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REVISTA CAPRICHO
09/09/2001





Ele é alto, tímido e tem mãos enormes. Josh Hartnett, com sua cara de menino perdido, é o novo queridinho do cinema: o cara roubou a cena de Ben Affleck em Pearl Harbor e, meses depois, revelou-se um super ator como Hugo, no filme "O".
A fase dos testes para pontas deu lugar a um ritmo frenético de trabalho, viagens constantes e nenhuma preocupação com a grana para o supermercado. Da noite para o dia, o menino que decidiu ser ator depois de machucar o joelho num jogo de futebol americano viu-se obrigado a negociar seu tempo entre mil compromissos e a driblar as fofocas sobre sua vida pessoal. O nome de Josh já foi ligado ao de Gisele Bundchen e ao de atrizes como Julia Stiles ("Somos apenas bons amigos", disse Josh) e Kirsten Dunst ("Quem disse que tivemos um caso estava apenas atrás de uma boa manchete"). Esse reservado cidadão de Minnesota, que fez 23 anos no dia 21 de julho, não confirma nem nega. "Se eu entrar nesse jogo, vocês nunca mais vão parar de especular", disse o garotão da voz rouca e sensual em recente entrevista à CAPRICHO.
Josh fez Halloween H20 (1998), contracenou com Jordana Brewster em Prova Final, encantou como o adolescente Trip em As Virgens Suicidas, arrebentou como o piloto Danny em Pearl Harbor, arrancou suspiros com uma participação em Ricos, Bonitos e Infiéis, que estréia no Brasil em 21 de setembro. Desde o dia 31 de agosto, ele está em cartaz nos EUA com "O". O filme, uma adaptação moderna do clássico Othelo, termina com uma chacina no colégio. Deveria ter sido lançado em 1999, quando aconteceu o massacre na Columbine High School. Por causa disso, foi para a gaveta; os produtores queriam que a poeira baixasse.
Encontramos Josh vestido com uma camiseta verde-exército surrada, calça jeans rasgada e com o cabelo no mehor estilo milico, adquirido naquela manhã por conta de seu papel no filme Black Hawk Down.
Armado de uma inseparável xícara de café com leite, ele respondia a todas as perguntas com os dois cotovelos na mesa, segurando a cabeça com as mãos e inclinando para a frente, com jeito e cara de quem havia dormido pouquíssimas horas na noite anterior.



CAPRICHO: Você está preparado para ser o novo Brad Pitt?
JOSH: [Rindo] Quem falou isso? Não tem nada a ver. Eu não gosto de muita atenção e não sei como vou lidar com a fama se ela um dia chegar a ser como a de Pitt. Procuro não pensar sobre isso e não ler nada do que escrevem sobre mim, porque são apenas especulações e besteiras. Tudo o que quero é ser um bom ator, não perder a humildade ou a ligação com meus amigos de infância e com minha família. É por isso que nunca vou morar em Los Angeles. Continuarei a ser o garoto da cidade do interior, em benefício de minha saúde mental.

C: É verdade que você fez um teste para ser um dos protagonistas do seriado Dawson's Creek?
J: Verdade. Fui chamado quando eles estavam escolhendo os personagens principais e fiz um teste para o papel de Dawson e outro para o de Pacey. Na época, achei que minhas chances eram boas, mas não fui escolhido porque os produtores disseram que eu aparentava ser um pouco mais velho do que aquilo que procuravam.

C: Você ficou chateado?
J: Falaram que eu fiquei arrasado, que eu não queria continuar a batalhar papéis, que eu teria entrado em depressão, mas a verdade é que nem tive tempo de sentir a perda porque outras oportunidades começaram a pintar e, no final, não ter feito parte do elenco foi melhor pra mim. Hoje tenho várias opções nas mãos.

C: Que papéis você perdeu, mas gostaria de ter conseguido?
J: Gostaria de ter feito Dez Coisas que eu Odeio em Você e O Patriota. Recebi os roteiros e fui chamado para os testes, mas não deu. Nos dois casos, perdi a vaga para Heath Ledger, que parece ser meu maior concorrente atualmente [risos].

C: Você gosta de se ver na tela?
J: Engraçado você me perguntar isso porque ontem mesmo, quando assisti pela primeira vez a Pearl Harbor, estava pensando que ter que me ver atuando é uma penitência. Se eu fosse um ator brilhante, talvez não me importasse, mas fico apenas reparando nos meus defeitos, na câmera que chegou muito perto, nas bocas tortas que faço. É uma experiência dolorosa ter que me ver na tela.

