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Histórias

 

                   

    Era uma vez uma ilha no meio do Oceano Atlântico há muitos e muitos anos.Essa ilha era habitada por estranhas criaturas inexistentes nos nossos tempos. Num dia de muito calor um ovo enorme eclodiu. Lá de dentro saiu um dragão verde às pintinhas amarelas.Como todos os dragões cuspia chispas de fogo e tinha uma língua que mais parecia um chicote vermelho. Apesar do ar assustador, o dragão era muito pouco temerário. Talvez por ainda ser pequenino. Ouvia um pássaro atravessar o céu e logo se escondia na gruta que lhe servia de abrigo. Devido a esse facto o dragão quase não conhecia a ilha onde morava. O dragão gostava muito de cogumelos e amoras.

    Um dia comeu tanto que ficou doente, cheio de dores de barriga. As suas pintas amarelas até ficaram roxas. Gritava a bom gritar. Os seus gritos chegavam ao outro lado da ilha. Nesse lado existia um feiticeiro que cheio de pena de quem estivesse com tamanhas dores pôs-se a caminho. Seguindo os sons lá acabou por encontrar o dragão. Fez-lhe logo um chá de ervas.O dragão, cheio de medo, lá bebeu o chá,e passadas duas horas já não tinha dores. O feiticeiro questionou então:

- Nunca te tinha visto. Moras aqui há muito tempo?

- Nem por isso. Nasci há poucos meses e não costumo sair daqui porque temo que existam seres maus na ilha.

- Mas tu és um dragão! Não devias ter medo. Além disso, a ilha é muito calma e não há nada a recear. Um dia destes devias fazer-me uma visita. O lado de lá da ilha é muito bonito e além disso eu vivo muito sozinho.

    Terminando a conversa, os dois despediram-se. O dragão nunca mais comeu em demasia.Mas a vinda do feiticeiro tinha sido muito produtiva. Além de ficar sem dores de barriga, ficou a saber que nada havia a temer no resto da ilha. E sempre tinha arranjado um amigo!

    Certo dia nasceu no céu um sol radioso. O dragão pensou que seria uma bela ocasião para ir visitar o seu amigo feiticeiro. E assim fez. Pelo caminho ia ficando admirado com o que ia encontrando. Naquele lado da ilha a vegetação era diferente e teve mesmo de atravessar um riacho!

    Estava quase a chegar quando se lembrou que não tinha nada para oferecer ao seu amigo. Muito atento, pôs-se à procura de algo. Como “quem procura sempre encontra”, levou-lhe um cogumelo muito perfeitinho e bonito.

    À chegada, o feiticeiro veio ao seu encontro.

- Meu querido amigo! Há quanto tempo? Nunca mais teve dores de barriga?

- Ah! Não! Até lhe trouxe um cogumelo.

- Vou já prepará-lo. Assim vamos comê-lo ao lanche. Mas primeiro temos de ver se este cogumelo não é venenoso, porque se fôr e o comermos ficaremos os dois muito doentes. Conversaram longamente, e como escureceu entretanto, o dragão ficou lá a dormir até ao dia seguinte. Depois, é claro, voltou à sua gruta no outro lado da ilha. Mas já estava combinado. Quando pudesse, o feiticeiro ia vê-lo. Nada como um bom amigo para as ocasiões, não é verdade?

    E não te esqueças: se procurares, encontrarás!

 

Anabela Baptista

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