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História da Odontologia - parte 2
Os Egípcios
Os egípcios também realizavam próteses e estas são consideradas as raízes da tecnologia odontológica. As próteses procuravam substituir o membro que falhava e também procuravam fixá-lo.

O melhor exemplar egípcio está no Museu Roemer-Pelizaeus na cidade alemã de Hildeshein. Ele é um splint de fio de ouro exumado pelo professor H. Junker, no ano de 1914, em um cemitério perto de Gisah, o qual data de 1500 a.C. Esse cemitério era de cortesãos; estava próximo às pirâmides.

Este antigo dispositivo protético consiste de dois dentes conectados com fio de ouro; são o primeiro ou segundo molar ligado ao terceiro molar. De acordo com o então diretor da Faculdade de Odontologia de Breslau, H.Euler, o dispositivo é mais provavelmente de uma férula para dois dentes adjacentes, para proporcionar retenção para um molar anterior, enfraquecido pela reabsorção radicular, no terceiro molar.

Este achado não é representativo de uma prótese dentária mas demonstra a técnica do fio de ouro.

Os Romanos
A lei romana permitia o enterramento de ouro, só se ele estivesse nos dentes. Encontra-se o comentário lei em Cícero. Na literatura médica romana, no entanto, não há referência às próteses porque elas eram executadas por técnicos, servindo apenas para efeitos estéticos.

Marcial fala de uma dama que, à noite, removia seus dentes. Fala que seus lindos dentes eram de osso e de marfim. Isso porque era o tempo dos Césares e nessa ocasião, apareceu o marfim como material novo, sendo utilizado para fins protéticos.

Acredita-se que as próteses eram executadas pelos ouríves, mas seus trabalhos não foram descritos nos tratados médicos por razões sociais.

Os Romanos usaram próteses removíveis, mas havia também a prótese parcial fixa.

A técnica dos Romanos permaneceu inalterada até a Renascença.

Os Maias
Acredita-se que os índios do hemisfério ocidental chegaram aproximadamente há 15.000 anos provenientes da Ásia, pela então existente ponte de terra firme sobre o estreito de Bering. Emigraram na direção sul, até as Américas Central e do Sul, onde desenvolveu-se verdadeira multidão de povos indígenas, todos eles compartilhando certas semelhanças culturais básicas. 
Os mais importantes entre estes povos foram os astecas, gente belicosa e amiga da guerra, que residiam na zona que é, modernamente, o centro do México; os Maias, povo pacífico, com uma cultura muito desenvolvida e que habitou a península do avançado, que viveu na cordilheira andina do atual Peru.

A história teve início por volta de 2.500 a.C, porém sua cultura atingiu o máximo esplendor entre os anos 300 d.C, e 900 d.C. Os Maias possuíam um saber matemático bastante desenvolvido. Além de sua perícia na arquitetura, tinham um conhecimento excelente do tempo, e criaram um calendário muito exato. Apesar de ser um povo basicamente da idade da pedra, já que suas ferramentas eram de sílex e suas armas de madeira afiadas com lascas cortantes de obsidiana, foram consumados fundidores e ferreiros de ouro, prata e, em menor grau, bronze. Sua arte da lapidação também foi notável, como demonstram as jóias gravadas de jadeita, hematita, ônix, turquesa, e outras pedras semi preciosas.

Apesar de se destacarem nos trabalhos em pedra e metal, não chegaram a praticar verdadeiramente uma odontologia corretora e restauradora para manutenção ou melhora de sua saúde oral. Seus trabalhos habilidosos com os dentes tinham finalidades estritamente rituais ou religiosas. Alguns pesquisadores supõem que seu principal incentivo era o adorno pessoal. Sabemos que os Maias levavam a cabo cerimônias religiosas elaboradas, nas quais o enegrecimento dos dentes e o clareamento da face e torso tinham um significado importante. Portanto parece razoável concluir que o adorno e a mutilação dos dentes formavam parte do culto.

Os Maias sabiam incrustar com habilidade lindas pedras em cavidades cuidadosamente preparadas nos incisivos superiores e inferiores e, em alguns casos, também nos primeiros molares. Não há dúvida que as cavidades eram criadas em dentes vivos. Faziam girar, com as mãos ou com uma furadeira de arco de corda, um tubo duro e redondo, parecido com um canudo de refresco. As pedras incrustadas se ajustavam de forma tão exata à cavidade, que muitas delas permaneceram no lugar durante mil anos! Como forma de aumentar a conservação das duas peças unidas, o espaço entre a pedra e a parede da cavidade era vedado por meio de cimentos.

