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A cidade das calçadas jurássicas |
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padre italiano Giuseppe Leonardi, um dos maiores paleontólogos do mundo, estava viajando
pelo interior paulista em 1976 quando uma súbita dor de dente o obrigou a fazer uma
parada em Araraquara- Ao pisar nas lajes cor-de-rosa usadas como calçamento na cidade,
reparou em algo estranho. Ficou tão entusiasmado que até se esqueceu de ir ao dentista.
A análise das marcas confirmou o seu palpite. Ali estavam impressas pegadas de répteis
que habitaram a região de Araraquara 180 milhões de anos atrás. As lajes tinham sido
arrancadas das rochas de uma pedreira, nos arredores da cidade. Lá ficaram gravados os
únicos registros de dinossauros brasileiros do período jurássico. Leonardi explicou ao
prefeito que precisava arrancar os trechos de calçadas com pegadas de dinos. 0 prefeito
riu da cara dele e negou o pedido. Mas o padre-cientista não se abalou. Esperou o
Carnaval, quando a cidade inteira estava muito ocupada em se divertir, para meter a
picareta no calçamento e levar o tesouro para o Departamento Nacional da Produção
Mineral, no Rio de Janeiro, que o guarda até hoje. |
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Os avós dos gigantes eram gaúchos nanicos | |||
Bá, que baita descoberta, tchê! Um dos dinos mais antigos da Terra é gaúcho, de Santa Maria. Foi encontrado por acaso, em janeiro do ano passado, pelo paleontólogo Max Langer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele mostrava a um colega argentino um local de escavações abandonado quando deparou com um fóssil encravado num barranco. Foi conferir e achou três esqueletos de um réptil desconhecido pela Ciência que viveu há 230 milhões de anos, a época em que surgiram no planeta os primeiros dinossauros. Com apenas 1,5 metro de comprimento por 80 centímetros de altura, era um nanico se comparado aos grandalhões que vieram depois. Alimentava-se de plantas e de pequenos animais. Langer levou os fósseis para a Universidade de Bristol, na Inglaterra, onde está tentando comprovar sua hipótese de o bicho é um ancestral dos saurópodes, família de quadrúpedes que inclui os maiores dinos conhecidos, como o apatossauro. Não é primeira vez que um vovô-dino aparece em Santa Maria. Em 1934, na mesma cidade, uma expedição formada por brasileiros e americanos descobriu o estauricossauro, um bípede carnívoro de 2 metros de comprimento e 235 milhões de anos. "Os dinossauros mais antigos do planeta viviam aqui no Rio Grande do Sul", orgulha-se Langer.
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Super Interessante Especial Abril 99 |