Tomo I
Sou a luxuria...
Que se esconde dentro de ti.
Sou seus desejos intimos e irrevelaveis.
Sou a carne de tua alma... E o orgasmo do teu espírito. Tomo II Sempre quiz ter tua boca Uma serpente... sem presas afiadas Sem veneno mortal... Te amei sem saber amar Sem confiar no amor Sem medo da dor Sem pressa de te odiar... E o tempo... reto e fiel Passou... como sempre passa Passou sem me levar Sem me ver... Sem nada. Hora da fé. Hora do horror. Me sinto feliz Por ter tido teu corpo... Inocente, Quente, Imaturo, Puro. Maculado pelo meu desejo Explorado pelo meu instinto. Tomo III O sal dessa lágrima Secou sua garganta Se fez eterna Se fez ingrata felicidade. Não... Não sou seu deus. Sou o mal dos seus dias Sou o caos das suas idéias Sou o parasita na sua lingua E voce... Se cala. Não quero ter sua carne Não quero ter o calor da sua pele. Quero o suór frio Dos seus temores... Quero o grito aflito Das suas dores. Tomo IV Tenho todos os farrapos da vida Guardados no estômago E ainda sigo... Tentando digeri-los E por estar sempre infeliz Não posso crer na felicidade Estampada na sua cara. Quero ter a medida exata do ódio Puro e calculado Prazeroso e cruel. Ver seus olhos... Submissos. Suas lágrimas... Silenciosas. O infinito vazio Inconstante Tenho fome de carne crua Tenho sede de água salgada. Tomo V Estive no fundo da sua carne Como parasita Egoísta e sedento Como virus Latente... Crescente Como navalha Como brasa. E fiz da tua dor... Meu prazer. Tomo VI Com a decência dos perdidos Sigo como um cão Estúpido e fiel Minha mente prostituída Fornica com minha religião Os anjos são... Meu pacote de pecados. Esses anjos inconscientes Divinamente humanos... E por que eu não me fiz... Deus segue me fazendo. Quantas mortes vivi Antes de conhecer a vida E ressuscitar a luz De minha sombra. Vi casas construídas Ouvi todas as razões ditas Deixei de estar aqui... Para viver além das leis... De abraxa. E essas memórias De vidas esquecidas De inseto nascido da podridão A morte que não sei... E a vida... Incessante. Tomo VII Cresci entre máquinas E agora sou metal Substancia dura Com gosto de ferrugem. A sabedoria desajeitada Desconhece sentimentos Quiz morrer com o tempo E vivi sem ver E vivo... Por que Deus... É tenaz com sua criatura. E duvidar da fé É altivo... é nobre. E o tato é inútil no coma Sou cactos... Em uma pedra incrédula. Tomo VIII Cêdo aprendi a cultivar a hipocresia Vejo seus erros banais Dito regras desconhecidas Mas... Se um dia não me importar A decência... a fé A honra e a dor E se tudo for efêmera verdade Sem medo, Sem orgulho. Como uma vela queimada Que escore entre os dedos Que queima as unhas... As dores de viver Construirão os prazeres E os deuses dos perdidos Envelhecidos em barris. Ditarão os limites de viver E poderei ser sincero Quando digo verdades Não quero mais... Do que possa jogar pela janela Sem que me sobre Mais do que necessito. Tomo IX Vi os homens Negros de seus poderes E arrogantes de suas cores. Como chuva de ácido cruel Corroendo a pele da descência E sorri, E bebi, E me fartei Com eles. Certo de minhas razões Me convenci da certeza fria e débil O dia amanhecia Sem morte E o sangue escorria O pão sem dia. Deixei minha casa Sem dor Sem hora Sem ganas de voltar. Tomo X Sou a angustia das esquinas Onde as meretrizes vendem suas dores Sou a sombra do cão Que se arrasta na chuva Sou as dores Que se arrastam Nas angustias das esquinas E vendo dores Nas esquinas Onde se arrastam As sombras das meretrizes. Tomo XI Os anjos, dóceis e felizes Perdoam os que não sabem morrer E vivem em agonia eterna. O dôce fel Escorre das taças azuis Enfeite de copa Adorno fiel dos imbecis E o gris desses olhos Sujos de vividos devaneios... Ofusca o brilho da alma Como a daninha erva Afoga o centeio. Quando a fé corrompe a alma Chega a hora do desespero.... Tomo XII Pelo felátio... A fortuna. Pelo coito... A vida. Pelo orgasmo... A alma.