Existem provas abundantes de que os Maias praticaram a implantação de materiais aloplásticos ( não orgânicos ) em pessoas vivas. Enquanto escavavam na praia dos Mortos, no vale Ulúa de Honduras em 1931, Wilson Popenoe e sua mulher encontraram um fragmento de madíbula de origem Maia, que datava do ano 600 d.C. . Este fragmento, que se encontra atualmente no Peabdy Museum of Archeology and Ethnology da Universidade de Harvard, foi estudado por Amadeo Bobbio, de São Paulo, Brasil, uma autoridade em implantes reconhecida em todo o mundo. Bobbio observou que três incisivos inferiores perdidos. Contrariamente à opinião inicial, segundo qual estes fragmentos teriam sido inseridos depois da morte, as provas radiológicas efetuadas por Bobbio em 1970 comprovaram a formação de osso compacto em torno de dois implantes, osso radiograficamente similar ao que envolveria um implante de lâmina atual. Em consequência, estes são os dois implantes endosteais (dentro do osso ) aloplásticos
.

Os Japoneses
Quando o budismo foi introduzido no Japão no século VI, veio acompanhado de uma grande variedade de novas artes e técnicas. Por volta do século VIII, os japoneses dominavam a arte de talha de imagens de Budas de madeira, sendo possível que as primeiras próteses de madeira tenham sido confeccionadas nesta época. Sem dúvida os aspectos técnicos da manufatura de próteses já se achavam aperfeiçoados em começos do período Tokugawa.

No seu clássico trabalho do ano de 1728, o grande dentista ocidental Pierre Fauchard descreve duas próteses completas superiores, projetadas por ele mesmo, que dependiam, para a sua retenção, exclusivamente da pressão atmosférica. Ao que parece o significado fundamental de seu grande descobrimento se lhe escapou, pois seguiu aconselhando o uso de molas, na construção das dentaduras. Enquanto isto, os japoneses construíam próteses completas, superiores e inferiores, sustentadas simplesmente pela aderência e pressão atmosférica cerca de 200 anos antes. O fato destas dentaduras terem sido confeccionadas de madeira é também muito interessante. Foram encontradas mais de 120 dentaduras completas de madeira, que datam de princípios do século XVI, até meados do século XIX.

As próteses japonesas antigas eram talhadas de um único bloco de madeira, normalmente de árvores de aroma doce como o bluxo, a cerejeira, ou o damasqueiro. Era confeccionado um molde do maxilar desdentado com cera de abelha, e com base neste molde talhava-se um modelo, geralmente de madeira. Em seguida, talhava-se a dentadura, seguindo aproximadamente este modelo. Depois, o interior da boca do paciente era pintado com um pigmento vermelho, ou com tinta nanquim, e com base na impressão dos pontos salientes, a dentadura ia sendo trabalhada, ajustando-a à parte interior da boca.( Este procedimento não difere muito do método ocidental, em época mais recente, de modelar e ajustar na boca dentaduras com base de marfim ). A base se estendia até a prega mucobucal, para que aumentado o poder de retenção, e eram gravadas na superfície da dentadura as arestas irregulares do palato duro.

Os dentes artificiais eram confeccionados com lascas de mármore ou osso de animais talhados sob medida, e algumas vezes também eram utilizados dentes humanos naturais Os dentes artificiais eram confeccionados com lascas de mármore ou osso de animais talhados sob medida, e algumas vezes também eram utilizados dentes humanos naturais. Em lugar das molas posteriores, pregavam na base de madeira cravos de cobre e ferro, visando aumentara eficácia da mastigação. Se os clientes assim o exigissem, os dentes e suas bordas eram pintadas de negro, para indicar a condição matrimonial da mulher que iria utilizar a dentadura; finalmente, a prótese era inteiramente recoberta laca, para torná-la resistente à ação da saliva.

A prótese dentária superior japonesa mais antiga que se conhece pertenceu a uma sacerdotisa budista, Nakaoka Tei, conhecida familiarmente como Hotoke-hime, ou Dama do Buda que fundou o templo de Ganjo-ji em Wakayama, por volta de 1500. Entre seus objetos pessoais, que se encontram em seu templo, encontra-se um espelho, uma pedra de tinta, um leque, uma campainha, algumas relíquias e a prótese, da qual diz-se ter sido confeccionada pela própria sacerdotisa. Restos de óxido de ferro indicam que em outra época havia sido pintada de negro. Parece provável que, nestes tempos, as dentaduras de madeira fossem comuns nas zonas urbanas, já que Wakayama, no século XVI, era uma zona rural remota.

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