Redação Jornalística para a Web
Carole Rich
Sumário
Introdução
Impacto
da Forma Não-linear
Importância
da Interatividade
O
Processo de Redação
Estudos
de Usuários - Parte I
Estudos
de Usuários - Part II
Estudo de Teaser
Formatos
de Matérias I
Formatos
de Matérias II
Conclusão
-
Sumário
de dicas baseadas em pesquisas que podem ser aplicadas em muitas
redações online.
Introdução
Ciberespaço
diz respeito a leitores, não a escritores. O jornalista que
cuidadosamente constrói uma matéria com lide, meio e fim está à
mercê de usuários da World Wide Web que se parecem com
"batatas de poltrona de TV" [TV couch potatoes] com um
mouse no lugar do controle remoto. Com um mundo na ponta dos dedos,
leitores podem se ligar a outro site Web um instante antes que
sequer tenham acesso à matéria.
Isto
não difere de leitores de jornais impressos que scaneiam manchetes.
Mas notícias na Web oferecem mais desvios e problemas.
Com a multitude de links para outros sites e tecnologia que
causa legibilidade pobre e tempo de descarga lento, pegar e manter a
atenção de leitores é mais difícil online do que em jornais
impressos.
Como
então devemos escrever matérias para a Web? Devemos escrever notícias
em pirâmide invertida, com a informação mais importante no topo
do texto? Devemos
escrever em forma de narrativa como um texto de ficção com um
argumento que se desenrola do início ao fim? Devemos organizar matérias
em cachos para o leitor clicar ou em uma tela contínua que ele
possa rolar? Ou devemos criar novas formas de contar histórias para
a Web?
Este
estudo irá explorar muitas formas de escrever notícias online. Ele
destacará entrevistas com líderes da mídia, pesquisas, modelos
para notícias e recursos para escrever na Web.
Como a
forma não-linear afeta o jornalismo online?
A
característica distintiva da World Wide Web é o hipertexto, links
clicáveis para outras informações na mesma ou em outras páginas
Web. Hipermídia adiciona links de áudio, de imagens e de vídeo. O
resultado é a informação não-linear, um formato que leva o
leitor a ler e acessar a informação em qualquer ordem que
escolher.
Em
contraste, a informação linear é apresentada em uma ordem
detereminada do início ao fim como uma linha reta. Se leitores
quiserem entender a história, eles devem lê-la na ordem em que é
apresentada. Notícias broadcast são também lineares. Ainda que
telespectadores possam mudar de canal, eles não têm controle sobre
a ordem em que as notícias são presentadas.
Relacionamentos
úteis
George
Landow, um professor da Brown University e estudioso de hipermídia,
usa a metáfora de uma rede, uma árvore com galhos, um ninho de
caixas ou uma teia para descrever a estrutura da redação não-linear.
"Hipermídia
como um meio transmite a forte impressão que seus links significam
relacionamentos coerentes, com propósito e, acima de tudo, úteis",
escreveu ele em Hypermedia e Estudos Literários. "Ela continua
dependendo de muitos dos princípios de organização que fazem o
discurso em papel coerente e até prazeroso de ler...
"Quando
usuários seguem links e encontram material que pareça não ter uma
relação significante com o documento que originou o link, eles se
sentem confusos e ressentidos", escreve ele.
Muda o
relacionamento leitor/escritor
Usando
estes princípios, uma matéria online fica mais como um caderno de
domingo com retrancas [a Sunday package with related sidebars] do
que uma simples matéria. Quer a matéria tenha links para outras páginas
Web, quer links para a mesma página, a estrutura não-linear muda a
relação escritor-leitor. O escritor renuncia ao controle sobre a
informação em prol do leitor.
Sven Birkerts, autor de A Elegia Gutenberg: o Destino da
Leitura numa Era Eletrônica diz que o hipertexto "muda todo o
sistema de poder sobre o qual a experiência literária tem se
firmado"...
