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CAD

COMITÊ PARA A ATUALIZAÇÃO DA

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE AVES BRASILEIRAS

(Circular nº 01/1999)

Rio de Janeiro, 1 de setembro de 1999

 

Caro colega.

Você está convidado a integrar o "Comitê para a Atualização da Distribuição Geográfica de Aves Brasileiras (CAD)" que pretende criar um fórum, orientado e crítico, para a discussão e divulgação dos dados que interferem no conhecimento da distribuição das aves do Brasil.

O CAD pretende servir como órgão de atualização do conhecimento da distribuição das aves brasileiras, chamando a atenção especificamente para os muitos erros disseminados na literatura. Considerando que muitas dessas informações carecem de uma avaliação e complementação permanentes, o CAD almeja criar um mecanismo dinâmico para consolidar e disseminar os seus resultados, na forma de um periódico bimensal integrado a uma website na Internet.

 

Justificativa

O conhecimento da distribuição geográfica, seja ela original ou atual, é possivelmente o aspecto na ornitologia que mais depende da compilação de dados. A distribuição fornecida pelos artigos de revisão, monografias e demais obras gerais são derivadas deste processo compilatório iniciado, no caso do Brasil, há cerca de 200 anos.

Sem uma compilação abrangente e criteriosa, a distribuição disponível de cada espécie pode não representar a dispersão geográfica real, pois sem os cuidados necessários ela pode ser apenas um esboço grosseiro da realidade. Dados incorretos de distribuição interferem negativamente nas análises de natureza biogeográfica e mesmo nas decisões conservacionistas, pois saber se uma ave "ocorre numa determinada região" pode ser crucial na definição de estratégias para salvaguardar uma espécie ameaçada.

Mesmo a informação mais geral pode estar comprometida ou se encontrar contraditória. Quando se busca essa informação nos catálogos e obras gerais ela pode estar demasiadamente generalizada (‘todo o Brasil’) ou mal explicitada nos mapas de escala inadequada. Às vezes, não fica claro – dependendo da fonte consultada - se a espécie ocorre no cerrado ou na mata atlântica ! Ou se tal espécie amazônica chega ou não ao norte de Mato Grosso.

O nosso último catálogo de taxonomia e distribuição de aves brasileiras é datado de 1978 (de Olivério Pinto) e mesmo assim é incompleto, pois não contempla a maior parte dos Passeriformes. A distribuição geral das aves brasileiras é geralmente inferida através das edições de Ornitologia Brasileira de H. Sick ou catálogos mais antigos (Hellmayr, Peters, Meyer de Schauensee). A distribuição preparada por Sick para seus livros tiveram caráter apenas referencial, enquanto a informação contida nos catálogos mais antigos está geralmente bastante defasada, além de estar subordinada a arranjos taxonômicos suplantados. As modernas monografias de aves sul-americanas de Ridgely & Tudor (1989, 1994) e o colossal Handbook of the birds of the World (4 vols. publicados desde 1992) embora tragam informação taxonômica e geográfica mais atualizada não estão isentos de imprecisões e ainda são obras em andamento.

Muitas dessas distribuições disponíveis (redigidas ou mapeadas) incorporam apenas informações antigas, as quais são muitas vezes originalmente equivocadas. Quase nenhuma dessas fontes mais recentes fornece informação sobre o status de ocorrência atual dessas espécies nos diferentes estados brasileiros. Paga-se um preço alto pela informação sintetizada e esquemática. Uma parte desses problemas foram minimizados com as monografias e listas estaduais recém-publicadas. Embora estados como MG, BA, PE, PB e DF tenham sido contemplados por algumas listas regionais recentes, estas ainda apresentam vísiveis problemas metodológicos de compilação e tratamento dos dados. O AP e MA possuem listas mais ou menos recentes baseadas sobretudo em material coletado. Por sua vez, o sul do Brasil (PR, SC, RS) está melhor servido por livros e listas regionais também melhor apresentados nos aspectos gerais. Dezesseis outros estados brasileiros ainda carecem de listas regionais básicas. Estados como SP, RJ, ES e AL possuem listas inéditas que devem ser brevemente disponibilizadas por seus organizadores.