C: Você tem evitado fazer filmes de adolescentes?
J: Não sou mais adolescente e não vejo porque fazer testes para esse tipo de filme. Procuro fazer apenas aqueles filmes que em interessam. E procuro também mudar o perfil de meus personagens, porque é importante que nessa fase de aprendizagem eu faça diversos tipos de papéis.

C: Como conseguiu o papel em Pearl Harbor?
J: Fui chamado para um teste para ser o protagonista, quando Ben Affleck ainda não estava no elenco. Mas havia uma centena de atores para a vaga e achei que nào fosse conseguir. Uma tarde, Michael (Bay, o diretor) me ligou para dizer que o papel era meu. Eu fiquei mudo porque não sabia mais se deveria aceitar. Imaginei que minha vida jamais seria a mesma se dissesse sim para um filme desse peso. Fui então pedir um conselho para meu pai e nunca vou esquecer as palavras dele. Ele disse: "Filho, a fama é temporária, mas o arrependimento é para sempre". Nesse mesmo dia, aceitei o papel principal. Semanas depois, Michael me ligou para avisar que teria de fazer mudanças no elenco porque Ben havia dito que gostaria de fazer o filme e que, nesse caso, ele ficaria como protagonista.

C: Como você se sentiu?
J: Pedi para ler novamente o roteiro para poder sacar exatamente quem era agora meu novo personagem. A verdade é que eu acabei gostando mais dele do que do papel de Ben. E, para melhorar a situação, Ben e eu nos entendemos perfeitamente. Ele é boa-praça e adora dar uma de protetor para novatos como eu. O ambiente no set não poderia ter sido melhor. Viramos grandes amigos.

C: Você aprendeu a lidar com a fama com seu amigo Ben?
J: Não acho que alguém possa ensinar isso porque é uma coisa de experiência própria. A dele não será necessariamente a minha. Mas acho que Ben tem lidado com o sucesso de forma exemplar. Ele me disse que as coisas mudaram literalmente da noite para o dia depois da estréia de O Indomável e que no começo pensou que fosse ficar maluco, mas depois conseguiu controlar o ego e colocar os pés no chão. Espero ter sua maturidade quando, ou se, minha vez chegar.

C: Qual foi seu maior desafio em Pearl Harbor?
J: Sem dúvida, o treinamento militar ao qual tivemos que nos submeter antes do início das filmagens. Sem brincadeira, eu pensei que fosse morrer. Fiquei doente, desmaiei, chorei, cheguei a pensar em desistir. Havia alguns soldados treinando com a gente e eles disseram que nunca haviam sofrido assim na vida. Eu acho que o treinamento foi especialmente duro porque éramos estrelas de Hollywood e os caras do exército queriam mostrar que aquilo não era para qualquer bacaninha de Beverly Hills metido a fortão. Se você me perguntar se tanta penitência era necessária para me ajudar a construir o personagem, eu não saberei dizer.

C: Pelo visto, você não é fã de exercícios pesados...
J: Nem um pouco. A única coisa que faço para me manter em forma é correr. Meu pai é maratonista e desde pequeno ele me leva para correr a seu lado. Hoje, quando estou tenso, saio para dar uma boa corrida. Mas é só.

C: Em Pearl Harbor você fica com a namorada de seu melhor amigo. Já passou por isso na vida real?
J: Não, nunca, graças a Deus. Mas, quando comecei a fazer filmes, acabei traindo minha namorada com uma das atrizes com quem trabalhei (Julia Stiles???) e foi uma experiência terrível, cheia de dor e arrependimento. No final, nossa atuação foi comprometida porque havia essa relação por trás das câmeras. Como você vai fazer uma cena de amor com a menina com quem acabou de ter uma baita discussão no trailer? Não acho que se envolver com colegas de trabalho seja saudável. Se o cara é esperto ele não se deixa envolver, isso só prejudica sua atuação.

C: Você está namorando alguém?
J: Não sei se poderia dizer isso, mas acabei voltando com a tal namorada que traí. Ela vai me matar se ler esta matéria. Mas vai ser publicada no Brasil, certo? Não acho que ela leia português [risos]. - a namorada em questão é a atriz de teatro Kelly Lee Carlson, que ele conheceu em Minnesota em 1998, durante uma festa.

C: Você era bom aluno na escola?
J: Sempre fui da turma que preferia jogar bola a estudar. Mas no final acabava passando.

C: Você já deixou claro que a relação com seu pai é das mais saudáveis. Como você se dá com sua mãe?
J: Fui criado por minha madrasta e nunca tive muito contato com minha mãe, que mora em outra cidade. Até hoje, a gente se fala pouco. Mas não tenho traumas. No final, minha madrasta e meu pai fizeram um bom trabalho, você não acha?





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