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EXPLANAÇÃO SOBRE O LIVRO A REPÚBLICA DE PLATÃO

 

 

 

 

Giuliana - UNICAMP

 

 

 

 

 

A Alegoria da caverna refere-se a um grupo de pessoas que viviam dentro de uma caverna, presos a ela e sem nunca terem tido contato com o ambiente exterior. Mantidos acorrentados, sempre na mesma posição e impedidos de olharem para os lados, a realidade para estas pessoas era apenas o que elas podiam ver dentro da caverna, ou seja, nada além do que as sombras projetadas nas "paredes" da caverna.

Sendo assim, se fossem libertados e colocados fronte à luz do sol, à natureza e a tudo o que existe e acontece fora da caverna, a reação destas pessoas seria de "espanto". A realidade que, para nós existe, para eles não seria realidade, seria necessário um período de adaptação ao mundo que antes, para eles não existia.

Quando estas pessoas voltarem à caverna e encontrarem pessoas que ali permaneceram, as reações serão opostas. Os que voltaram por terem conhecido uma outra realidade, ao tentarem convencer aos outros de como é o mundo de fora, estarão "recusando" aquilo o que admitiam como verdade antes de saírem da caverna e, por outro lado, os que permaneceram na caverna não iriam acreditar nas histórias que lhes forem contadas pois para eles, seriam absurdas.

Platão compara esta alegoria aos mundos visível e inteligível - a caverna ao mundo visível e a saída da caverna para o mundo exterior com o mundo inteligível, da mesma forma que compara a luz da fogueira existente na caverna com a luz do sol existente em seu exterior - desta maneira explica que a verdadeira realidade, a idéia do BEM, existente no mundo inteligível, é quem projeta no mundo visível, a luz.

Entende-se desta forma que se as almas que nunca tiveram contato com o mundo inteligível não "crêem" nele, é por não estarem habituadas, por não o conhecerem, e cabe portanto, as que já tiveram a oportunidade de conhecê-lo compreender tal atitude e ter compaixão das que ainda não conseguiram perceber qual é a verdadeira realidade.

 

 

 

A educação do filósofo dá-se pelo exercício de conhecer a verdadeira realidade, ou seja, sair do mundo visível em direção do mundo inteligível e com isso poder aplicar ao mundo visível as idéias do mundo inteligível.

Para que uma pessoa adquira condições de realizar tal atividade, ela precisa ter adquirido anteriormente outros conhecimentos ( outras ciências ), como a ginástica, a música, as artes, a matemática ( geometria e aritmética ), a astronomia, a estereometria e a dialética.

Um filósofo deve conhecer profundamente todas as ciências para que tenha condições de analisar com perfeição o mundo inteligível. Cada uma dessas ciências possui uma função específica nesta formação, analisaremos então algumas delas mais profundamente.

 

 

Para alcançar a verdade pura, é necessário que a alma seja inteligente, e para isso necessita-se que tenha conhecimento da ciência básica que define as diferenças existentes entre "a unidade" e "o todo", a ciência que desenvolve a tática, que pode diferenciar o grande do pequeno, ou seja, a aritmética importante na formação do filósofo pois ao conhecê-la ele estará apto a raciocinar e assim poderá compreender o mundo inteligível.

 

 

Dentro deste contexto, a geometria não poderia ser deixada para trás pois é a ciência que permite aos homens definir quais são as melhores estratégias a serem montadas numa atividade que exija raciocínio ( como numa guerra ).

A geometria força os homens a analizarem a essência - o centro - das coisas e não o que é mutável, sendo assim seria indispensável para aqueles que pretendem alcançar a verdade.

 

O estudo da astronomia assume uma importância dentro da formação do filósofo não apenas por permitir uma perfeita compreensão das estações, meses e anos mas também por esta ciência ter o poder de forçar seus estudiosos a analisarem o que está acima deles, conduzindo o que é terrestre para o que é celestial, desta forma os estudiosos percebem que o mais importante não é aquilo o que está visível, mas aquilo sobre o que se raciocina.

 

 

A estereometria é uma ciência que na verdade ainda não existia. Trata-se do estudo da profundidade dos objetos ( cubos por exemplos ). As importâncias deste estudo são a falta de investigações sobre ele e a não existência de um director para orientar estes estudos. Os filósofos seriam então responsáveis pelo desenvolvimento da estereometria.

- Obs.: em seu diálogo, Aristóteles enumera as ciências que devem ser estudadas pelos filósofos. A estereometria, por ainda não existir, excaixa-se entre a geometria e a astronomia.

 

 

A dialética é a área responsável pela "transformação" das ciências estudadas pelos filósofos em conhecimentos essenciais voltados ao mundo inteligível. Cabe à dialética fazer com que a aritmética, a geometria, a astronomia e a estereometria tenham sentido na interpretação do mundo superior, ou seja, a dialética liga os conhecimentos terrenos à idéia de BEM. É indispensável aos filósofos terem este conhecimentos pois é ele que faz um homem tornar-se filósofo.

 

 

O filósofo governante deve receber uma formação em todas as áreas, ( ciências ), possíveis. Deve ser capaz de governar, defender e produzir, para isso necessita de virtudes tais como a temperança conseguida através do estudo da música e da ginástica, a coragem conseguida através do estudo da astronomia, geometria e aritmética, e da justiça e da jurisprudência, conseguidos pela dialética. Por possuir todos os conhecimentos disponíveis à sociedade, o filósofo será o mais capacitado para assumir o cargo de governante pois não estará "apegado" a ele, como são apegados à guerra e a produção os guerreiros e os artesãos respectivamente.

 

 

Para Platão, a construção de um Estado deve estar baseada na idéia de que todos os cidadãos devem ser felizes. Desta forma, as atividades exercidas por cada um teriam de ser aquelas já existentes nas almas dos mesmos. A sociedade seria então dividida em três partes. A primeira parte abrange os governantes, a segunda, os guerreiros, e a terceira, os artesãos. Estas três partes da sociedade são fundamentais para o funcionamento do Estado, nenhuma delas funciona sem a outra.

Os cidadãos não devem assumir cargos que não os satisfaçam, por isso, desde crianças devem estudar para poderem "descobrir a que cargo sua alma pertence".

Desta forma a educação deve ser dada igualmente a todos. Todas as ciências devem estar a disposição das pessoas. Com o passar do tempo, os próprios cidadãos terão consciência do que devem ou não aprender, ( do que sua alma tem ou não dentro de si, proveniente do mundo inteligível ). Assim alguns deixarão de estudar em determinado momento para se dedicarem a produção, outros um pouco mais adiante, deixarão de estudar para se dedicarem a defesa do Estado e outros por fim, estudarão para tentarem alcançar o saber completo.