas as possíveis aberturas existentes em sua
guarda e assim se tornarem tão protegidos que desistimulariam
qualquer ameaça. Esta mesma estratégia é usada pelos avisos
que vemos nas casas : “ Cuidado, cachorro bravo! “, ou nos
carros que carregam dinheiro a tradicional placa: “ O motorista
não tem a combinação do cofre!”. É uma forma de desistimular
o assalto pois não permite sequer a possibilidade de um ataque.
A Policia Militar de São Paulo, tem teoricamente exatamente
esta prioridade, ou seja, a segurança preventiva, ostesiva,
desistimulando os criminosos em suas ações, age portanto antes
do delito ocorrer.
No Plano Internacional , as nações são obrigadas a manter
um exercito bem equipado, não para ir a guerra mas para desistimular
seus vizinhos a tentarem conquistar seus territórios. O Japão
e a Europa, por exemplo, praticamente não tem um exercito,
ou grandes verbas destinadas ao militarismo mas delegam esta
função aos EUA, que depois da grande guerra passaram a ser
quem faz o “ Kamae”, para a maioria das nações permitindo,
desta forma, que eles sejam os novos senhores do mundo, e
ditem suas politicas a todos os países.
O Brasil por exemplo, não tem um bom “ Kamae”, permitiu que
os capitalistas estrangeiros e mesmo aos especuladores internos
que emprestassem dinheiro à nação com juros absurdos. Isto
fez com que nossa dívida externa e interna atingisse niveis
nunca antes imaginados. Pagamos, somente de juros, praticamente
com o valor de todas nossas exportações.