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O MITO DE ADAPA


Extraído de Dalley, Stephanie (1989) Myths from Mesopotamia: The Flood, Gilgamesh and others. Oxford, New York, Oxford University Press.

Nele [Adapa], Ea fez a compreensão maior e perfeita
Para revelar os desígnios da terra.
Para ele [Adapa], Ea deu sabedoria, mas não a vida eterna.
Naquele tempo, naqueles anos, Adapa era um sábio, filho de Eridu, .
Ea criou-o como um espírito protetor entre os homens e mulheres.
Um sábio - ninguém rejeita sua palavra -
Arguto, super-sábio, ele era um dos Anunaki,
Santo, de mãos puras, sacerdote pasisu, que sempre cuida dos ritos.
Ele prepara os pães com os padeiros de Eridu,
Ele prepra os alimentos e as bebidas (sagradas) de Eridu todos os dias,
Ele põe a mesa das oferendas com suas mãos puras,
Sem ele, não se tira qualquer mesa de oferendas (em Eridu).
Adapa, é ele que toma o barco e faz a pesca sagrada para a cidade.
Naqueles dias, Adapa, o filho de Eridu,
Após haver despertado Ea,
Costumava prover por Eridu todo dia.
No santo Kar-usakar ele pegava um veleiro,
E sem qualquer ajuda seu bote se movia,
Sem remos ou outro instrumento qualquer Adapa conduzia sua nau para o alto mar.
Naquele dia, o Vento Sul soprou
E mandou-o para viver na morada dos peixes.
- Vento Sul, não importa quantos dos teus irmãos mandastes contra mim, irei quebrar tua asa!
Adapa mal tinha acabado de proferir tais palavras, quando a asa do Vento Sul se quebrou.
Por sete dias o Vento Sul não soprou na terra, chamando a atenção de Anu, o deus do Firmamento.
Anu chamou seu conselheiro e vizir Ilabrat, e perguntou:
- Por que o Vento Sul não tem soprado na terra por sete dias?
Ilabrat, o conselheiro de Anu, respondeu:
- Meu senhor, Adapa, o filho de Ea quebrou a asa do Vento Sul!
Quando Anu ouviu estas palavras, ele bradou:
- Que os céus se apiedem deste infeliz! O deus do Firmamento, o grande Anu, ergueu-se de seu trono:
- Que Adapa seja convocado de imediato à minha presença!
Ea, sabedor dos desígnios do céu, tocou Adapa,
Fez os cabelos do jovem sábio parecerem descuidados, vestiu-o com roupas de luto,
Instruiu o jovem sacerdote:
- Adapa, deves te apresentar ao nosso pai e rei, o grande Anu.
Deves subir até os céus, e quando estiveres para lá chegar,
Quando te aproximares do portal de Anu,
Dumuzi e Gizida estarão frente ao imponente portal. Eles irão ver-te, Adapa, e far-te-ão perguntas, como:
"Meu jovem, por quem vestes roupas de luto?" Deves responder a eles:
"Dois deuses desapareceram dos campos de nosso país, esta é a razão de meu comportamento, do meu luto"
Eles irão perguntar: "Quem são os dois deuses que desapareceram dos campos?"
Deves responder: "Eles são Dumuzi e Gizida". Eles irão olhar um para o outro, e rir muito,
(Mas com toda certeza) falarão uma palavra a teu favor frente a Anu,
Apresentando-te com boas referências ao deus do Firmamento.
(Quanto a ti, Adapa), quando estiveres na frente de Anu,
A ti, será oferecido o pão da morte, portanto nada deves comer.
A ti, serão oferecidas as águas da morte, portando nada deves beber;
A ti, serão trazidas novas roupas; estas, deves vestir.
A ti, será trazido um óleo (precioso); com ele, deves te ungir.
Não deves esquecer as instruções que te dou (neste momento);
Segue à risca todas as minhas palavras!
O mensageiro de Anu chegou, e sem mais delongas, a ordem de Anu manifestou:
- Anu, o grande deus do Firmamento, ordenou:
"Que Adapa, que quebrou a Asa do Vento Sul, compareça de imediato frente a mim!"
Adapa pôz-se a caminho dos céus.
Quando ele chegou aos céus,
Quando ele se aproximou do Portal de Anu,
When he approached the Gate of Anu,
Dumuzi e Gizida estavam postados frente ao grande portal.
Eles viram Adapa e bradaram:
- Que os céus tenham compaixão deste homem! Meu jovem, por quem te vestes de tal modo?
Adapa, por quem vestes roupas de luto?
- Dois deuses desapareceram dos campos de meu país, e é por eles que visto roupas de luto.
- Quem são os dois deuses que desapareceram dos campos de teu país?
- Dumuzi e Gizida, Adapa respondeu.
Dumuzi e Gizida se olharam e riram muito.
Quando Adapa estava se aproximando do grande Anu, mesmo à distânica,
Anu viu o jovem sacerdote, e ordenou em tom alto e claro:
- Aproxime-se, Adapa! Por que quebraste a asa do Vento Sul?
Adapa respondeu a Anu,
- Meu senhor, eu estava pescando no meio do mar,
Para o templo do meu amo, o deus Ea.
Mas o mar inflou-se numa tempestade
E o Vento Sul soprou e me afundou!
Fui forçado a fixar moradia com os peixes,
E em minha fúria, amaldiçoei o Vento Sul.
Dumuzi e Gizzida responderam por de trás de Adapa,
Eles falaram a Anu palavras em favor do sábio de Eridu.
Cujo coração foi aplacado, aquietando-se, enfim, o grande deus do Firmamento.
- Por que Ea revelou à triste humanidade
Os desígnios do céu e da terra,
Dando-lhes um coração atribulado?
Foi ele quem fez tal ato!
O que podemos fazer por ele (Adapa agora)?
Tragam a Adapa o pão da vida eterna para ele comer!
Eles trouxeram a Adapa o pão da vida eterna, mas Adapa nada comeu.
Eles trouxeram a Adapa as águas da vida eterna, mas Adapa nada bebeu.
Eles trouxeram a Adapa vestimentas novas; estas, ele as vestiu.
Eles trouxeram óleo; com este, Adapa se ungiu.
Anu tudo observou e rindo-se, voltou-se para Adapa:
- Ora, Adapa, por que não comeste? Por que não bebeste?"
Não querias ser imortal? (Dizer adeus) aos infelizes?
- Mas Ea, meu senhor, me disse: "Não deves comer! Não deves beber!"
(Anu então ordenou:) - Adapa, desça e volte para tua terra.

 

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