"Uma
vez que o leitor esteja habilitado a colaborar, a participar ou de
alguma maneira a se engajar no texto como um jogador com poder que
tem alguma voz no resultado do jogo, as hipóteses básicas da
leitura são chamadas à questão", escreve Birkerts. A imaginação
é libertada das limitações de ser guiada a cada passo pelo
autor".
Mas
dando ao leitor a liberdade de escolha sobre caminhos a seguir pode
romper com a compreensão. Birkerts descreve sua experiência de ler
uma história de ficção hipertextual criada em blocos e ligações
para diferentes seções como uma constante interrupção: "A
superfície de leitura é fraturada, restituída como colagem pelo
aparecimento de salientes palavras-chave e de caixas de menu
repentinamente materializadas".
Empurra-ware
Birkerts
teria menos problemas lendo sites de notícias. A maioria deles
continua apresentando as mesmas matérias lineares que foram
impressas. Esta "reutilização" do material impresso na
Web é chamado de "shovelware"[lê-se châvel-uér,
software empurrado com pá, empurra-ware]. O termo carrega uma
conotação negativa.
Elizabeth
Osder, editor de desenvolvimento de conteúdo para o New York Times
online, defende o uso do empurra-ware. Ela diz que os leitores do
New York Time querem online o conteúdo do jornal.
"Um
bom site deve ser útil para as pessoas e deve servir à sua audiência",
disse Osder em uma conferência para educadores de jornalismo.
"Eu não penso que haja alguma coisa de errado com um Web site
que seja estritamente empurra-ware".
Crescimento
de conteúdo original
Mas
o desenvolvimento de conteúdo original em Web sites de jornais está
crescendo. Um
estudo, "A Mídia no Ciberespaço", de Steven Ross, um
Evolução
da Mídia
Andy
Beers, produtor executivo do noticiário da MSNBC, diz que sites de
notícias online irão continuar a desenvolver mais conteúdo
exclusivo para a Web.
"Eu
penso que se eu tivesse que apontar o maior erro que nós cometemos,
seria dispender muito tempo tentando reinventar o jornal online",
diz Beers. "O que você está começando a ver mais é a evolução
do meio como uma maneira própria de contar uma história. Existe
uma maneira particular de permitir que pessoas controlem a informação".
Beers
cita a recente eleição [N.do T.: vale para o Brasil de 1998] como
um exemplo de como a Web deu poder às pessoas para obter a informação
que precisam quando elas precisam. As pessoas podem se ligar a um
Web site e procurar pelos resultados das eleições que procuram em
vez de esperar que os jornais os imprimam ou escutar a radiodifusão
até que ss eleições específicas seja mencionadas.
Beers
diz que matérias online devem ser construídas em camadas que ofereçam
aos leitores níveis diferentes de informação. Alguns leitores
querem briefs, enquanto outros querem histórias completas, multimídia,
ou informação aprofundada, diz ele.
O
site de notícias da MSNBC, uma joint venture da Microsoft Corp.,
NBC-TV e CNBC a cabo, entrou online em 1996. Desde então, o site
tem sido redesenhado, e a equipe tem experimentado com maneira de
estruturar matérias online. Multimídia é a maior adição à
narrativa na MSNBC.
Relevância para jornalistas
"Esta
nova mídia tem algumas capacidades realmente úteis e excitantes
para as pessoas", diz Beers. "O que tudo isto significa
para jornalistas? Eu penso que todos nós carregamos uma bagagem
baseada em um tipo de direito pelo qual nós decidimos o que as
pessoas necessitam. Eu penso que a internet está levando à superação
deste conceito e nos forçando a examinar o que o jornalismo é".
"As
pessoas se sentem bastante fortalecidas pela Web", diz ele.
"Nós temos que aprender a usar estas capacidades que podem
mudar a maneira de obter informação. Nós estamos envolvendo a
audiência e deixando que ela tenha o controle. Isto é uma coisa
muito poderosa".
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