AIMEE SEMPLE MCPHERSON
INTRODUÇÃO
Poucas pessoas se mantém
insensíveis depois da leitura da biografia da irmã Aimée. Seus talentos naturais
colocados a serviço do Senhor; sua capacidade de obedecer a Deus; sua fé
genuína; seu amor pelas almas; seu discernimento espiritual e muitas outras
qualidades reveladas nesta biografia, resultaram num grande avivamento e por
fim, no surgimento da Igreja do Evangelho Quadrangular.
Aimée Semple McPherson deixou-nos uma grande herança de vida cheia de amor e de
realizações espirituais. Cabe a nós, agora, a responsabilidade de dar
continuidade a este maravilhoso ministério, pregando e ensinando com fé, o
Evangelho completo, o Evangelho Quadrangular.
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"Grandes coisas fez o Senhor
por nós, e por isso estamos alegres"
Salmo 126:3
Aimée Kennedy nasceu numa pequena fazenda perto de Ingersoll, Ontário, no
Canadá, a 9 de outubro de 1890, filha única do casal James e Minnie Kennedy. Lá
passou sua infância e mocidade, formando-se do colégio com honras especiais.
Na sua adolescência, a jovem Aimée se interessou cada vez mais pelos programas
sociais e recreativos da Igreja Metodista que ela frequentava, usando seus
talentos criativos nas apresentações teatrais da igreja. Cinema, patinação no
gelo, romance e bailes foram as diversões que atraíram-na até o ponto de seu
coração ficar cada vez mais frio e longe de Deus.
Com a idade de dezessete anos, enquanto cursava o colégio, ela ficou fascinada
com os ensinamentos da teoria da evolução. Mesmo sendo criada num lar cristão,
Aimée começou a duvidar da veracidade de suas crenças religiosas, até da
existência de Deus. Nessa condição de indiferença ateística, Aimée não se sentiu
feliz. Entre as dúvidas e a tristeza por ter discutido com sua mãe, tendo-a
magoado com sua descrença, a luta em seu coração era muito grande.
CONVERSÃO
Uma noite ela foi para seu
quarto, determinada a achar uma solução para suas dúvidas. Sem acender a
lamparina, ajoelhou-se em frente à janela aberta onde contemplava a paisagem
branca, toda coberta de neve. Levantando-se seus olhos aos céus, vendo a lua e
as estrelas, pensou: "Certamente deve existir um grande Criador que fez tudo
isto." De repente, ergueu os seus braços para o céu e clamou: "Oh Deus, se há um
Deus, revele-se a mim." (Dentro de quarenta e oito horas Deus respondeu essa
oração).
No dia seguinte, passando pelo
centro da cidade com seu pai, Aimée viu uma placa anunciando cultos de
avivamento pentecostal num salão grande. A pedido da filha, o Sr. Kennedy
levou-a ao culto na noite seguinte. Aimée foi com a intenção de se divertir,
mas, toda frivolidade e zombaria desapareceram quando o jovem pregador, Robert
Semple, se levantou e abriu a Bíblia. O evangelista pregou sobre o texto:
"arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo." (Atos 2:38)
Depois de explicar o plano de salvação e o que significa arrependimento e fé, o
evangelista começou a expor a doutrina do batismo com o Espírito Santo. Ele
mostrou que a salvação, e o Batismo no Espírito Santo devem ser ministrados lado
a lado, para que o crente possa viver sua vida na plenitude do plano de Deus.
Aimée ficou profundamente convicta de seu pecado. Repentinamente, o pregador
deixou de falar inglês e começou a falar em línguas estranhas pelo Espírito
Santo, com seus olhos fechados e os braços estendidos na direção de Aimée. Em
seguida Robert Semple continuou a sua mensagem em inglês. Não houve
interpretação, mas, Aimée, que até aquela noite nunca soubera do falar em
línguas estranhas, sentiu que era a voz de Deus falando com ela, dizendo: "Tu és
uma pobre perdida e miserável pecadora, merecedora do inferno." Aimée não
aguentou mais e deixou o culto para assistir um ensaio da peça de Natal de sua
autoria. Ela mesma descreveu os eventos que se seguiram com estas palavras:
"Não sei como terminei o ensaio naquela noite, mas eu sei que por três dias
lutei com a mais terrível convicção de pecado e da minha necessidade de Deus. No
terceiro dia, sozinha, voltando do colégio em um trenó, a convicção era mais do
que eu podia aguentar. Levantando minhas mãos eu clamei em alta voz: Senhor
Deus, tem misericórdia de mim, pecadora! Imediatamente o peso se foi; glória e
alegria subiam do meu coração e transbordavam em louvor através dos meus lábios;
lágrimas rolavam pelas minhas faces e eu comecei a cantar:
Toma minha vida e deixei-a ser consagrada, Senhor, a Ti; toma meus lábios e
deixo-os cantar sempre, somente ao meu Rei! Agora já se foram as canções
mundanas; tomais minhas mãos e deixa-as moverem-se pelo impulso do Teu amor!
