Site hosted by Angelfire.com: Build your free website today!

Análise Sociológica do Filme Um Estranho no Ninho

 

 

Giuliana

UNICAMP

 

 

 

 

 

O filme conta a história de um homem que submete-se a um tratamento em um sanatório. Contudo, as atitudes do personagem não demonstram nenhum problema mental o que gera grandes discussões entre ele e os médicos da clínica.

O nome deste filme – Um Estranho no Ninho – reflete bem o seu conteúdo pois mostra a relação, e as conseqüências da relação, entre uma pessoa que ao se inserir numa sociedade "quebra" a rotina da mesma desrespeitando a ordem vigente .

Ao entrar no sanatório Mac observa toda a rotina monótona a qual os pacientes eram submetidos e, como não se adapta a ela tenta mudá-la. Ao fazer isto é reprimido pelos dirigentes, médicos e enfermeiros do local. Por diversas vezes sua insanidade foi contestada mas como era de seu interesse, Mac fazia se passar por doente mental.

As punições eram feitas através de agressões físicas como choques elétricos e visavam na verdade assustar os outros pacientes para evitar que fizessem o mesmo, o que podemos relacionar com as punições sociais citadas na obra de * Berger . "Os métodos de controle variam de acordo com a finalidade e o caráter do grupo em questão. Em qualquer um dos casos, os mecanismos sociais funcionam de maneira a eliminar membros indesejáveis (...) para estimular os outros"." ( p. 81 ).

Com o passar do tempo os outros pacientes foram encontrando em Mac aquilo o que eles gostariam de ter mas não podiam devido a organização da clínica, ou seja, elegeram Mac como um líder e ao mesmo tempo como um "protetor" contra as ameaças de punições, já que este não demonstrava medo ao receber uma punição e mantinha o seu principal objetivo: alcançar a liberdade.

Analisando sociologicamente esta passagem do filme encontramos a

questão da relação de carisma e liberdade entre as pessoas, e das pessoas com a ordem vigente, respectivamente.

"Vale notar que Weber considerava o carisma como uma das principais forças motrizes da História, muito embora percebesse lucidamente que o carisma é sempre um fenômeno de curta duração. Entretanto, por mais que os velhos padrões possam reaparecer no curso da "rotinização" do carisma, o mundo nunca mais é o mesmo. Muito embora a mudança tenha sido maior do que os revolucionários esperavam, houve, não obstante, uma mudança". ( p.143 ).

Os significados de liberdade são diferentes na visão subjetiva e objetiva. Quando pensamos em liberdade imaginamos uma situação onde tudo o que queremos conseguimos, imaginamos uma sociedade sem regras, sem domínios. Entretanto a liberdade real - social - nada tem em relação a esta liberdade subjetiva e relaciona-se com o que pensaríamos ser o seu oposto, a causalidade. "Liberdade não é aquilo que não tem causa." (p. 138 ) ou seja, um indivíduo é livre dentro das várias regras já determinadas socialmente ( as regras delimitam os parâmetros da liberdade) .

O que Mac via como liberdade no filme não era a liberdade real, possível na sociedade a qual estava inserido - esta liberdade ele só conquistaria quando não pertencesse mais a tal sociedade e, como demostrou o filme ele a conquistaria após a morte - por isto ela não poderia ser alcançada.

Mac buscou no sanatório uma forma de tornar-se livre já que por várias vezes foi preso. Imaginou que ao se fazer passar por "louco" teria sua liberdade alcançada pois os loucos podem fazer tudo o que querem já que são loucos. Se o conceito real de liberdade fosse o entendido por Mac, ele teria conseguido, mas como não o é o mesmo deveria Ter-se ajustado aos limites de liberdade do sanatório. "Como demostrou Weber, se fosse assim o louco seria o ser humano mais livre que existe. O indivíduo consciente de sua própria liberdade não se situa fora do mundo da causalidade: antes percebe sua própria volição como uma categoria especialíssima de causa, diferente das outras causas que tem de levar em conta". (p. 138 )

Entre outros significados que o filme pode trazer para as interpretações sociológicas temos a do respeito ao seu próprio valor dentro dos limites sociais ( A Sociedade no Homem e O Homem na Sociedade ).

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

 

* BERGER, Peter L. Perspectivas Sociológicas: uma visão humanística ; tradução de Donaldson M. Garschagen. Petrópolis, Vozes, 1986. 204 p.