É comum recebermos e-mails de leitores que têm saudades de jogos como Supremacia e de vários outros jogos de estratégia que marcaram as décadas de 70 e 80. Às vezes eles se queixam da falta de jogos como esses no mercado de hoje e se questionam por que os fabricantes não lançam mais ou não relançam jogos dessa categoria.

Mas eu me pergunto: será que essa indignação tem fundamento? Tentemos analisar o problema friamente.
Em primeiro lugar, será verdade que hoje nós não temos bons jogos de estratégia no mercado? A meu ver, não é totalmente verdade. War e War 2 aindam são fabricados e alguns títulos novos de qualidade aparecem de tempos em tempos, como é o caso do Bot (criado por Mário Seabra e relançado esse ano), do Bolsa de Valores (criado por Luiz Dal Monte e relançado em 1999 como Ações Exame) e do Ayrton Senna (criado por Carlos Seabra e lançado em 1997). Na minha escolha pessoal eu ainda incluiria o Corrida Presidencial (criado por nós da SB Jogos e lançado em 1998), mas naturalmente sou suspeito para dizer.

De todo modo, não são muitos jogos. Mas então vem a segunda pergunta: será que ainda existe um público que aprecie esses jogos, que os compre, que os jogue? É uma bela pergunta e, a meu ver, crucial.
Tudo leva a crer que esse público ou é muito pequeno, ou é muito pouco mobilizado. Ou seja, ou de fato são poucas as pessoas que ainda curtem esses jogos com relativa complexidade, ou muitos dos que curtem não se dão mais ao trabalho de comprar um jogo novo e aprender as regras para jogar com os amigos. Será que os leitores que reclamam da falta do Supremacia e de outros jogos daquela época já compraram e jogaram pelo menos esses jogos que eu citei?

Pois se nem eles compram (certamente há os que o fazem, mas acredito que seja uma minoria), por que os fabricantes continuariam lançando e relançando esses jogos? Por quantos anos será que ainda teremos no mercado o Bot, o Ayrton Senna, o Ações Exame, o Corrida Presidencial? O War, como lenda, parece que já virou imortal, mas de que adianta, já que esse todos já conhecemos e jogamos tantas vezes?

Por isso, se você é daqueles que ainda acreditam no prazer que pode ser proporcionado por uma boa partida de um jogo inteligente, não deixe de comprar e de jogar esses jogos. Em primeiro lugar, porque você não sabe até quando eles estarão disponíveis para serem comprados. E em segundo lugar, porque se realmente houver um público, ainda que pequeno, interessado em comprar, jogar e divulgar esse tipo de jogo, esses jogos não desaparecerão. É a lei de mercado. Ela vale tanto para um lado como para o outro. Se houver público, sempre haverá novos lançamentos de qualidade.

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