Então não haverá mais música mundana tocada pelas minhas mãos; toma meus pés e
deixa-os serem ligeiros e formosos para Ti; já acabou para mim o salão de baile
e tudo que ele para mim representava."
A conversão e a consagração foram completas. Chegando em casa, Aimée pegou todas
as músicas de jazz e juntamente com os romances e os sapatos que usava nos
bailes, queimou tudo, explicando a seu pai que veio correndo, que daquele dia em
diante ela ia cantar e tocar hinos, e a Bíblia seria seu livro.
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CHAMADA PARA SERVIR E BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
Depois da sua conversão, Aimée
passou duas semanas numa alegria impossível de descrever. Um dia em oração, ela
sentiu que precisava ganhar almas. Começou a procurar na Bíblia o segredo do
poder e êxito daqueles que ganham almas. Pelo estudo do livro de Atos, ela
descobriu que o revestimento do poder para servir era sinônimo de batismo com o
Espírito Santo. Desde aquele momento ela começou incessantemente a buscar o
Espírito Santo, perdendo muitos dias no colégio, para assistir reuniões de
oração na casa de uma senhora já batizada com o Espírito Santo, que pertencia à
Missão Pentecostal, onde Aimée ouviu o Evangelho. Quando a mãe de Aimée recebeu
uma carta do diretor do colégio, comunicando o fato dela estar perdendo muitas
aulas, proibiu-a de frequentar os cultos, chamando o povo da missão de
fanáticos.
Na segunda-feira seguinte, Aimée conseguiu chegar na cidade, apesar da neve que
estava caindo. Resolveu não ir ao colégio, mas, passar o dia em oração na casa
da irmã da missão. Elas oraram juntas, pedindo ajuda a Deus, para que Aimée
ficasse na cidade até receber o batismo. O Senhor ouviu a oração e a neve
começou a cair numa tempestade muito forte. Ela orou o dia todo e quando foi
pegar o trem para voltar à sua casa, descobriu que todos os trens estavam
parados, as linhas telefônicas interrompidas e as estradas intransitáveis. Essas
condições prevaleceram por uma semana, e Aimée ficou na casa da irmã, passando a
maior parte do tempo ajoelhada e orando horas a fio, comendo e dormindo pouco,
levantando na madrugada, e embrulhada em cobertores, continuava em oração.
Na sexta-feira ela ficou na presença do Senhor até à meia-noite. Levantando bem
cedo no sábado, antes que qualquer pessoa da casa estivesse acordada, foi à
sala, ajoelhou-se, levantando as mãos começou a orar pedindo o Espírito Santo,
para melhor servir ao Senhor, contando o Seu amor para os outros. Num momento,
uma alegria maravilhosa encheu o seu coração, e Aimée com os olhos fechados, viu
o mundo como um vasto campo de trigo, já branco para a ceifa. Ainda em oração, o
trigo começou a se transformar em rostos humanos, a folhagem, em mãos levantadas
e sobre tudo apareceram as palavras do Salvador. "Os campos já estão brancos
para ceifa. A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai pois ao
Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara." Naquela noite o Senhor
colocou na sua mão uma foice de dois gumes (A Palavra de Deus), e no seu coração
soaram estas palavras: "Vais recolher o trigo, mas lembres sempre que a foice te
é dada para cortar o trigo. Muitos ceifeiros usam-na corretamente apenas poucas
horas, e depois começam a cortar e marcar os seus colegas. Aplica-te à tarefa
que está perante ti; corte somente o trigo e recolhe os molhos preciosos."
Esta foi uma lição que a irmã Aimée nunca esqueceu. Apesar das críticas,
perseguições e mesmo calúnias terríveis, não procurava se defender, criticando
ou ferindo os outros.
Naquele mesmo sábado inesquecível, Aimée Kennedy recebeu o batismo no Espírito
Santo, louvando e glorificando ao Senhor numa língua que ela nunca aprendeu,
"Segundo o Espírito lhe concedia que falasse."
Era quase meio dia quando se levantou com o rosto radiante, após ter ficado
muito tempo na presença do Senhor, em oração. Fora, a tempestade havia cessado;
os irmãos da casa entraram na sala e regozijaram-se com Aimée. Ela escreveu mais
tarde: "Dentro do meu coração ficaram duas convicções: primeiro, que o
consolador tinha entrado para ficar e que eu teria que viver andando em
consagrada obediência à sua vontade; segunda, que eu tinha recebido uma chamada
para pregar o evangelho eterno."
CASAMENTO E ENTRADA NO
MINISTÉRIO
Logo após essa experiência
maravilhosa, o evangelista Robert Semple, voltou a Ingersoll e no dia 22 de
agosto de 1908, casou-se com Aimée. Juntos entraram no campo evangelístico,
seguindo um programa de trabalho intensivo. Foi nessa fase do seu ministério que
Aimée recebeu o dom de interpretação de línguas. Um dia enquanto estava orando
no seu quarto, começou a falar em línguas, pelo Espírito Santo. Logo ela ficou
consciente pelo fato de poder entender o significado das palavras dadas pelo
Espírito. Durante o culto daquela mesma noite, o pastor, Rev. Durhan deu um
mensagem em línguas e Aimée recebeu a interpretação, mas por causa da timidez,
não deu a interpretação. Porém na reunião seguinte, quando uma mensagem em
línguas foi dada, com medo de apagar o Espírito, Aimée foi obediente, deixando
que o Espírito Santo desse a interpretação através dela.
