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Dentro desse pressuposto, 


imagino que a lèologia Prática tenha uma dupla tarefa: 107 1. Tèologia Prática como premissa para o fazer teológico Ela é premissa de todo fazer teológico na medida em que mantém as antenas voltadas para o mundo e coleta os temas atuais e os desafios que requerem um posicionamento por parte da teologia e da Igreja. 


À Tèologia Prática cabe a tarefa de ser um posto avançado de escuta das preocupações e angústias que atormentam as pessoas e a sociedade na atualidade. Desse modo ela preserva a teologia da introversão e da cegueira para a realidade que a cerca. Para desempenhar esse papel, ela entra em diálogo direto com as ciências sociais e se assessora das mesmas, pois só assim obterá uma visão acurada das coisas. 


Aprender com a Teologia Prática é a interlocutora privilegiada da teologia com as ciências sociais. Não é necessário dizer que o diálogo da Teologia Prática com a realidade precisa se dar dentro de uma determinada ótica teológica própria, da qual não pode abdicar, sob o risco de perder sua função teologal. 


Dizer que sua ação é premissa para a teologia não é o mesmo que dizer que sua ação seja anterior à teologia. Esta ênfase torna-se necessária para evitar que se repita aqui o mal-entendido suscitado no seio da TdL, como se o primeiro passo da conhecida tríade “ver, julgar e agir” fosse um ato objetivo e destituído de qualquer premissa teológica. 2. 


Tèologia Prática como consciência crítica da teologia A Teologia Prática pergunta em que medida se alcança a finalidade última da teologia, a saber, a de se tomar prática responsável e eficaz da fé cristã. Tèologia que não se destina à transformação do mundo e da própria Igreja perde sua vinculação com o evangelho transformador e questionador de Jesus Cristo. Ela se torna uma ciência estéril. 


A Teologia Prática contribui para salvaguardar a relevância da teologia e da atuação da Igreja para a atualidade. Em outras palavras, a Teologia Prática julga se a prática da Igreja é coerente com os postulados e com o discurso teológico que ela emite. Nesse sentido ela é a consciência crítica tanto da teologia quanto da Igreja, que, para permanecer fiel à sua vocação, precisa ser ecclesia semper reformanda. 


A Tèologia Prática pergunta se a Igreja como se apresenta hoje corresponde à intenção original do Senhor da Igreja. Ou, como diz R. Bohren21, a pergunta da Teologia Prática pela verdade é a pergunta pela verdadeira Igreja. Mas a Igreja não pode se limitar a ouvir a crítica que procede do seu próprio meio. 


A Teologia Prática precisa ser porta-voz também daqueles que de fora da Igreja apontam para a coerência ou a incoerência de sua prá­ tica. Como posto avançado de escuta da Igreja, a Teologia Prática é advogada do mundo junto à Igreja. É evidente que para exercer de forma eficaz essa função crítica a Teologia Prática precisa se aparelhar adequadamente e desenvolver instrumentos efetivos de análise. 


Acima de tudo, precisa ter critérios teológicos e um rigor metodológico para julgar se sua crítica é procedente. Caso contrário, 108 no afã de levar a Igreja a se atualizar, ela a levará a se conformar com o mundo e a negar o seu mandato profético. O perigo dos dois postulados acima reside em que a Teologia Prática se transforme num instrumento meramente auxiliar da teologia que reúne perguntas e examina em que medida as respostas oferecidas pela teologia são adequadas. Trata-se do risco, apontado acima, de restringir a tarefa da Teologia Prática como sendo anterior e posterior à teologia propriamente dita. Para assegurar-lhe um status de disciplina teológica em sentido pleno, toma-se necessário definir sua tarefa como sendo igualmente simultânea à teologia. 


O não-reconhedmento de uma função teologal própria decorre do fato da teologia tradicional ter operado de maneira dedutiva22. Aí se fazia teologia a partir de pressupostos filosóficos e metodológicos e, num segundo momento, se incumbia a Teologia Pastoral/Prática de elaborar regras de aplicação daquelas verdades de modo que os simples fiéis as pudessem compreender da melhor forma possível. Ou seja, a Teologia Prática vinha no fim, como apêndice da teologia. A teologia era uma ciência de uma via só: faziam-se deduções da verdade revelada e da qual a Igreja era depositária e se pensava depois em regras de aplicabilidade. 


No máximo, cabia à Teologia Prática levantar temas que a teologia propriamente dita viria a responder. No momento em que se abandona este esquema e se passa a considerar o lugar social e a prática da fé que incide sobre ele como sendo relevantes para o fazer teológico, a Teologia Prática adquire uma importância diferente. Todo o povo de Deus, e não mais exclusivamente a casta dos teólogos, passa a ser sujeito da teologia. Agora a prática eclesial é lugar teológico e a Teologia Prática, como interlocutora privilegiada dessa prática, tem resgatada a sua função teológica simultânea à práxis. 


Conclusão 


Tèntamos determinar a função específica da Teologia Prática como consciência crítica da Igreja e da própria teologia no sentido de lembrá-las da sua finalidade última: a prática eficaz da fé. O compromisso da Tfeologia Prática é comprometer a teologia e a Igreja com a prática. 


A Teologia Prática só cumpre essa função se estiver permanentemente sintonizada com as necessidades e os anseios do mundo de hoje. Eis por que ela reflete criticamente sobre a vida e a ação da Igreja diante dos desafios e das condições sócio-históricas do tempo atual. Cabe-lhe contribuir para que a Igreja de Jesus Cristo continue a se tornar evento salvífico aqui e agora. Retomando a metáfora da árvore de Schleiermacher, ela é a copa que oxigena o seu próprio tronco quando este ameaça secar. Tfeologia Prática quer ser um veículo do Espírito Santo que mantém a Igreja em movimento. 109 A Teologia Prática promove o diálogo entre a hierarquia e as bases da Igreja, entre a Igreja e o mundo, entre a teologia e as ciências sociais. Ela é o ponto de inters