Site hosted by Angelfire.com: Build your free website today!

Abraxa...

 

Tomo I

 

Sou a luxuria...

Que se esconde dentro de ti.

Sou seus desejos intimos e irrevelaveis.

Sou a carne de tua alma...

E o orgasmo do teu espírito.

 

Tomo II

 

Sempre quiz ter tua boca

Uma serpente... sem presas afiadas

Sem veneno mortal...

 

Te amei sem saber amar

Sem confiar no amor

Sem medo da dor

Sem pressa de te odiar...

 

E o tempo... reto e fiel

Passou... como sempre passa

Passou sem me levar

Sem me ver...

Sem nada.

 

Hora da fé.

Hora do horror.

 

Me sinto feliz

Por ter tido teu corpo...

 

Inocente,

Quente,

Imaturo,

Puro.

 

Maculado pelo meu desejo

Explorado pelo meu instinto.

 

Tomo III

 

O sal dessa lágrima

Secou sua garganta

Se fez eterna

Se fez ingrata felicidade.

 

Não...

Não sou seu deus.

 

Sou o mal dos seus dias

Sou o caos das suas idéias

Sou o parasita na sua lingua

 

E voce...

Se cala.

 

Não quero ter sua carne

Não quero ter o calor da sua pele.

 

Quero o suór frio

Dos seus temores...

 

Quero o grito aflito

Das suas dores.

 

Tomo IV

 

Tenho todos os farrapos da vida

Guardados no estômago

E ainda sigo...

Tentando digeri-los

 

E por estar sempre infeliz

Não posso crer na felicidade

Estampada na sua cara.

 

Quero ter a medida exata do ódio

Puro e calculado

Prazeroso e cruel.

 

Ver seus olhos...

Submissos.

Suas lágrimas...

Silenciosas.

 

O infinito vazio

Inconstante

 

Tenho fome de carne crua

Tenho sede de água salgada.

 

Tomo V

 

Estive no fundo da sua carne

Como parasita

Egoísta e sedento

Como virus

Latente...

Crescente

 

Como navalha

Como brasa.

 

E fiz da tua dor...

Meu prazer.

 

Tomo VI

 

Com a decência dos perdidos

Sigo como um cão

Estúpido e fiel

 

Minha mente prostituída

Fornica com minha religião

Os anjos são...

Meu pacote de pecados.

 

Esses anjos inconscientes

Divinamente humanos...

 

E por que eu não me fiz...

Deus segue me fazendo.

 

Quantas mortes vivi

Antes de conhecer a vida

E ressuscitar a luz

De minha sombra.

 

Vi casas construídas

Ouvi todas as razões ditas

Deixei de estar aqui...

Para viver além das leis...

De abraxa.

 

E essas memórias

De vidas esquecidas

De inseto nascido da podridão

A morte que não sei...

 

E a vida...

Incessante.

 

Tomo VII

 

Cresci entre máquinas

E agora sou metal

Substancia dura

Com gosto de ferrugem.

 

A sabedoria desajeitada

Desconhece sentimentos

Quiz morrer com o tempo

E vivi sem ver

 

E vivo...

 

Por que  Deus...

É tenaz com sua criatura.

 

E duvidar da fé

É altivo... é nobre.

 

E o tato é inútil no coma

 

Sou cactos...

Em uma pedra incrédula.

 

Tomo VIII

 

Cêdo aprendi a cultivar a hipocresia

Vejo seus erros banais

Dito regras desconhecidas

 

Mas...

Se um dia não me importar

A decência... a fé

A honra e a dor

 

E se tudo for efêmera verdade

Sem medo,

Sem orgulho.

 

Como uma vela queimada

Que escore entre os dedos

Que queima as unhas...

 

As dores de viver

Construirão os prazeres

 

E os deuses dos perdidos

Envelhecidos em barris.

Ditarão os limites de viver

 

E poderei ser sincero

Quando digo verdades

 

Não quero mais...

Do que possa jogar pela janela

Sem que me sobre

Mais do que necessito.

 

Tomo IX

 

Vi os homens

Negros de seus poderes

E arrogantes de suas cores.

 

Como chuva de ácido cruel

Corroendo a pele da descência

 

E sorri,

E bebi,

E me fartei

Com eles.

 

Certo de minhas razões

Me convenci da certeza fria e débil

 

O dia amanhecia

Sem morte

 

E o sangue escorria

O pão sem dia.

 

Deixei minha casa

Sem dor

Sem hora

 

Sem ganas de voltar.

 

Tomo X

 

Sou a angustia das esquinas

Onde as meretrizes vendem suas dores

 

Sou a sombra do cão

Que se arrasta na chuva

 

Sou as dores

Que se arrastam

Nas angustias das esquinas

 

E vendo dores

Nas esquinas

Onde se arrastam

As sombras das meretrizes.

 

Tomo XI

 

Os anjos, dóceis e felizes

Perdoam os que não sabem morrer

E vivem em agonia eterna.

 

O dôce fel

Escorre das taças azuis

Enfeite de copa

Adorno fiel dos imbecis

 

E o gris desses olhos

Sujos de vividos devaneios...

Ofusca o brilho da alma

Como a daninha erva

Afoga o centeio.

 

Quando a fé corrompe a alma

Chega a hora do desespero....

 

Tomo XII

 

Pelo felátio...

A fortuna.

 

Pelo coito...

A vida.

 

Pelo orgasmo...

A alma.