Algum tempo depois, assistindo uma série de conferências, Aimée caiu numa
escadaria e fraturou o osso de um dos pés, ficando com quatro dos ligamento
completamente soltos, a ponto dos dedos serem puxados para baixo apontando a
direção do calcanhar. Depois de colocar o gesso, o médico deu pouca esperança da
recuperação dos ligamentos e da flexibilidade do pé e do tornozelo. Com os dedos
do pé inchados, pretos e com muita dor, Aimée foi assistir o culto à tarde,
dirigido pelo Rev. Durham. Não suportando mais a dor, deixou o culto, resolvendo
descansar no seu quarto, que ficava um quarteirão de distância do salão de
cultos. Chegando ao quarto, ela ouviu uma voz dizendo: "Se tu embrulhares o
sapato do pé fraturado, voltares ao culto, e pedires ao Rev. Durham orar por ti,
levando contigo o sapato para calçá-lo na volta, eu curá-lo-ei." A princípio,
ela estranhou a idéia, mas a voz no seu coração insistiu tanto que finalmente
com a ajuda de muletas, voltou ao culto levando o sapato. Chegou tremendo e
atordoada porque no caminho a muleta entrou num buraco na calçada, causando aos
dedos, já sensíveis, uma dor terrível por haverem tocado no chão. Contando aos
irmãos reunidos o que Deus tinha falado, e após uns momentos de oração
silenciosa, o Rev. Durham colocou suas mãos no tornozelo dela e disse: "No nome
de Jesus receba a cura." Instantaneamente ela sentiu que fora curada; o gesso
foi tirado e num salto ela colocou-se em pé e começou a andar, louvando ao
Senhor. O testemunho de Aimée foi este: "Desde aquela vez o poder da cura divina
se manifestou vez após vez na minha vida e na vida daqueles que eu tive o
privilégio de oferecer a oração da fé."
Não foi muito tempo depois disso que o casal Semple, sentindo a chamada de Deus,
partiu para a China, como missionários naquele país idólatra. Enquanto eles
ministravam ali, lutando pela causa do mestre, os dois caíram doentes com
malária, e Robert Semple deixou essa vida, para viver com Cristo eternamente.
Após o sepultamento de seu marido em Hong Kong, Aimée voltou à América com sua
filha Roberta, de seis semanas. Depois de alguns anos de trabalho na seara do
Senhor, cansada, sozinha e querendo um lar para criar sua filhinha, Aimée
casou-se com Harold Stewart McPherson.
Desse casamento nasceu um
filho, Rolf Kennedy McPherson, o qual a sucedeu na presidência da Igreja
(Internacional Church of the Foursquare Gospel) até o ano de 1988.
Nesse lar seguro e confortável, Aimée logo percebeu que não poderia ser
inteiramente feliz se não fizesse a vontade de Deus. A voz do Senhor falava ao
seu coração: "Prega a Palavra. Faze a obra de um evangelista." Na intensa luta
entra a chamada de Deus e o dever à sua família, Aimée caiu num estado de
depressão que ela procurou afastar, dedicando-se mais às obrigações domésticas e
ao cuidado de seus filhos. A escritura que sempre voltava à sua mente, era "E
Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor para Tarsis." Aimée não
podia negar a chamada de Deus na sua alma. Adoeceu e, gradativamente, foi
piorando, ao ponto do ruído da água fervendo ou da conversa baixa, tornar-se
insuportável. Foi necessário uma operação, mas ela piorou. As complicações
resultantes do coração, hemorragias do estômago e nervosismo intenso levaram o
médico a aconselhar uma outra operação séria.
Aimée adiou a operação por um tempo, na esperança de que Deus iria curá-la. Mas,
cada vez que pedia a cura de Deus, vinham-lhe à mente as palavras do Senhor,
dizendo: "Tu irás? Pregarás a Palavra?" Um ataque repentino de apendicite,
levou-a à mesa de operação, e o seu desespero era tanto, ao ponto dela pedir que
Deus a levasse dessa terra. Cinco operações foram feitas naquele dia, e nos dias
que se seguiram, ela chegou a um estado tão crítico, que todos aguardavam sua
morte. Naquela madrugada, no silêncio do quarto no hospital, já com a respiração
difícil, Aimée ouviu novamente a voz do Senhor, dizendo: "Agora tu irás?" e ela
reconheceu perfeitamente que estava indo ao túmulo, ou à seara com o Evangelho.
Com a pouca força que lhe restava, e em voz inaudível Aimée respondeu: "Sim,
Senhor, eu irei."
Naquele momento ela sentiu nova vida no seu corpo e logo a respiração tornou-se
fácil e a dor desapareceu. Em quinze dias, Aimée estava completamente
recuperada.