Cresce a cada dia o número de pessoas que, por motivos diversos, necessitam diminuir ou cessar o consumo diário de açúcar. Devido a este fato, muitos estudos estão sendo feitos a fim de desenvolver produtos que possam, satisfatoriamente, atuar como seus substitutos.
A sensação física de edulcoração pode ser promovida por um certo número de substâncias já conhecidas. Dentre estas substâncias, o xilitol (um poliálcool natural de cinco átomos de carbono) tem adquirido muita importância atualmente por apresentar certas vantagens em relação às demais, principalmente pelo fato de poder ser obtido por via biotecnológica.
O xilitol apresenta-se como um cristal rômbico branco, altamente solúvel em água (aprox. 168g/100mL H2O à 20oC). Seu teor energético é igual ao da sacarose (4 kcal/g) e seu calor de dissolução negativo (-34,8 cal/g) promove um prazeroso efeito refrescante. O poder de edulcoração do xilitol é muito semelhante ao da sacarose, ou seja, a mesma quantidade deste ou daquele tem igual efeito nos alimentos. Sua boa estabilidade física e biológica faz dele uma ótima substância para aplicações alimentícias e farmacêuticas.
Dentre as vantagens do uso do xilitol como substituto da sacarose podemos destacar algumas como principais:
Além disto, contrariamente ao que ocorre com os glicídios usuais, xilitol não participa de reações com aminoácidos, conhecidas como reações de Maillard, que provocam diminuição do valor biológico de proteínas e causam problemas muito comuns no processamento de alimentos.
Na natureza, o xilitol pode ser encontrado em certas frutas e vegetais. No entanto, as pequenas quantidades presentes nestas fontes dificulta muito o processo de extração direta, inviabilizando-o técnica e economicamente.
O xilitol comercial, atualmente, é obtido apenas através de processo químico, que é a hidrogenação catalítica de D-xilose. Este, por sua vez, é um glicídio abundantemente encontrado na natureza e obtido através de hidrólise ácida ou enzimática da fração hemicelulósica de materiais lignocelulósicos. Nesta hidrólise, as xilanas (polissacarídeos encontrados em maior proporção) são quebradas em moléculas de xilose (suas unidades formadoras). Entretanto, por existirem polímeros de outros glicídios presentes na hemicelulose, o processo químico se estende a inúmeras etapas de separação e purificação devido ao aparecimento de vários subprodutos. Isto, aliado às drásticas condições de temperatura e pressão, torna a hidrogenação catalítica um processo de custo relativamente elevado, encarecendo portanto o produto no mercado.
Tomando-se em vista todos estes problemas, vários estudos estão sendo realizados a fim de se encontrar rotas sintéticas alternativas que possam viabilizar a produção de xilitol em larga escala. Um processo que vem ganhando grande importância ultimamente é a bioconversão de D-xilose, pelo fato de ser um processo limpo (efluentes facilmente tratáveis) e realizado à pressão e temperatura ambientes.
No Brasil, este processo desperta um interesse em especial, pois pode utilizar como matéria prima o bagaço de cana-de-açúcar, um resíduo agro-industrial encontrado em grandes quantidades como excedente da produção das várias indústrias sucro-alcooleiras situadas no território nacional.
Já podemos encontar no mercado vários produtos que contêm xilitol em sua formulação. Na área de dentifrícios podemos destacar os cremes dentais Fluotrat (um produto nacional) e Dentfresh , entre outros. Existem também guloseimas formuladas à base de xilitol como, por exemplo, o chiclete Trident e a bala Smints.
Uma linha de pesquisa baseada na produção de xilitol por bioconversão está sendo atualmente executada dos laboratórios do Departamento de Engenharia Bioquímica da Escola de Química da UFRJ , sob a coordenação do Prof. Nei Pereira Jr., com teses e trabalhos científicos publicados sobre o assunto.
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