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Modinha do empregado de banco
Eu sou triste como um prático de farmácia, sou quase tão triste como um homem que usa costeletas. Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda. Quantas meninas pela vida afora! E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. Se eu tivesse estes contos punha a andar a roda da imaginação nos caminhos do mundo. E os fregueses do Banco que não fazem nada com estes contos! Chocam noutros contos para não fazerem nada com eles.
Também se o diretor tivesse a minha imaginação o Banco já não existiria mais e eu estaria noutro ligar.
(Murilo Mendes)
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(Para dois ex-bancários: meu pai e Luiz)