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TASHMETUM - ADORADA E CULTA CONSORTE DOS ASSÍRIOS


Tashmetum é uma deusa babilônica e seu nome, derivado do acádio shamu, significando "aquela que concede pedidos". Tashmetum é a esposa de Nabu, o deus patrono dos escribas e astrólogos. Juntamente com Nabu, Ela era adorada em Borsipa. Muitos rituais e preces do período Babilônico Posterior e Assírios mostram-na como uma mediadora misericordiosa, protetora contra todos os males, bem como deusa do amor e potência sexual. Em termos astronômicos, Ela era identificada com Capricórnio, vista como esposa no sentido tradicional como Deusa, Jovem Soberana e Herdeira.

Minha escolha de terminologia para Tashmetum como consorte culta e adorada está baseada nos seguintes fatos:

a) o crescimento do status de Nabu para a esfera dos grandes deuses é atribuído em parte ao seu papel de mediador, papel este que ele compartilhava com Tashmetum. Deve-se salientar que como Deus das Letras e Patrono dos Escribas, Nabu representa a organização do estado, sem a qual torna-se impossível qualquer administração governamental;

b) o jovem casal de deuses e herdeiros parecem estar sempre dispostos a atender súplicas e pedidos da humanidade, mostrando predisposição para auxiliar e proximidade a seus fiéis. Nabu e Tashmetum também são invocados em preces e rituais em conjunto, seguindo a norma dos casais divinos na Mesopotâmia, em quem os humanos deviam se espelhar em sua conduta. É importante salientar que, ao contrário do que mostrado no Antigo Testamento, por exemplo, as leis mesopotâmicas são muito claras com relação à proteção da família, da mulher e dos filhos. Não existe adultério ou mitos envolvendo infidelidade entre casais divinos na Mesopotâmia. Mesmo Inana/Ishtar aceitava um consorte de cada vez para o Casamento Sagrado.

c) Tashmetum como a consorte de Nabu no Sul da Mesopotâmia era chamada de Nanar, outra manifestação de Ishtar como deusa do Amor. Portanto, o Escriba Divino tem como sua parceira também uma deusa muito amada.

Temos três cartas de funcionários de templo assírios que se referem às núpcias de Nabu e Tashmetum (referência são as traduções de Matsushima 1987:132). Muito famosa é a canção de amor do encontro de Nabu e Tashmetum, que começa com uma prece para o jovem casal, expressando a confiança dos fiéis em ambos num voto de confiança. Matsuhsima sugere que existe um contexto cúltico para esta composição pela sua forma de prece, principalmente nas linhas iniciais, bem como a menção de queima de incenso ao fundo.

Pessoalmente, interpreto Nabu e Tashmetum como um ideal de estabilidade, paz e prosperidade que, na realidade, jamais pode ser atingido na Assíria. Nabu e Tashmetum representam a nova geração de dirigentes, o herdeiro e sua consorte letrados, Ele o guardião da cultura e da escrita. Infelizmente, o império assírio foi compelido a travar grandes batalhas em defesa de suas fronteiras, mas o ideal representado pela relação amorosa do jovem casal de herdeiros divinos ainda permanece conosco, direto das tábuas de argila, apontando para um ideal que, se bem que maravilhoso, jamais pode ser atingido em sua totalidade.

 

REFERÊNCIAS

Foster, Benjamim R. (1995) From distant days: myths, tales and poetry from Ancient Mesopotamia. CDL Press, Bethesda, Maryland.

Leick, Gwendolyn (1991) A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology. Routledge, London and New York.

Leick, Gwendolyn (1994) Sex and Eroticism in Mesopotamian Literature. Routledge, London and New York.

Matsushima, E. (1987) Le Rituel Hierogamique de Nabu, Acta Sumerologica 9:131-75.

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