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Modinha do empregado de banco

 

Eu sou triste como um prático de farmácia,

sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.

Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher

mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.

 

Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.

Quantas meninas pela vida afora!

E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.

Se eu tivesse estes contos punha a andar

a roda da imaginação nos caminhos do mundo.

E os fregueses do Banco

que não fazem nada com estes contos!

Chocam noutros contos para não fazerem nada com eles.

 

Também se o diretor tivesse a minha imaginação

o Banco já não existiria mais

e eu estaria noutro ligar.

 

(Murilo Mendes)

 

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(Para dois ex-bancários: meu pai e Luiz)