CANÇÃO QUASE INQUIETA

	De um lado, a eterna estrela,
	E do outro a vaga incerta,

	meu pé dançando pela
	extremidade da espuma,
	e meu cabelo por uma
	planície de luz deserta.

	Sempre assim:
	de um lado, estandartes do vento...
	--- do outro, sepulcros fechados.
	E eu me partindo, dentro de mim,
	para estar no mesmo momento
	de ambos os lados.

	Se existe a tua Figura,
	se és o Sentido do Mundo,
	deixo-me, fujo por ti,
	nunca mais quero ser minha !

	(Mas, neste espelho, no fundo
	desta fria luz marinha,
	como dois baços peixes,
	nadam meus olhos à minha procura ...
	Ando  contigo --- e sozinha.
	Vivo longe --- e acham-me aqui ...)

	Fazedor da minha vida,
	não me deixes !
	Entende a minha canção !
	Tem pena do meu murmúrio
	reúne-me em tua mão !	

	Que eu sou gota de mercúrio
	dividida
	desmanchada pelo chão ...
	

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