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A Emigração italiana no fim do
Sec.XIX...
Dados do Porto de Gênova - última década:
esperando o embarque em Genova
Os destinos no Brasil:
situação em 1898...
Amazonas e Pará
Esperava o governo brasileiro empregar os imigrantes na
extração do látex.
Uma linha de navegação Genova-Manaus* foi
criada para garantir o fluxo de
mão-de-obra e escoamento da borracha.
O fim do século encontra cerca de 600italianos
em todo o estado do Amazonas,
dos quais a metade em Manaus, estando os outros espalhados
por
Santa Isabel, Labria, Tabatinga e Óbidos,
e alguns nomes conhecidos por uma longa afirmação
como os Ventilari,
os Sabbadini, os Stradelli e o mais velho de todos, os
Costa.
Outros 500 vivem em Belem, sem que se saiba
quantos estariam
espalhados no interior do estado do Pará.
*Muitos outros entraram na região sem que deles
ficasse registro.
Partiam imediatamente para a selva e acabavam vitimados
por doenças tropicais
e condições de trabalho.
Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte
e Ceará
São Luiz, MA conta cerca de uma centena de italianos
e Fortaleza,CE outro tanto.
Em toda a área formada pelos 4 Estados, sabe-se
da existência de algo próximo a
2.000 italianos.
Pernambuco
Os imigrantes ali são cerca de 4.000
e havia a informação da
existência de uma vila italiana isolada no interior.
Bahia
Espalhados pelo Estado estavam 8.000 italianos.
Se a maior parte ficou em Salvador,
no pequeno comércio, muitos dos que foram para
o interior terminaram na mineração.
Há notícia também, dada por um padre
itinerante, Pietro Maldotti -
" ...in una fazenda, uso S.Paolo, nel cuore della
foresta, ben quarantadue delle provincie romagnole,
di cui si sbarazzò il nostro Governo ..."
de um grande grupo de anarquistas exilados da Emilia-Romagna
próximo a vila de Amargosa.
Espírito Santo
Dos 150.000 habitantes desse estado em 1900, 25.000
eram imigrantes italianos,
distribuidos por quatro áreas de colonização,
as maiores sendo Alfredo Chaves e Santa Teresa.
Rio de Janeiro
Numa população de um milhão de habitantes,
35.000
eram italianos.
Destes, 3.000 no eixo da estrada entre Petrópolis
e a cidade do Rio de Janeiro.
Na então Capital Federal, 15.000 imigrantes estavam
distribuidos pela cidade e
outros 5.000 pelos arredores.
Minas Gerais
Se a experiência agrícola do imigrante italiano
beneficiou o perfil do Estado,
com a diversificação de culturas, chegando
até a produzir vinho de qualidade em
Caxambú e São Pedro do Uberabinha, a situação
dos agricultores destinados
aos latifúndios de café esbarrava numa
condição de quase escravatura.
Oferecia-se o trabalho "de ameias": metade do resultado
pertenceria ao patrão e metade
ao trabalhador. O que mais ele produzisse para a própria
subsistência, fora do horário de trabalho dedicado ao café,
lhe pertenceria integralmente. Durante os dois primeiros anos
o imigrante não via nem um centavo por conta do
"custo de manutenção
do meeiro no primeiro ano". Como os latifúndios
eram distantes,
havia que usar o entreposto comercial da própria
fazenda, onde os preços
eram feitos por e para o dono das terras.
Mais sorte tiveram aqueles que permaneceram a trabalhar
como operários na construção
da nova capital, Belo Horizonte de cuja mão-de-obra
contituiam a imensa maioria.
Outras áreas de grande concentração
italiana no Estado foram Diamantina
e Juiz de Fora, a maior delas pelo fato de sediar Hospedaria
de Imigrantes.
No final do século XIX sabe-se de mais de 70.000
italianos em Minas Gerais.
São Paulo
O Estado de São Paulo com suas 3.000 fazendas de
café - apoiadas na malha
ferroviária constituida pela Sorocabana, Mogiana,
Ituana, Bragantina, Riopardense,
Rioclarense, Jahuana e Mogiana - e o crescimento da capital
permitem uma
ocupação imediata dos que chegam. Grande
numero dos que inicialmente
foram para o campo, ao conseguir um mínimo de
capital, deslocam-se de volta
as vilas e cidades estabelecendo-se no pequeno comércio
em bairros afastados.
A Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo, considerada
na época a maior e
melhor do Brasil, oferecia alem da hospedagem, alimentação,
serviço médico-hospitalar, farmácia
e algo muito útil: um muro!
A cinta murada e os controles de portaria evitavam a
aproximação de
todos os tipos de aproveitadores e aliciadores comuns
a esse universo.
O Estado de São Paulo tinha recebido e colocado,
até essa data,
800.000 imigrantes italianos.
Paraná
Ao contrário de outros lugares, no Estado do Paraná
o imigrante encontrou
o seu sustento na lavoura de erva-mate. A exportação
da Illex paraguaya
através do porto de Paranaguá atingia 20.000
toneladas/ano.
As condições de trabalho eram melhores
nas 14 colonias italianas
e 20 colonias mistas. Dos 300.000 habitantes do estado,
70.000 eram alemães
e 30.000 italianos.
Santa Catarina
Empenhados igualmente na produção de erva-mate
mas também
desenvolvendo a sericultura e a viticultura, 50.000italianos,
ao lado de 100.000 alemães formam 50% da população
do Estado.
Rio Grande do Sul
É a segunda maior concentração italiana
do Brasil
com 300.000 imigrantes,
em uma população de 800.000 habitantes.
Os alemães, nesse
período somavam 170.000
Uma observação importante:
a chegada e o assentamento dos imigrantes italianos não
passou ao largo
dos conflitos europeus desse tempo.
A velha contenda entre a Igreja Católica e a Maçonaria
refletiu-se no contexto brasileiro.
Sob o papado de Leão XIII a Igreja italiana tenta
tomar as rédeas do processo
de emigração, assustada pela inevitabilidade
do contato de seu "rebanho"
com uma nova realidade liberal.
Em algumas regiões, ao sul, a presença do
imigrante alemão protestante
era também encarada como uma ameaça, principalmente
pela existência de colonias mistas.
Deve-se lembrar que, se na Itália desse tempo o
analfabetismo
atingia 60% da população, o índice
de analfabetos entre
a grande massa emigrada (camponeses em sua imensa maioria)
seria maior ainda nos assentamentos brasileiros.
Há um grande papel da Maçonaria, a ser desvelado
no crescimento
sócio-político-econômico não
apenas do imigrante italiano.
A visão fraterna e internacionalista associada
ao espírito republicano fazia o possível
para auxiliar a integração
todos os imigrantes a nova terra. Esta ação
era mais efetiva
nos núcleos urbanos onde artesãos com a
formação das guildas
de origem eram reconhecidos fraternalmente.
Não podemos esquecer os laços existentes
desde o final do
século anterior (XVIII) e o início deste,
bastando lembrar
ao menos dois nomes: Libero Badarò e Julius Frank.
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