Contudo, pode ser muito difícil, ou mesmo impossível, encontrar informações sobre a distribuição geral e regional de certas aves brasileiras. Para exemplificar estas dificuldades corriqueiras, muitas vezes não está disponível ou claro na literatura se uma espécie: a) está desaparecida de um determinado estado e qual foi o ano do último registro; b) o seu limite preciso de distribuição; c) se é comum ou rara numa determinada parte de sua distribuição; d) se realiza movimentos ou é sedentária numa determinada faixa; e) em que faixas altitudinais ocorre e que variação nesse sentido experimenta ao longo da latitude etc.

Soma-se a todas essas dificuldades verificáveis de acesso à informação o advento do erro: muitas vezes a informação disponível de alguma forma encontra-se equivocada. É possível questionar um dado de ocorrência disponível na literatura e sugerir que ela seja descartado ou usado com reservas ? Sob que condições ?

Prioridades

O CAD tem por objetivo primordial estimular, através do debate orientado, o melhor conhecimento da distribuição geográfica das aves brasileiras. Entende, entretanto, que esta prioridade não pode muitas vezes ser tratada de forma isolada. Critérios de tratamento taxonômico e nomenclatural interferem diretamente na compilação dos dados de distribuição e serão permanentemente considerados. Além disso, o CAD ao se ocupar das totalizações de espécies ocorrentes no País ou em regiões particulares, segundo as diversas categorias, não pode abster-se de optar pelos diferentes arranjos taxonômicos existentes.

Tendo em vista que esses dados de interesse não estão sendo monitorados por nenhuma entidade, foi decidido que:

São prioridades do CAD em nível nacional:

São prioridades primárias do CAD em nível estadual:

São prioridades secundárias do CAD em nível estadual:

 

Estrutura geral

Este fórum será composto de uma etapa discussiva e uma etapa disseminadora. A primeira se utilizará do correio eletrônico e de uma página na Internet para colocar em pauta temas orientados a serem discutidos pelos membros efetivos e colaboradores; a segunda divulgará os resultados dessa discussão, através de notas curtas e recomendações explanadas em periódico produzidos ad hoc. As notas curtas terão autoria do(s) pesquisador(es) envolvido(s), enquanto que as recomendações serão de responsabilidade do CAD.

Considerando que as ‘listas de discussão’ da Internet alternam períodos de baixo e alto fluxo de mensagens, este fórum pretende ser orientado e organizado de forma a viabilizar a participação adequada dos participantes. Tais listas, geralmente tratam de muitos assuntos simultaneamente, o que leva os participantes a receber um afluxo incessante de informações variadas num espaço muito curto de tempo. O resultado disso é que temas de interesse mais abrangente e que poderiam receber a participação de um maior número de interlocutores, sejam prejudicados ou preteridos por outras discussões levantadas por terceiros.

Os temas de distribuição serão abordados segundo o táxon, em nível de espécie (e não segundo um estado ou região), para permitir a participação de um número adequado de interlocutores. Esta orientação primordial na discussão dos temas de distribuição e das notas curtas decorrentes será feita através de uma sequência sistemática, implementada em duas frentes: uma englobando os não-passeriformes e, a outra, os passeriformes. Apenas como ferramenta de trabalho, foi escolhida a sequência sistemática existente na Ornitologia Brasileira (1997) de Helmut Sick, para facilitar o acompanhamento e entendimento de uma forma geral.

Admitindo que diversos dados interferem nas prioridades do CAD em nível nacional e regional, sugerimos como linha de ação considerar que toda informação não facilmente acessada na literatura é passível de nota. Logo, recomendamos os seguintes temas em forma de nota curta para compor o periódico do CAD:

O resultado desses debates orientados serão divulgados em periódico especialmente dimensionado para notas curtas. Em princípio, o limite estabelecido será de 300 palavras. A autoria dessas notas poderá ser de um membro efetivo do CAD, de um colaborador da Lista ou de um ornitólogo convidado. A revisão das diversas notas propostas será efetuada pela comissão de membros efetivos do CAD.

 

Comissão Efetiva (CE):

José Fernando Pacheco (presidente), Fernando Costa Straube (secretário), Jeremy Minns (secretário internacional), Luiz Fernando de Andrade Figueiredo (editor), Fábio Olmos, Luis Fábio Silveira e Ricardo Parrini.